quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dilma fala em reajuste maior para o mínimo e Bolsa Família

ESPECIAL
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Em sua primeira entrevista coletiva, a presidente eleita, Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira (3) que está avaliando uma "compensação" que dê ao salário mínimo um reajuste maior do que o que está previsto nas regras utilizadas nos projetos do Orçamento desde 2006. É que houve queda do Produto Interno Bruto em 2009. A variação do PIB é um dos índices que compõem o reajuste do mínimo.
Para 2011, o valor do salário mínimo previsto até agora é de R$ 538,15. De acordo com o relator-geral do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF), a discussão para definir o valor entra em fase decisiva nesta semana.

 Da Redação / Agência Senado

Três mitos sobre a eleição de Dilma


Por Marcos Coimbra*,
Na CartaCapital

Enquanto o País vai se acostumando à vitória de Dilma Rousseff, uma nova batalha começa. Nem é preciso sublinhar quão relevante, objetivamente, é o fato de ela ter vencido a eleição, nas condições em que aconteceu. Ela é a presidente do Brasil e, contra este fato, não há argumentos.
Sim e não. Porque, na política, nem sempre os fatos e as versões coincidem. E as coisas que se dizem a respeito deles nos levam a percebê-los de maneiras muito diferentes.
Nenhuma versão muda o resultado, mas pode fazer com que o interpretemos de forma equivocada. Como consequência, a reduzir seu significado e lhe diminuir a importância. É nesse sentido que cabe falar em nova batalha, que se trava em torno dos porquês e de como chegamos a ele.
Para entender a eleição de Dilma, é preciso evitar três erros, muito comuns na versão que as oposições (seja por meio de suas lideranças políticas, seja por seus jornalistas ou intelectuais) formularam a respeito da candidatura do PT desde quando foi lançada. E é voltando a usá-los que se começa a construir uma versão a respeito do resultado, como estamos vendo na reação da mídia e dos "especialistas" desde a noite de domingo.
O "economicismo"O primeiro erro a respeito da eleição de Dilma é o mais singelo. Consiste em explicá-la pelo velho bordão "é a economia, estúpido!".
É impressionante o curso que tem, no Brasil, a expressão cunhada por James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, quando quis deixar clara a ênfase que propunha para o discurso de seu cliente nas eleições norte-americanas de 1992. Como o país estava mal e o eleitorado andava insatisfeito com a economia, parecia evidente que nela deveria estar o foco do candidato da oposição.
Era uma frase boa naquele momento, mas só naquele. Na sucessão de Clinton, por exemplo, a economia estava bem, mas Al Gore, o candidato democrata, perdeu, prejudicado pelo desgaste do presidente que saía. Ou seja, nem sempre "é a economia, estúpido!".
Aqui, as pessoas costumam citar a frase como se fosse uma verdade absoluta e a raciocinar com ela a todo momento. Como nas eleições que concluímos, ao discutir a candidatura Dilma.
É outra maneira de dizer que os eleitores votaram nela "com o bolso". Como se nada mais importasse. Satisfeitos com a economia, não pensaram em mais nada. Foi o bolso que mandou.
Esse reducionismo está equivocado. Quem acompanhou o processo de decisão do eleitorado viu que o voto não foi unidimensional. As pessoas, na sua imensa maioria, votaram com a cabeça, o coração e, sim, o bolso, mas este apenas como um elemento complementar da decisão. Nunca como o único critério (ou o mais importante).
A "segmentação"O segundo erro está na suposição de que as eleições mostraram que o eleitorado brasileiro está segmentado por clivagens regionais e de classe. Tipicamente, a tese é de que os pobres, analfabetos, moradores de cidades pequenas, de estados atrasados, votaram em Dilma, enquanto ricos, educados, moradores de cidades grandes e de estados modernos, em Serra.
Ainda não temos o mapa exato da votação, com detalhe suficiente para testar a hipótese. Mas há um vasto acervo de pesquisas de intenção de voto que ajuda.
Por mais que se tenha tentado, no começo do processo eleitoral, sugerir que a eleição seria travada entre "dois Brasis", opondo, grosso modo, Sul e Sudeste contra Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os dados nunca disseram isso. Salvo no Nordeste, as distâncias entre eles, nas demais regiões, nunca foram grandes.
Também não é verdade que Dilma foi "eleita pelos pobres". Ou afirmar que Serra era o "candidato dos ricos". Ambos tinham eleitores em todos os segmentos socioeconômicos, embora pudessem ter presenças maiores em alguns do que em outros.
As diferenças no comportamento eleitoral dos brasileiros dependem mais de segmentações de opinião que de determinações materiais. Em outras palavras, há tucanos pobres e ricos, no Norte e no Sul, com alta e com baixa escolaridade. Assim como há petistas em todas as faixas e nichos de nossa sociedade.
Dilma venceu porque ganhou no conjunto do Brasil, e não em razão de um segmento.
O "paternalismo"O terceiro erro é interpretar a vitória de Dilma como decorrência do "paternalismo" e do "assistencialismo". Tipicamente, como pensam alguns, como fruto do Bolsa Família. Contrariando todas as evidências, há muita gente que acha isso na imprensa oposicionista e na classe média antilulista. São os que creem que Lula comprou o povo com meia dúzia de benefícios.
As pesquisas sempre mostraram que esse argumento não se sustenta. Dilma tinha, proporcionalmente, mais votos que Serra entre os beneficiários do programa, mas apenas um pouco mais que seu oponente. Ou seja: as pessoas que tinham direito a ele escolheram em quem votar de maneira muito parecida à dos demais eleitores. Em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, os candidatos do PSDB aos governos estaduais foram eleitos com o voto delas.
Os três erros têm o mesmo fundamento: uma profunda desconfiança na capacidade do povo. É o velho preconceito de que o "povo não sabe votar" que está por trás do reducionismo de quem acha que foi a barriga cheia que elegeu Dilma. Ou do argumento de que foram o atraso e a ignorância da maioria que fizeram com que ela vencesse. Ou de quem supõe que a pessoa que recebe o benefício de um programa público se escraviza.
É preciso enfrentar essa nova batalha. Se não, ficaremos com a versão dos perdedores.
(*) Sociólogo, é presidente do Instituto Vox Populi

