O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte, coronel Luiz Monteiro da Silva Júnior, afirmou, na noite desta quinta-feira, durante entrevista ao jornalista Alex Viana, no programa Cidade Agora, na 94 FM, que o Estado está preparado para enfrentar um incêndio semelhante ao que ocorreu na madrugada dessa terça-feira, no Centro de São Paulo. Porém, ele admitiu sérios problemas enfrentados pela corporação – “que tem o terceiro menor efetivo do país” – sendo necessárias medidas mitigadoras em eventos adversos.
Segundo ele, os militares potiguares são treinados com as mesmas técnicas utilizadas em outros estados na atuação contra incêndios, mesmo não possuindo estrutura e logística ideal. Hoje, existem apenas 570 bombeiros militares no RN, onde o mínimo deveria ser de 1.065 e o ideal de 3.500. “A estrutura não evoluiu, não teve investimento. Temos só quatro unidades na região metropolitana, onde deveria existir o dobro. Hoje, a gente cobre menos de 0,5% do Estado, com bombeiros somente em Natal, Pau dos Ferros, Caicó, São Gonçalo do Amarante e Mossoró”.
Outra deficiência observada pelo comandante, os equipamentos utilizados hoje em dia na corporação estão obsoletos, com relação aos de estados vizinhos. O número de viaturas também é insuficiente. Segundo Monteiro, deveria existir o dobro. Para se ter uma ideia da deficiência, a escada do caminhão de alta plataforma aérea existente na corporação só tem capacidade para chegar ao 18º andar de um edifício – insuficiente para Natal, que já possui prédio de 40 pavimentos. “Esses prédios precisam estar enquadrados nas normas de segurança, a exemplo do sistema de hidrantes, porque senão a situação se torna grave”.
O Corpo de Bombeiros do RN também não possui cães farejadores (Brec), usados para localizar vítimas sob escombros em estruturas colapsadas. “Cada minuto é valioso e o cão seria uma excelente ferramenta. Tentamos implementar o canil, mas devido à falta de maior investimento tornou-se inviável”, lamentou.
Atualmente, o Corpo de Bombeiros atende a uma média de 440 ocorrências mensais em Natal, onde as mais comuns são a captura de abelha, combates a incêndios urbanos, atendimentos pré-hospitalar (resgate), salvamentos aquáticos e corte de árvores.
Em janeiro passado, o portal de notícias Agora RN publicou matéria mostrando que o RN tinha apenas 60 guarda-vidas para atender cerca de 410 quilômetros de litoral. Para piorar a situação, o comandante Monteiro Júnior, admitiu redução nesse tipo de efetivo especializado em salvamento aquático. “Acabou o verão e tivemos que redistribuir a tropa. Muitos já se aposentaram, estão na reserva. Estamos esperando a conclusão da última etapa do concurso público, que deverá preencher 90 vagas na nossa corporação”.
Com 20 anos de serviço prestado ao Corpo de Bombeiros, o comandante Luiz Monteiro Júnior, tem 43 anos, e chegou a participar, inclusive, do combate ao incêndio na fábrica da Coteminas, em 1999, no município de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, onde é considerado por ele como sendo o maior já registrado até hoje no RN. “Foram mais de 24 horas de enfrentamento. Era muito fardo de algodão, a temperatura estava altíssima. A situação era de estrutura colapsada e ficou tudo ainda mais complicado”, lembrou.
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