segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

BOLSONARO ATACA POVOS INDÍGENAS >> Os índios isolados estão sob ataque!

Vista aérea de uma maloca dos índios Zuruahã, Terra Indígena Zuruahã, Amazonas | Peetsaa - CGIIRC - Funai
A política etnocida de Bolsonaro avançou gravemente semana passada. Um dos ataques à Constituição e aos direitos dos povos indígenas se deu com a nomeação de Ricardo Lopes Dias, um pastor que já atuou junto à seita norte-americana Ethnos 360, anteriormente conhecida como Missão Novas Tribos, para a Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai (CGIIRC). Leia o editorial que publicamos no dia da nomeação.
No Brasil, existem 115 registros destes grupos, 28 deles confirmados. A indicação de um missionário para chefiar a CGIIRC aponta para o retorno de uma política de contato forçado. Quando ela vigorou como política de Estado, nos anos 1970, provocou a morte de milhares de índios por doenças e violências perpetradas pelos próprios agentes de órgãos públicos. Tudo isso pode voltar a acontecer com o retorno do proselitismo religioso forçado. Saiba aqui o que está em jogo com essa nomeação.
A instituição da política de não contato na Funai, a partir de 1987, teve como objetivo principal estancar o genocídio de comunidades indígenas isoladas e foi a base para a criação da CGIIRC. Ela consiste em garantir a proteção dos territórios onde vivem esses povos, impedindo a entrada de invasores e a construção de empreendimentos que os afetem.
O ISA monitora os grupo indígenas em isolamento voluntário. Ano passado, lançamos o livro Cercos e Resistências: povos indígenas isolados na Amazônia Brasileira e, junto com parceiros do Mídia Índia, o documentário Ka’a zar ukyze wà - Os donos da floresta em perigo, filmado pelo povo Guajajara sobre o grupo Awá Guajá, de índios isolados que moram na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão.
A indicação do missionário para coordenar o CGIIRC faz com que a ameaça do contato forçado volte a pairar. Com ela, a iminência de novas tragédias. Pela Constituição, o Estado brasileiro deve garantir a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas isolados nas terras em que ocupam - e não o contrário.

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