A cidade de Apodi, na região Oeste, produz sozinha 95,27% do arroz vermelho consumido no Rio Grande do Norte. Segundo os agricultores, o tipo tem mais saída do que o arroz branco que, recentemente, passou por alta considerável nas regiões sul e sudeste do país. Além disso, o arroz vermelho chega a ter um preço de 10% a 15% menor do que o tradicional arroz branco, mas a produção local ainda não tem grande alcance e é comercializada no mercado interno e exportada para alguns estados da região nordeste como Paraíba, Pernambuco e Bahia.
Atualmente, cerca de 300 famílias, direta ou indiretamente, vivem do cultivo do cereal. E apesar da alta no preço do arroz branco, por enquanto, não há mudança nos preços do arroz vermelho praticados por aqui. O que pode ser uma alternativa interessante para o consumidor preocupado em manter a qualidade da alimentação e economizar.
“Nós ainda estamos vendendo o arroz vermelho ao mesmo preço. O que tem influenciado tem sido o aumento dos insumos como energia, transporte e o material usado na plantação. Mas, mesmo assim, esses custos não foram repassados para o consumidor ainda. Ninguém sabe como vai ser na próxima safra”, explica Edjarles Fernandes, que é produtor do município.
Atualmente, o preço do arroz vermelho não beneficiado, ainda com a casca, fica em torno de R$150 e R$ 160, cada 115 quilos. No caso do produto já beneficiado, o consumidor final paga entre R$ 4 e R$ 6 pelo quilo. Mas, apesar do cenário potencialmente positivo, as safras têm caído ao longo dos últimos anos, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf). Em 2016 foram colhidas 3.000 toneladas, já em 2017 a produção baixou para 1.651 toneladas, contando ainda com o cultivo do Alto Oeste, Seridó e Sertão Central, além do município de Apodi. Em 2019, a produção foi de 863 toneladas. Para 2021, com a expectativa de um bom período chuvoso, a estimativa é de melhores resultados.
Os produtores afirmam que, apesar do baixo preço praticado no mercado e interno, o arroz ainda tem uma boa rentabilidade e corresponde a cerca de 10% do PIB de Apodi, o equivalente a algo em torno de R$ 27 a R$ 30 milhões. Durante o período de estiagem, no segundo semestre, os agricultores trabalham outras culturas como a do milheto e a extração do pó da palha de carnaúba. Só este ano, o Programa Estadual de Compras Governamentais da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Pecafes), originado a partir de lei criada pela deputada estadual Isolda Dantas (PT), comprou 200 toneladas de arroz vermelho ao preço médio de R$ 5,13/kg. O arroz faz parte das cestas básicas distribuídas aos alunos da rede estadual de ensino, além de populações quilombolas e em situação de vulnerabilidade social, diante da pandemia do novo Coronavírus. Estimular a agricultura entre os pequenos produtores foi a forma que o Governo encontrou de incentivar a economia de uma forma mais sustentável e solidária.
“Ainda para este ano está prevista a compra de mais cerca de 105 toneladas de arroz vermelho através do PECAFES. Outra iniciativa é o reforço da assistência técnica aos agricultores e agricultoras familiares através da EMATER e da organização de chamadas públicas para fomentar a produção agroecológica desta cultura. Ainda nesse contexto, o Governo do Estado está articulando a ampliação do acesso ao crédito rural. Além de assistência técnica e do acesso a mercados com aquisições via PECAFES”, detalha Emerson Cenzi, Coordenador de Acesso à Mercados, Agroindústria e Cooperativismo da Sedraf.
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