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Serra venceu em apenas 77 cidades do Nordeste. No RN, venceu em 19 cidades

O candidato a Presidência da República, José Serra, só conseguiu vencer em 77 dos 1.787 municipios dos Nordeste. No Rio Grande do Norte, ele venceu em 19 cidades. No estado do Ceará ele ganhou apenas em uma: Viçosa do Ceará. E nos estados de Pernambuco e Maranhão, Serra perdeu em todas as cidades.

FONTE: pontodepauta.com

A imprensa perdeu


Por Luciano Martins Costa em 1/11/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 1/11/2010
Os principais jornais do país anunciam a vitória da candidata petista Dilma Rousseff como a última obra do presidente Lula da Silva.
O Estado de S.Paulo é o mais explícito: "A vitória de Lula", diz a manchete. O Globo se arrisca em adivinhações: "Lula elege Dilma e aliados já articulam sua volta em 2014", diz o jornal carioca. A intenção é claramente minimizar o cacife político da presidente eleita. Já a Folha de S.Paulo destaca o fato de o Brasil ter escolhido a primeira mulher "e primeira ex-guerrilheira" para a Presidência da República.
Lendo as edições do domingo e de segunda-feira (1/11), alguém que estivesse desembarcando no Brasil depois de três meses de viagem nem chegaria a desconfiar que a imprensa havia sido, até a véspera, protagonista das mais ativas na campanha eleitoral.
Desejo manifesto
Os jornais inauguram a semana pós-eleitoral com cara de jornais, não dos panfletos em que se transformaram nos últimos meses. Cada um conforme seus recursos, os diários tentam interpretar a vontade das urnas e adivinhar o que virá a ser o futuro governo. No entanto, alguns pontos em comum podem ser ressaltados.
A chamada grande imprensa procura afirmar que a oposição, apesar de derrotada na eleição principal, cresceu em número de eleitores, mesmo perdendo na maioria dos estados. A maioria feita pela candidata governista no Congresso Nacional seria equilibrada pela eleição de governadores oposicionistas nos estados mais populosos, segundo interpretam os jornais.
Como sempre, o viés ideológico direciona as escolhas da imprensa, que perdeu a disposição para arriscar opiniões fora da sua própria caixinha de convicções. Basta lembrar como foi a manada de adesões ao governo central nas duas eleições do presidente Lula da Silva para colocar em dúvida as afirmações dos jornais sobre a suposta solidez do bloco oposicionista.
Com o histórico do adesismo que marca a República desde a redemocratização, parece arriscado demais apostar em configurações de forças políticas com base no resultado quente das urnas. No caso, essas análises representam muito mais a manifestação dos desejos da imprensa, de não parecer assim tão derrotada pela realidade da votação, do que a expressão de uma visão realista do resultado eleitoral.
Dissimulando a derrota
Os jornais citam o desgaste que foi produzido nas bases da oposição por conta de divergências entre o candidato derrotado José Serra e o senador eleito de Minas Gerais Aécio Neves, considerado por analistas do próprio PSDB como o grande trunfo desperdiçado pela campanha oposicionista. Sobram indícios de que os dois personagens criaram um fosso intransponível entre si, e que daqui para frente a consolidação da carreira de Aécio Neves implica a diminuição do papel a ser exercido por Serra.
Some-se a isso o fato de que Serra também tem divergências com o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, para se construir uma análise muito menos animadora sobre o seu futuro como líder da oposição. Além disso, ainda resta dentro do armário o esqueleto do suposto dossiê que teria sido montado no período da escolha do candidato do PSDB, e que teve como objetos de bisbilhotices pessoas ligadas a José Serra.
