segunda-feira, 21 de abril de 2014

As armadilhas das redes sociais

Especialistas analisam o comportamento de quem se expões no mundo virtual, como o jovem bacharel em direito que navegou recentemente pela internet rasgando cédulas de 100 reais 

A relação da super exposição nas mídias com a carência do “bicho-homem” é motivo de discussão entre psicólogos. A sociedade, desde que ganhou voz com o advento dos portais de internet e, mais recentemente, com os aplicativos de integração social que incluem desde aqueles para análise do antigo namorado aos que viabilizam a marcação de encontros com viés sexual, passou a encontrar nas mídias sociais um mundo paralelo, no qual tudo é permitido. As consequências, porém, parecem ser esquecidas.

A popularização da internet, que no Brasil já é consumida por mais de 100 milhões de brasileiros e, consequentemente, o surgimento das redes sociais, trouxe consigo autonomia e independência para a grande massa a partir dos anos 2000, com o hoje renegado Orkut. A partir dali, todos aqueles dispostos a criar um avatar, com a melhor foto e aprimorada descrição de si próprio, passaram a ter voz. O Facebook transpôs as fronteiras dos Estados Unidos e ganhou o mundo, colocando em contato velhos amigos e familiares moradores de cidades diferentes. O lado negativo, porém, surgiu com a exposição demasiada de pensamentos, fotografias e vídeos.

“A proporção do que é publicado é muito maior do que se imagina. E muita gente não tem consciência disso”, advertiu o consultor em Marketing para Internet, Glebe Duarte. A advertência tem relação com o perfil de muitos usuários das redes sociais, que podem usar qualquer fotografia, vídeo ou declaração contra quem postou. Para Glebe Duarte, as redes sociais, para a maioria das pessoas, se tornou um mecanismo de busca de consolo para a carência, cujo número de “curtidas e comentários” em determinada atividade expõe o quão querida, ou não, a pessoa é. “Tudo é reflexo da carência da raça humana”, comentou.

Entretanto, as pessoas não devem se abster das publicações, ressaltou Glebe Duarte. É preciso que haja uma análise prévia do quão importante a exteriorização de uma opinião, a publicação de um vídeo ou imagem é. “Tudo depende do tipo de informação que se publica. Minha postagem é necessária? Será útil para outras pessoas? São questionamentos que devem ser feitos antes da postagem. É preciso filtrar”, enfatizou Glebe Duarte.

A filtragem deve ocorrer justamente em decorrência dos riscos. E estes não se restringem aos portais de relacionamento, mas também aos aplicativos desenvolvidos para Smartphones. O Whatsapp, uma ferramenta de comunicação de texto, imagem e vídeo se transformou, em muitos casos, num reduto de escambo pornográfico, independente se do grupo de contatos façam parte apenas homens ou mulheres. “Não existe a necessidade de postar determinadas coisas. Se você não quer que seja visto, não publique. A internet não esquece nada”, comentou o consultor.

E foi através da rede mundial de computadores que alguns episódios ganharam notoriedade no Rio Grande do Norte. A jornalista potiguar Micheline Borges, em agosto do ano passado, comparou as médicas cubanas vindas para o Brasil através do Programa Mais Médico às empregadas domésticas que, segundo ela, são mal vestidas e descabeladas. O caso ganhou notoriedade nacional e o perfil do facebook de Micheline Borges foi excluído minutos após a postagem.

O desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Dilermando Motta, responde a um processo administrativo preliminar após ter sido filmado humilhando um garçom e dando voz de prisão a um homem que saiu em defesa do trabalhador numa padaria da Zona Sul de Natal. A opinião pública se voltou contra o desembargador após a publicação do vídeo nas redes sociais. “Quanto mais elevada for a posição social, maior será a repercussão, na sociedade, de uma atitude inconsequente. Nós estamos na era da exposição. É um Big Brother que não acaba nunca”, avaliou Glebe Duarte.


DO NOVO JORNAL

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