quarta-feira, 9 de março de 2022

TRANSPOSIÇÃO DO VELHO CHICO NO RN >> De que forma a Região Central do estado pode vir a ser ainda mais beneficiada com isso

DO BLOG: Publico abaixo um artigo escrito pelo amigo Jan Pierre, biólogo e membro do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Ceará -Mirim que levanta alguns questionamentos de como a nossa região poderá vir a ser mais beneficiada com a transposição do Rio São Francisco.

Bacia Hidrográfica do Rio Ceará-Mirim. Fonte: CBH Rio Ceará-Mirim

BARRAGEM DO ALÍVIO - Não é mais inteligente erguermos paredes em tempos de incerteza hídrica. Já temos a transposição do Rio São Francisco, basta sabermos usá-la.

Por Jan Pierre Martins de Araújo - Biólogo e membro do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Ceará-Mirim.

Primeiramente, quero deixar claro que minha fala não é contra a construção da Barragem do Alívio, sonho que atravessa gerações no Sertão Central Cabugi. Esse artigo, na verdade, é um chamamento à racionalidade quanto a viabilidade do método de barramento numa bacia hidrográfica tão castigada e com anos de invernos tão incertos, como é o caso do Rio Ceará-Mirim. Para contextualizar, Alívio é o nome de uma região entre os municípios de Lajes e Pedra Preta no Rio Grande do Norte, e é em Lajes que nasce o Rio Ceará-Mirim que integra mais 13 municípios (Pedro Avelino, Angicos, Fernando Pedrosa, Pedra Petra, Jardim de Angicos, Riachuelo, Caiçara do Rio dos Ventos, João Câmara, Bento Fernandes, Poço Branco, Taipu, Ceara-Mirim e Extremoz) até sua foz no Atlântico leste.

Em junho de 2021 o Ministério do Desenvolvimento Regional destinou 1,3 milhão para contratação de empresa especializada em projetos executivos e estudos ambientais. É estimado que quase 27 mil famílias sejam beneficiadas diretamente, mas esse número na verdade é bem maior se pensarmos na integração dessa Barragem com a de Poço Branco que fica a jusante e é ela responsável por tornar o baixo Ceará-Mirim perene.

Perenização, essa é a palavra chave que chamo à coletividade para pensar. Basta dirigirmos nosso olhar para oeste e observarmos a oportunidade que temos com o Piranhas-Açu, hoje integrado com o São Francisco. Em vez de barrarmos o Rio e ficarmos esperando a bondade divina descer em forma de chuva, acho mais inteligente lutarmos pela integração do Rio Ceará-Mirim com à Armando Ribeiro. Falo de um canal que traga as águas do Piranhas, a partir da “Barragem de Açu” para o Açude Caraúbas em Lajes, perenizando o Rio desde sua nascente até a foz. Me atento a falar do Ceará-Mirim porque é a nossa realidade local, mas porque não defender também a integração com a bacia do Potengi? Por isto escrevo, mais como uma tentativa de despertar o povo do Sertão Central quanto à necessidade de lutarmos por esse projeto. Essas águas trariam a emancipação econômica e hídrica desses municípios, livrando o agricultor da dependência das chuvas que hoje estão cada vez mais escassas. E aí sim, após o Rio perenizado, seria o caso de construir um novo reservatório como hoje defendido na região de Alívio.  

Sem comentários:

Enviar um comentário