Serra perdeu em Minas Gerais e ninguém sabe quanto desses votos foram para a candidata oposicionista como vingança dos mineiros pela maneira como ele passou por cima das ambições políticas de Aécio Neves. A imprensa também destaca que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anda fazendo planos para se descolar de seus padrinhos políticos e prepara o lançamento de um novo partido, montado com os restos da liderança do peemedebista Orestes Quércia no estado.
Assim, em poucas linhas, pode-se observar que os principais jornais do país, que tiveram praticamente todo o final de semana para preparar suas análises pós-eleitorais, perderam a oportunidade de surpreender o eleitor explorando as amplas possibilidades que se armam nas relações políticas com a vitória de uma candidata que nunca havia disputado uma eleição, cuja biografia tinha tudo para reduzir suas chances de vitória – dado o conhecido conservadorismo da imprensa e de grande parte do eleitorado – e que foi vítima de uma campanha sórdida e preconceituosa. Não há como dissimular o papel da imprensa tradicional no jogo sujo que termina. Também fica difícil disfarçar o ressentimento da imprensa com o resultado das urnas. Não há análise, por mais que se pretenda distanciada, que esconda o fato de que a imprensa tradicional foi fragorosamente derrotada nestas eleições

Do Blog DESABAFO BRASIL.

Charge Online do Bessinha

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O pós-Lula é Dilma


Carta Maior
- Terça-Feira, 02 de Novembro de 2010

Os brasileiros decidiram que depois do Lula querem a continuação e o aprofundamento do seu governo. Preferiram a Dilma – a coordenadora e responsável central pelo desempenho ascendente dos últimos 5 anos do governo, que desemboca no recorde de 83% de apoio e 3% de rejeição – para sucedê-lo.

O dilema colocado pelas eleições brasileiras era a definição sobre se o governo Lula seria um parênteses na longa história de dominação das elites no país ou se se constitui numa ponte para sair definitivamente do modelo
herdado e construir um Brasil solidário, justo e soberano.

Triunfou esta via, pelo voto majoritário dos brasileiros, prioritariamente os dos beneficiários das politicas sociais que caracterizam o governo de Lula: os mais pobres, os que vivem nas regiões tradicionalmente mais pobres – o norte e o nordeste do Brasil.

Foi um voto claramente direcionado pela prioridade do social que caracterizou centralmente o governo Lula. No país mais desigual do continente mais desigual, a maior transformação que o Brasil viveu nestes oito anos foi a diminuição da desigualdade, da injustiça, como resultado das políticas sociais do governo. Nunca havia acontecido, seja em democracia ou em ditadura, em ciclos expansivos ou recessivos da economia. Aconteceu agora, de forma contundente, transferindo para o centro da pirâmide de grupos na distribuição de renda, a maioria dos brasileiros.

Esse foi o fator decisivo para que, mesmo tendo praticamente toda a imprensa, em bloco, militantemente, contra seu governo e sua candidata, Lula e Dilma saíram vencedores.

A oposição, derrotada na comparação dos dois governos, buscou um atalho para chegar por outra via aos setores da população: a questão do aborto, valendo-se dos preconceitos reinantes e da ação de religiosos.

Conseguiram um sucesso efêmero, que levou a eleição para o segundo turno, mas uma vez que a politica voltou ao centro da campanha, a comparação entre os dois governos e a condenação das privatizações levaram à vitória da Dilma.

