domingo, 26 de setembro de 2010

O analfabeto tecnológico

A internet é uma revolução de tal magnitude que ainda não temos a noção exata de suas conseqüências. É alimentada por todos e dirigida a todos. O modo como armazena as informações e as dissemina altera tudo o que sabemos sobre o conceito de comunicação, no tocante a emissores e receptores. Criou uma nova cultura e novos modos de enfocar e interpretar os temas. Sua capacidade de dar suporte às ações solidárias é infinitamente maior de que tudo o que já conhecemos. Os movimentos sociais têm explorado a rede com competência, obtendo excelentes resultados, como bem exemplifica o Fórum Social Mundial.

Mas, com ela surgiu um novo tipo de desigualdade: o analfabeto tecnológico. A separação entre incluídos e excluídos do mundo virtual pesa sobre as sociedades como um fato mais grave do que analfabetismo escolar. Em um mundo cada vez mais tecnológico, a exclusão digital mais do que dificultar o ingresso ao mundo do trabalho, decreta sua exclusão da própria cultura, do modo de vida compartilhado com seus contemporâneos.

E o que fazer com tanta informação? Onde buscar filtros que as tornem inteligíveis? Há uma fonte inesgotável de informações que se movimenta em alta velocidade e requer uma escola capaz de responder a esse novo tempo e seus desafios. As informações virtuais ocupam o lugar da educação? Como transformar as informações em conhecimento?

A revolução tecnológica alterou nossa relação com o tempo e a distância. Já não nos perguntamos quantos km e sim, quanto tempo? A mudança provém do acesso instantâneo próprio das comunicações eletrônicas. Tudo parece carecer de velocidade, o mundo ficou menor, tudo está ao nosso alcance, deixando a sensação de que não somos rápidos o bastante, que não atuamos na velocidade necessária. Esta é, com certeza, a fonte de parte de nossas angústias cotidianas.

No Brasil, estamos a caminho de aprovar o Projeto de Lei 1481/07, do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que altera a Lei 9.998/00, do Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust), para permitir que 75% dos recursos desse Fundo possam ser utilizados para a ampliação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Hoje o Fust só pode ser utilizado para universalizar serviços de telefonia fixa.

Com esses recursos será universalizado o acesso a redes digitais de informação em todas as escolas do Brasil até 2013, da educação básica ao ensino superior, tanto públicas quanto privadas. De acordo com o projeto, cada instituição de ensino deverá ter ao menos um computador com acesso à web para cada 10 alunos em cada turno.

Ainda há muito por fazer para diminuir o índice de exclusão digital do país, mas a aprovação dessa proposta será um grande passo dado para garantir o acesso rápido e barato para milhares de pessoas que ainda não participam dessa sociedade da informação. Para isso, estamos fazendo um esforço concentrado em Brasília a fim de aprovar essa proposta ainda neste mês de junho. Afinal, reduzir o número de analfabetos tecnológicos deve ser uma das principais metas deste século XXI.

Fátima Bezerra PT- RN

Sem comentários:

Enviar um comentário