domingo, 1 de março de 2015

Referência >> Líder socialista espanhol busca em Lula uma inspiração contra a crise


Sánchez reuniu-se em São Paulo com empresários espanhóis e com o ex-presidente, que ele considera “referência da boa política”

O socialista destacou a importância de “ter líderes políticos que apostem na economia justa, na criação de bons empregos e na construção de um país com uma classe média trabalhadora forte e sólida”. “Isso também é o que quero para a Espanha”, afirmou, “que se reduzam as desigualdades sociais, que se aposte em uma economia inclusiva, uma economia justa, e que se criem bons empregos”.
Entre 2003 e 2010, durante os dois Governos de Lula, o Brasil cresceu uma média de 4% ao ano apesar das crises da Europa e dos EUA. Graças às exportações, ao crédito fácil, ao baixo nível de desemprego e às medidas sociais do Governo do Partido dos Trabalhadores (PT), o país viveu um boom econômico que beneficiou mais de 30 milhões de brasileiros, que pela primeira vez trabalharam fora da economia informal, com salários mais dignos e programas sociais.
Depois da reunião com Lula, Sánchez almoçou com uma dezena de empresários espanhóis para transmitir-lhes as propostas econômicas do PSOE mas, principalmente, para “conhecer as sensações, as possibilidades e as oportunidades que as empresas espanholas têm no Brasil”. Entre os convidados havia representantes da Iberia, Gás Natural, Telefônica e Iberdrola. Depois, Sánchez se reuniu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).Aqueles anos de bonança contrastam com o segundo mandato de Dilma Rousseff, que procura antídotos ao crescimento negativo que se espera em 2015 e tenta recuperar a confiança dos investidores e empresários aplicando duros ajustes fiscais. E ainda mais com a situação da Europa, que Lula e Sánchez também analisaram. “Conversamos sobre a crise econômica que temos de resolver e sobre a necessidade de termos politicas de investimento público que efetivamente criem emprego”, resumiu o espanhol.
A visita de Sánchez ao Brasil é rápida, mas simbólica. As relações do Governo do PP com o Executivo do Partido dos Trabalhadores são frias e um dos últimos exemplos foi a posse de Dilma Rousseff, no dia 1º de janeiro, à qual a Espanha enviou a menor delegação (apenas o embaixador Manuel de la Cámara) à cerimônia de investidura de um presidente ibero-americano nos últimos anos. Embora o Governo tenha justificado a decisão pelo fato de tratar-se de uma reeleição e não de um primeiro mandato, o certo é que até sua coroação, em junho do ano passado, dom Felipe ia a essas cerimônias na América Latina. O próprio Mariano Rajoy foi, em julho, à posse do panamenho Juan Carlos Varela, e o rei Juan Carlos assistiu em agosto, depois de abdicar, à posse do colombiano Juan Manuel Santos. Ele, como Dilma Rousseff, iniciava seu segundo mandato. A última viagem oficial de Rajoy ao Brasil foi em 2012.
Pedro Sánchez insistiu no interesse do PSOE em “estreitar os laços com os partidos irmãos na América Latina” e reconheceu que é fundamental que o Governo espanhol tenha as relações “mais próximas possíveis” com o país. O Brasil é o segundo destino de investimentos da Espanha no exterior, depois do Reino Unido, com mais de 85,3 bilhões de dólares acumulados (cerca de 242,5 bilhões de reais). Por seu lado, a Espanha é o terceiro investidor direto no Brasil, atrás dos Países Baixos e dos EUA.
Fonte: http://brasil.elpais.com/

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