“Linguagem coloquial, utilizada na internet, não empobrece o vocabulário de quem a utiliza”, diz professor"O
q vc axa d markamos alguma coisa p/ hje?" (sic). É muito comum se
deparar com expressões escritas dessa forma nas redes de relacionamento
social que a cada dia atrai mais adeptos na rede mundial de
computadores. Palavras abreviadas, frases transcritas muitas vezes da
forma como são pronunciadas na linguagem oral se disseminam por esse
universo virtual, em que a norma culta é "esquecida". Até que ponto a
relação entre a Língua Portuguesa e as redes sociais pode ser
prejudicial?
Para o professor Geraldo de Paula, chefe do Departamento
de Letras Vernáculas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
(Uern), esse novo momento social afeta sim a estrutura da Língua
Portuguesa, mas também traz benefícios. "As redes sociais já fazem parte
da nossa história, é preciso aprender a conviver com essa nova
realidade, resultado da evolução tecnológica, e que de certa forma
contribui para que as pessoas tenham acesso a um número maior de
informações, de leitura", destaca.
Segundo o docente, a simplificação
da Língua ocasionada pelas redes sociais não é o maior problema. "As
mudanças na ortografia foram promovidas justamente com esse objetivo,
simplificar a língua, e acredito que esse processo vai ganhar cada vez
mais forma. O que nós, enquanto professores, devemos fazer em sala de
aula é trabalhar o padrão formal na produção de textos", diz.
Conforme
o professor da Uern, a linguagem coloquial, utilizada com maior
frequência na internet, não empobrece o vocabulário de quem a utiliza,
mas é necessário cuidado e atenção para distinguir em que momentos ela
deve ser utilizada. "Em determinadas situações até enriquece o
repertório, há, por exemplo, obras clássicas escritas a partir da
linguagem informal. Mas é claro que esse uso depende de todo um
contexto", afirma.
Geraldo de Paula revela que a linguística moderna
trabalha com uma variedade muito maior de gêneros, que devem ser
discutidos e trabalhados em sala de aula com os alunos. "O papel da
escola é promover a linguagem culta, já que os estudantes hoje têm
acesso a uma gama de linguagem variada, e é preciso fazer essa
distinção, para que dessa forma o aluno se torne, digamos, poliglota, e
avalie sua capacidade de refletir sobre essa nova realidade", conclui.
Novo acordo ortográfico entrará em vigor em 2016
A
obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico, que deveria ser
implementada de forma integral a partir de 1º de janeiro de 2013, foi
adiada para 2016. A reforma ortográfica altera a grafia de cerca de 0,5%
das palavras em português. Com o adiamento, continuará sendo opcional
usar, por exemplo, o trema e acentos agudos em ditongos abertos como os
das palavras "ideia" e "assembleia".
Além disso, o adiamento de três
anos abre brechas para que novas mudanças sejam propostas. Isso
significa que, embora jornais, livros didáticos e documentos oficiais já
tenham adotado o novo acordo, novas alterações podem ser inseridas ou
até mesmo suspensas.
A decisão do governo teve como objetivo
sincronizar as mudanças com Portugal. O país europeu concordou
oficialmente com a reforma ortográfica, mas ainda resiste em adotá-la.
Assim como o Brasil, Portugal ratificou em 2008 o acordo, mas definiu um
período de transição maior.
Não há sanções para quem desrespeitar a
regra, que é, na prática, apenas uma tentativa de uniformizar a grafia
no Brasil, Portugal, nos países da África e no Timor Leste. A intenção
era facilitar o intercâmbio de obras escritas no idioma entre esses oito
países, além de fortalecer o peso do idioma em organismos
internacionais.
Fonte: Jornal O Mossoroense