segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Comportamento feminino >> Blogueiras incentivam mulheres a assumirem cachos nos cabelos

Mariana Gandarela e Jéssica Resende visam quebrar a "ditadura da chapinha"Mariana Gandarela e Jéssica Resende visam quebrar a "ditadura da chapinha"Na sociedade em geral, um cabelo bem arrumado, bem tratado, sempre é visto como um importante símbolo de beleza e vaidade. Homens e mulheres investem pesado em salões de beleza e com produtos que melhorem o trato das madeixas.

Os diferentes tipos de cabelos e o visual que eles proporcionam aos seus donos até hoje são alvo de algumas polêmicas, e até mesmo de preconceito. A chamada "ditadura da chapinha", que se destaca por ser um padrão de beleza onde o cabelo liso é tido como superior, ainda é um mantenedor de muitas destas inconveniências para quem não pretende negar seu cabelo natural, ou se render à ditadura.

Diante desta realidade, Mariana Gandarela e Jéssica Resende, duas blogueiras mossoroenses, resolveram falar sobre o assunto através de uma página na internet, o blog "Encaracoladas com amor", e mostrar para homens e mulheres que suas madeixas encaracoladas precisam ser respeitadas. As duas fizeram do cabelo um importante estandarte para a luta contra o preconceito e a padronização da beleza.

"A ideia do blog é ajudar, ser um start, para as pessoas que querem usar o cabelo cacheado, mas se sentem coibidas a não fazer isso. Por mais que muitas vezes isso não seja claro, há um preconceito por quem usa seus cachos naturalmente, tem-se o pensamento de que é desleixo, falta de cuidado ou higiene, o que é um absurdo", comenta Mariana Gandarela.

Elas explicam que semanalmente escrevem na rede sobre formas de cuidar e tratar as madeixas, mas sem esquecer da principal proposta do blog, que é incentivar as pessoas a não seguir um padrão de beleza datado e imposto pela sociedade. "Já estamos inclusive com um canal de vídeos na internet, que divulga conselhos e bate-papos com as pessoas sobre seu estilo de cabelo, e as dificuldades vivenciadas todos os dias", explicam elas.

As blogueiras comentam que o visual “black” e os cachos em si têm ganhado cada vez mais espaço entre os jovens, mas que ainda assim é visto como algo marginal ou desleixado. "Lutamos contra um padrão de beleza imposto pela mídia, que é europeu e que faz com que milhares de pessoas vivam em salões lutando para esconder o que é natural nelas", concluem as blogueiras.

Blogueiras comentam diversos casos de preconceito contra cabelos cacheados
A estudante universitária Rafaella Caldas, dona de volumosas e cacheadas madeixas, comenta que não tem vergonha nenhuma de esconder seu estilo e seus cabelos naturais. Ela conta que por várias vezes já foi abordada por pessoas próximas, que questionavam o porquê de manter os cabelos em estado natural.

As pessoas já me procuraram para me avisar que um cabelo daquele não é 'adequado' para eu estagiar, por exemplo. Isso reflete um caráter muito grande de opressão e preconceito para com quem tem um cabelo que foge das expectativas que a sociedade tem", comenta a estudante, que resolveu assumir os cachos mesmo com os comentários e olhares de desaprovação de muitas pessoas.

Para Jéssica Resende, o preconceito com seu cabelo foi para além de piadas e chacotas entre colegas, o que lhe deu ainda mais fôlego para atuar em seu blog. Ela diz que já foi vítima de comparações racistas por ser uma mulher de pele branca e cabelo cacheado.

"Já chegaram a me perguntar: - "Como assim. Você é branca e tem cabelo de preto? " - "o que mostra o total caráter racista destas afirmações. Vivemos em um país miscigenado, onde as misturas raciais permitiram que tivéssemos os mais diversos estereótipos. 50% das mulheres no Brasil têm cabelos cacheados, e isso prova como o preconceito é sem sentido", desabafa Jéssica.

Mariana Gandarela é enfática e afirma: "Nosso tipo de cabelo é diferente, ele tem toda uma estrutura própria, tem frizz mesmo, tem fios mais grossos sim, e isso não é vergonha ou demérito. Queremos que as pessoas se aceitem como são e não deem espaço para a ‘ditadura da chapinha’, da escova, os dos tratamentos químicos. Que as pessoas se aceitem como são naturalmente".

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