Que representa não apenas a eleição da primeira mulher presidente da república, mas também de uma militante da resistência contra a ditadura, presa e torturada pelo regime militar. Que representa o primeiro presidente que consegue eleger seu sucessor.

Depois da reeleição de Evo Morales e de Pepe Mujica sucedendo a Tabaré Vazquez, o Brasil se soma ao grupo de países que reafirmam o caminho da integração regional e não do TLC com os EUA, da prioridade das politicas sociais em relação ao ajuste fiscal, com Dilma sucedendo a Lula.

O povo brasileiro decidiu, em meio a fortes pressões do monopólio privado da mídia e de forças obscurantistas, que o pós-Lula terá na presidência do Brasil aquela que Lula escolheu para sucedê-lo, para continuar e aprofundar as transformações que tem feito o Brasil ser um país mais justo, solidário e soberano.

*Emir Sader. Sociólogo e cientista político..

82 anos antes de Dilma, Alzira Soriano abriu espaço feminino no Executivo

Em 1928, Alzira foi eleita prefeita no RN, a primeira da América Latina.

Confira histórico das primeiras mulheres no comando da política nacional.

Marília Juste e Mirella Nascimento Do G1, em São Paulo
Alzira Soriano, a primeira mulher eleita para um cargo executivo no país 
Alzira Soriano, a primeira mulher eleita para um
cargo executivo no país (Foto: Arquivo Pessoal)
Mais de 80 anos antes de Dilma Rousseff ser eleita a primeira mulher presidente do Brasil, Alzira Soriano foi a primeira escolhida pelo povo para um cargo executivo no país – quando mulheres nem sequer tinham o direito de votar. Em 1928, Alzira, viúva e mãe de três filhas, conquistou 60% dos votos e em 1º de janeiro do ano seguinte foi empossada prefeita de Lajes, no Rio de Grande do Norte. Foi a primeira mulher da América Latina a assumir o governo de uma cidade, segundo notícia publicada na época pelo jornal americano “The New York Times”.
A distância no tempo não é apenas grande entre Alzira e Dilma, mas entre ela e todas as outras mulheres que assumiram cargos executivos no país. A primeira prefeita de uma capital, Maria Luiza Fontenele, de Fortaleza, tomou posse 57 anos depois de Alzira, em 1986. A primeira governadora, Iolanda Fleming, do Acre, em maio do mesmo ano. A primeira prefeita da maior cidade do país, Luiza Erundina, em 1989.
Além de uma bisneta de Alzira, Maria Luiza Fontenele, Iolanda Fleming, Luiza Erundina e duas cientistas políticas conversaram com o G1 e deram suas avaliações sobre o papel das mulheres brasileiras no Executivo.
“Alzira foi uma mulher à frente de seu tempo, que empurrou a história do país para frente”, diz Erundina, que atualmente é deputada federal. “Toda a evolução da participação da mulher na política brasileira nasce com a ousadia dela”, afirma.
A bisneta da primeira prefeita, a médica Lana Patrícia, de 40 anos, não chegou a conhecê-la pessoalmente, mas sabe bem as histórias sobre a personalidade da primeira prefeita. “Ela não levava desaforo para casa. Era uma mulher muito rígida, muito séria, que comandava com respeito”, conta.
“Depois de prefeita, ela ainda foi eleita vereadora. Não era o comum da época, mas ela não se importava com nada disso”, diz Lana. A família guarda as históricas fotos de Alzira Soriano. Em uma delas, a prefeita aparece em meio ao seu gabinete formado exclusivamente de homens.
Alzira Soriano em seu gabinete no governo de Lajes 
Alzira Soriano em seu gabinete no governo de Lajes (Foto: Arquivo Pessoal)

Alzira ficou apenas um ano no cargo, pelo então Partido Republicano. Em 1930, descontente com a eleição de Getúlio Vargas, ela deixou a função. Apenas dois anos depois disso, em 1932, mulheres conquistariam o direito de votar.

