Do site Carta Potiguar
Estou inaugurando a minha primeira postagem como colunista associado da Carta Potiguar, depois de já ter publicado três textos anteriores sobre variados assuntos. Agradeço muito por este espaço e espero trazer muitas reflexões e contribuições para tod@s.
Para estrear meu espaço aqui, trago uma questão: uma pequena reflexão sobre a explosão de denuncias de corrupção dentro do governo que ocorre a algum tempo. O “denuncismo” midiático da corrupção sempre existiu, mas aumentou largamente no governo Lula, muito pelo fato da grande mídia brasileira se colocar como oposição a esse governo (especialmente com a fraqueza de oposição dos partidos que deveriam fazer esse papel).
Para quem não sabe, a mídia não é e tampouco foi imparcial, porém não é essa a discussão. A Mídia age como oposição, movida por interesses pessoais. Por um lado, isso é bom, pois aumenta a investigação em cima dos nossos representantes. Por outro lado é ruim, pois escolhe o que veiculará e desta maneira, aumenta muito o seu discurso contra aqueles que não lhe agradam. Na época de FHC, as acusações de corrupção eram menores… Isso se deve ao fato de não haver corrupção, ou de não interessar a mídia denunciá-la a população? Pense sobre isso… E lembre-se de Geraldo Brindeiro, que ganhou o carinhoso apelido de “Engavetador Geral da República” quando estava no cargo de Procurador Geral da República no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, pois engavetou nada mais que 242 denúncias, arquivando outras 217. Somente 60 denúncias foram aceitas.
Achar que não existe nem que nunca existiu corrupção dentro do Estado é ingenuidade das mais pueris, e pautar o discurso apenas em cima disso é um vazio político enorme, mas tratarei disso em outra oportunidade, pois acredito que o “honestismo” não pode pautar nossa discussão política, a política em si é mais importante (acredite em mim, mesmo se a corrupção fosse zero, nem todos os nossos problemas seriam sanados). O que quero tratar agora é a onda de denúncia atrás de denúncia sobre os ministros do Governo de Dilma Roussef.
É engraçado como cada denúncia aparece quando a anterior saiu de pauta. E quando o ministro é retirado ou pede afastamento, a denúncia parece sumir dos meios midiáticos, deixando de ser tema central como o era, para poder surgir uma nova denuncia. Afinal, a quantas anda a investigação em cima de Orlando Silva? E Wagner Rossi? Alguém sabe me dizer sobre o Pedro Novais? E Alfredo Nascimento, por onde anda?
É interessante ver como todas as denúncias têm como alvo setores aliados do governo, numa clara tentativa de minar a base deles. O PMDB sempre foi um partido gigante, mas muito fragmentado que quase sempre se encontra na situação governamental, tanto que desde Ulisses Guimarães, em 1989, não conta com um candidato próprio a presidência. Mas agora atacam antigos aliados do PT como o PC do B e o PDT (que após a morte de Brizola ficou carente de uma liderança nacional de peso, apesar de Cristovam Buarque ter tentado ocupar esse espaço).
É mais interessante ainda ver a quase inexistência de provas e a falta de fidedignidade das fontes acusadoras (quem acusou Orlando Silva foi um policial militar afastado por causa de corrupção). O acusado não apresenta provas e a mídia grita raivosamente aos ventos que o acusado é que deve provar a sua inocência, alterando completamente a lógica de qualquer processo legal de que “todos são inocentes até que se prove o contrário”.
A acusação é feita, há uma falta de provas substanciais, mas a mídia não para até que o seu alvo tenha sido alijado do governo, pressionando para que ele prove sua inocência. Contudo, como provar a inocência se o acusador não conseguiu provar de forma cabal a sua culpa? Assim que a mídia se dá por satisfeita, vendo que sua denúncia funcionou, abandona aquele tema e parte em busca de um novo alvo. Os processos de acusação estão se desenvolvendo nesse ritmo desde o começo do governo de Dilma.
Orlando Silva foi afastado sem provas cabais, e a Polícia Federal foi investigar o caso, mas nada havia sido provado contra ele. A bola da vez é Carlos Lupi do PDT, Ministro do Trabalho. Quando ele cair, quem será o próximo? Qual será o próximo aliado do governo que irão “sortear” para denunciar, tentando claramente enfraquecer o Governo Federal, pois Dilma não tem nem o carisma nem o apoio popular que Lula tinha.
Novamente, não sou ingênuo a achar que o nível de corrupção é zero (apesar de achar que em todos os setores ele devia ser zero, mas infelizmente não vivemos no mundo ideal platônico), mas não sou ingênuo para achar que “onde há fumaça, há fogo”, pois fumaça pode existir muito bem sem fogo. A mídia que “sob o manto protetor da liberdade de imprensa, faz acusações levianas e irresponsáveis” (frase de Vieira da Cunha, Deputado Federal pelo PDT) age por interesses próprios, e se porta como oposição ao governo vigente, pois PSDB e DEM (ex – PFL) se encontram fragilizados para fazer esse papel. Tanto que não é a oposição que trás a denúncia, mas a própria mídia brasileira.
Agora, fica a questão pra vocês: essas acusações sem provas, ao menos com uma pobreza absurda de provas substanciais, interessam a quem, realmente? Pensem nisso…
Sem comentários:
Enviar um comentário