segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Saúde >> Redução de sal nos alimentos não deverá afetar setor salineiro da região

Ministério da Saúde pretende reduzir 28 mil toneladas de sódio nos alimentos industrializados até 2020Ministério da Saúde pretende reduzir 28 mil toneladas de sódio nos alimentos industrializados até 2020O Ministério da Saúde (MS) pretende reduzir 28 mil toneladas de sódio nos alimentos industrializados no país até o ano de 2020. O sal é, atualmente, visto como um verdadeiro vilão à saúde e, à primeira vista, a medida poderia trazer impactos negativos à industria salineira.

Entretanto, representantes do setor no Rio Grande do Norte, responsável por 94,01% de toda a produção de sal no Brasil, afirmam que tem participado da campanha pela saúde e que a produção não deverá sofrer abalos.

"Somos parceiros do Ministério da Saúde, temos conversado bastante e tentado fazer parte do processo de mudança. Estamos reduzindo a quantidade de sódio do sal, que é o elemento apontado como mais nocivo se consumido em excesso, e temos estudando a fortificação do sal a partir da adição de flúor e Vitamina A", conta o presidente do Sindicato das Indústrias de Moagem e Refino de Sal do Rio Grande do Norte (Simorsal), Renato Fernandes.

O sal utilizado na indústria alimentícia é comprado diretamente das salinas. De acordo com o presidente, das 5,4 mil toneladas de sal produzidas no Estado no ano passado, 600 mil toneladas, o que representa 11% do total, foram destinadas à indústria de alimentos. Já o sal direto para consumo, tido como "sal de cozinha", foi responsável pela demanda de 500 mil toneladas.

Mesmo diante de certa aversão ao sal, ele é indispensável ao organismo, pois é a principal fonte de sódio da dieta humana. O sódio ajuda a prevenir o surgimento de doenças como bócio, cretinismo, surdez, retardo mental e até abortos. Contudo, se consumido em excesso pode trazer malefícios ao sistema cardiovascular, pois aumenta a pressão arterial e a retenção de líquidos no corpo.

A medida de redução do sódio segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é fruto de acordo entre o MS e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia). Ao todo, foram firmados quatro acordos de cooperação para a redução de sódio em 16 categorias de alimentos, que representam 90% dos itens industrializados no país. Com os acordos, o ministro da Saúde, Artur Chioro, disse que espera reduzir as mortes por acidente vascular cerebral em 15% e os óbitos por infarto em 10%.

Entre os anos de 2011 e 2012, foi reduzido quase 11% o sódio presente na bisnaguinha e no pão de fôrma, e de mais de 15% no macarrão instantâneo. Até o final deste ano, a redução deverá crescer para 1,8 mil toneladas.

Sindicato reforça múltiplas utilidades do sal
Segundo o presidente do Simorsal, Renato Fernandes, o setor salineiro também não deverá sofrer impactos negativos devido à redução de sódio nos alimentos devido ao seu amplo uso nos mais diversos setores industriais. Ele disse que as múltiplas utilidades do sal não permitem que o produto passe por "baixa" nas vendas.

"O sal produzido no RN é um dos mais puros do mundo, com 99,88% de pureza. Muitas pessoas não sabem, mas o sal é usado em mais de 14 mil processos industriais, dos produtos cosméticos e tecidos até borrachas de pneus e produtos para conter vazamentos de petróleo. O sal está presente em praticamente 80% do que nos rodeia", disse.

Um dos principais produtos de exportação do Estado e produzido no RN desde o ano de 1605, o sal é responsável direto pelo sustento de milhares de famílias potiguares. Contudo, Renato Fernandes conta que o produto não tem recebido o valor equivalente à sua importância.

"O que me entristece é ver que o sal é um produto tão importante e, mesmo assim, nós não temos um curso de engenharia voltado para o ramo em Mossoró, cidade que mais produz no país. Quando queremos melhorar alguma tecnologia ou qualidade, o próprio setor tem que produzi-la, sem apoio do meio acadêmico-científico", disse.

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