“O voto feminino no Brasil foi conseguido muito tardiamente”, avalia a cientista política Jussara Prá, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Mesmo depois dessa conquista, a restrição ao voto dos analfabetos limitou muito o voto das mulheres – que, em sua maioria, não estudavam. A participação das mulheres cresceu depois dos anos 70”, explica.
Nota no jornal americano 'New York Times' sobre a eleição de Alzira Soriano 
Nota no jornal americano 'New York Times'
sobre a eleição de Alzira Soriano
(Foto: Reprodução/NYT)
E mesmo após os anos 1970, segundo ela, o voto da mulher era marcado pelo conservadorismo e pela resistência a apostar em algo novo. “Ainda hoje há essa cultura de que mulher não vota em mulher e que política é assunto de homem. Temos muitos casos de representantes ligadas a características masculinas – com o traço da cultura política, que é masculina”, afirma Jussara Prá.
Para Maria Luiza Fontenele, primeira prefeita de uma capital, pelo PT, a experiência rendeu apenas desilusão. Oriunda do movimento estudantil e de organizações feministas, ela conta que mudou sua visão da política após a passagem pela prefeitura de Fortaleza, marcada por intensas greves e protestos violentos.

“Descobri que não adiantava apenas ser honesta e querer o melhor para o povo, porque a lógica do sistema é contrária a isso”, afirma. “A experiência da prefeitura me ajudou a perceber que as coisas não mudavam não porque nós, mulheres, não tínhamos poder. Não era questão de ter poder”, afirma.
Maria Luiza deixou a política e hoje participa de um grupo chamado “Crítica Radical”, que prega “uma nova força de organização das relações humanas.” Para ela, a eleição de Dilma Rousseff tem “pouco impacto.” “Achar que uma mulher no Brasil, como um negro nos Estados Unidos, vá mudar alguma coisa é ingenuidade,” diz.
(Arte/G1)
Para a primeira mulher a tomar posse de um governo estadual, no entanto, a avaliação é diferente. Iolanda Fleming, do PTB, foi eleita vice-governadora do Acre em 1983. Quando o governador Nabor Júnior deixou o cargo em 1986 para disputar o Senado, ela se tornou a primeira mulher a governar um estado brasileiro – mais tarde, em 1995, Roseana Sarney, do Maranhão, se tornou a primeira governadora eleita do país.
“Enfrentei dificuldades e, não vou mentir, preconceito”, conta. “Mas tive o apoio bem próximo do movimento feminista e conseguimos superar o atraso na mentalidade de alguns para fazer um bom governo”, afirma.
A ex-prefeita Luiza Erundina também revela preconceito – um “preconceito triplo”. “Somam-se em mim várias características: eu sou mulher, nordestina e de esquerda”, conta. “Tudo isso dificultava as pessoas a enxergarem o momento histórico que era ter uma mulher na prefeitura de São Paulo”, conta a deputada reeleita em 2010, agora no PSB.
Erundina afirma que sofreu com o machismo até mesmo dentro de seu então partido, o PT. “Os dirigentes do partido não esperavam que eu vencesse a prévia. Depois, que eu vencesse a eleição. Foi um momento complicado”, afirma.
Para ela, o PT e a sociedade brasileira evoluíram muito até a eleição de Dilma Rousseff. “Vão aí 20 anos e 20 anos de muitas mudanças. Mas ainda assim é um processo lento. Se você vir a eleição da Alzira até hoje, são 82 anos”, conta.
A cientista política Maria do Socorro Souza Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), concorda. “O Brasil demorou muito para levar uma mulher à presidência. Argentina, Chile, Nicarágua fizeram isso antes. Nesses 80 anos, o país se modernizou em muitas áreas, mas essa questão demorou.”
Dilma Rousseff 
Dilma Rousseff, a primeira presidente do Brasil
(Foto: Roberto Stuckert Filho)
Erundina comemorou a eleição de Dilma. “É uma mulher presidente e não é qualquer mulher. É uma mulher que tem o histórico, a competência e a responsabilidade de Dilma Rousseff. É um momento muito importante para a história do Brasil e a para a história das mulheres do Brasil”, diz ela.
“É para celebrar. No entanto, não podemos ter a ilusão de que, por isso, as mulheres conquistaram a igualdade. As mulheres ainda são menos de 9% da Câmara dos Deputados e a nossa representação caiu. Na Argentina, as mulheres são 40% da Câmara”, afirma.
Jussara Prá faz a mesma avaliação. “No Brasil, ainda há uma sub-representação da mulher nos cargos políticos”, afirma. “Em países nórdicos, por exemplo, há uma equiparação de homens e mulheres nos órgãos representativos. A Argentina, aqui do lado, é mais avançada com relação a isso. O Brasil é dos mais atrasados”, diz.
Maria do Socorro Braga diz que o governo Dilma será “muito simbólico”. “Por tudo isso, Dilma tem a responsabilidade de mostrar que é capaz. Aos homens, que pode governar como eles e às mulheres de que outras também podem. Será um exemplo para as próximas que virão”, afirma.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A VERDADE VENCEU A MENTIRA!!!

