DO BLOG: Publico abaixo um artigo escrito pelo amigo Jan Pierre, biólogo e membro do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Ceará -Mirim que levanta alguns questionamentos de como a nossa região poderá vir a ser mais beneficiada com a transposição do Rio São Francisco.
Bacia Hidrográfica do Rio Ceará-Mirim. Fonte: CBH Rio Ceará-Mirim
BARRAGEM DO ALÍVIO - Não é mais
inteligente erguermos paredes em tempos de incerteza hídrica. Já temos a
transposição do Rio São Francisco, basta sabermos usá-la.
Por
Jan Pierre Martins de Araújo - Biólogo e membro do Comitê de Bacia Hidrográfica
do Rio Ceará-Mirim.
Primeiramente, quero deixar claro que minha fala não é
contra a construção da Barragem do Alívio, sonho que atravessa gerações no
Sertão Central Cabugi. Esse artigo, na verdade, é um chamamento à racionalidade
quanto a viabilidade do método de barramento numa bacia hidrográfica tão
castigada e com anos de invernos tão incertos, como é o caso do Rio
Ceará-Mirim. Para contextualizar, Alívio é o nome de uma região entre os
municípios de Lajes e Pedra Preta no Rio Grande do Norte, e é em Lajes que
nasce o Rio Ceará-Mirim que integra mais 13 municípios (Pedro Avelino, Angicos,
Fernando Pedrosa, Pedra Petra, Jardim de Angicos, Riachuelo, Caiçara do Rio dos
Ventos, João Câmara, Bento Fernandes, Poço Branco, Taipu, Ceara-Mirim e
Extremoz) até sua foz no Atlântico leste.
Em junho de 2021 o Ministério do Desenvolvimento Regional
destinou 1,3 milhão para contratação de empresa especializada em projetos
executivos e estudos ambientais. É estimado que quase 27 mil famílias sejam
beneficiadas diretamente, mas esse número na verdade é bem maior se pensarmos
na integração dessa Barragem com a de Poço Branco que fica a jusante e é ela
responsável por tornar o baixo Ceará-Mirim perene.
Perenização, essa é a palavra chave que chamo à
coletividade para pensar. Basta dirigirmos nosso olhar para oeste e observarmos
a oportunidade que temos com o Piranhas-Açu, hoje integrado com o São
Francisco. Em vez de barrarmos o Rio e ficarmos esperando a bondade divina
descer em forma de chuva, acho mais inteligente lutarmos pela integração do Rio
Ceará-Mirim com à Armando Ribeiro. Falo de um canal que traga as águas do
Piranhas, a partir da “Barragem de Açu” para o Açude Caraúbas em Lajes,
perenizando o Rio desde sua nascente até a foz. Me atento a falar do
Ceará-Mirim porque é a nossa realidade local, mas porque não defender também a
integração com a bacia do Potengi? Por isto escrevo, mais como uma tentativa de
despertar o povo do Sertão Central quanto à necessidade de lutarmos por esse
projeto. Essas águas trariam a emancipação econômica e hídrica desses
municípios, livrando o agricultor da dependência das chuvas que hoje estão cada
vez mais escassas. E aí sim, após o Rio perenizado, seria o caso de construir
um novo reservatório como hoje defendido na região de Alívio.
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