No RN Dilma vence em 148 municípios

A presidente eleita, Dilma Rousseff, venceu o pleito no âmbito do Rio Grande do Norte com 59,54% (979.772) das intenções do eleitorado contra 40,46% (665.726) do candidato José Serra, do PSDB – uma maioria de 314.046 votos. No Estado, 2,46% dos eleitores optaram pelo voto em branco, enquanto que 4,56% se decidiram pela anulação. A abstenção foi de 21,55%. Dilma Rousseff venceu em 148 dos 167 municípios potiguares. José Serra obteve êxito em 19, incluindo-se a capital, onde a petista havia vencido no primeiro turno.  A derrota da representante do PT em Natal se deu após a adesão da prefeita Micarla de Sousa (PV), que apoiou Marina Silva (PV) na primeira fase.
As principais lideranças políticas do Rio Grande do Norte, em geral, não conseguiram transferir para os aliados os votos somados no primeiro turno. Além de Natal, que deu a Dilma Rousseff a mais substancial derrota do estado em termos absolutos – José Serra somou 13.461 votos a mais – a  governadora eleita, Rosalba Ciarlini (DEM), também viu o seu candidato com uma votação inexpressiva em Mossoró, seu principal reduto eleitoral, sobretudo se for o caso de comprar a expressiva votação da democrata na eleição para o governo.
Mossoró deu a José Serra apenas 39% (46.701) dos votos válidos, enquanto Dilma alcançou 61% (73.046) da preferência do eleitorado. O município natal do vice-governador eleito, Robinson Faria (PMN), Monte Alegre, também deu ao candidato tucano – Robinson apoiou Rousseff – maioria dos votos com o percentual de 55,89%.
A região do Alto Oeste deu à ex-ministra da Casa Civil do governo Lula da Silva, em termos percentuais, a mais expressiva votação. No município de Água Nova, no Alto Oeste, ela obteve 92,26% do votos, enquanto que José Serra apareceu com 7,34%.
Dilma Rousseff teve ainda a preferência entre os eleitores das nove cidades-pólo do Rio Grande do Norte. Ela ganhou em Pau dos Ferros, Macau, Nova Cruz, Currais Novos, Caicó e Assu, João Câmara.
Entre os municípios da região metropolitana de Natal José Serra se saiu melhor em termos de número de votos absolutos. Além de Monte Alegre, ele venceu ainda em Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. Em número de cidades a vitória maior foi de Dilma, que venceu em Extremoz, Ceará-Mirim, Macaíba, Nísia Floresta e São José de Mipibu.
O município de Parelhas, na região do Seridó, cujo prefeito Francisco Medeiros é do PT no Rio Grande do Norte, reverteu a votação desfavorável do primeiro turno e consolidou a vantagem de Dilma Rousseff  na segunda fase da campanha.
Os petistas comemoraram durante a noite de ontem e  madrugada de hoje na avenida Engenheiro Roberto Freire, em Ponta Negra. No Tribunal Regional Eleitoral (TRE), durante a apuração, militantes do partido já faziam uma pequena aglomeração no pátio montado com telão para acompanhar as parciais do pleito. A prefeita Micarla de Sousa, o senador Garibaldi Alves e os deputados Henrique Alves e João Maia acompanharam a apuração em Brasília, em um hotel reservado para aliados políticos, entre eles o vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB).
Além de Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante, Serra venceu em Barcelona, Boa Saúde, Brejinho, Caiçara do Rio do Vento, Espírito Santo, Galinhos, Goianinha, Jaçanã, Monte Alegre,  Passa e Fica, Rio do Fogo, Ruy Barbosa, São Bento do Trairi,  Senador Georgino Avelino, Serra de São Bento e Vera Cruz.
Em Mossoró, Dilma teve uma maioria de 26.345 votos. Em termos percentuais, a candidata do PT teve 61% dos votos válidos enquanto o candidato da governadora eleita Rosalba Ciarlini somou apenas 39%. Em Parnamirim, Serra já havia ganho no primeiro turno e repetiu a dose no segundo.

Fonte: Tribuna do Norte