Megaempresário e ex-governador Blairo Maggi, um dos reis da
soja no Brasil, é eleito por senadores e provoca o repúdio de ONGs
ambientalistas
Rio
de Janeiro – A definição dos comandantes e titulares das mais importantes
comissões do Senado continua a preparar o tabuleiro político para 2014. Após a eleição
ontem (26) do petista Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro,
para a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos, hoje (27) foi a vez do megaempresário
e ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), ser eleito para presidir a
Comissão de Meio Ambiente. A escolha é, no mínimo, curiosa, já que Maggi é o
maior plantador de soja do Brasil e durante muitos anos foi apontado pelo
movimento socioambiental brasileiro como um dos principais inimigos do meio
ambiente no país, tendo ganho, inclusive, o famigerado Prêmio Motosserra de
Ouro.
Maggi
se coloca como a “pessoa ideal” para assumir a Comissão de Meio Ambiente do
Senado. “Conheço bem o que as ONGs e os produtores pensam, como agem e o que
querem. Tenho todas as credenciais para ocupar [a presidência da Comissão]”,
diz. O senador afirma também que “se tem alguém que sabe cuidar do meio ambiente,
esse alguém é o agricultor, que sabe olhar para a terra e defendê-la, pois ali
está o seu ganha-pão”.
A
opinião que Maggi tem de si mesmo, no entanto, diverge bastante daquela
expressada por ambientalistas, que sempre estiveram na cola do atual senador.
O “ponto alto” das citações ao empresário e produtor de soja como inimigo do
meio ambiente no Brasil veio em 2005, quando Maggi ainda governava Mato Grosso
e foi agraciado, em eleição organizada pela organização não governamental Greenpeace, com o prêmio Motosserra
de Ouro. Naquela ocasião, ferviam em todo o Brasil os debates acerca do avanço
da fronteira agrícola da soja sobre a floresta amazônica e da introdução ilegal
de soja transgênica no Sul do país.
'Só temos a lamentar'
Oito
anos depois, a opinião dos ambientalistas sobre Maggi parece não ter mudado. “A
gente só tem a lamentar sua escolha para a Comissão”, resume Carlos Henrique
Painel, dirigente do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio
Ambiente (FBOMS). O ambientalista define Maggi: “É um legítimo ganhador do
Prêmio Motosserra, um dos responsáveis pela expansão da soja no Brasil. Um
senador e ex-governador que reconhecidamente é do agronegócio e que lutou muito
pelas mudanças no Código Florestal que prejudicaram o país. A Comissão de Meio
Ambiente do Senado agora se junta a um Ministério do Meio Ambiente que já não atua”.
Painel
lamenta que a escolha de Maggi se dê com o que ele define como aval do
Planalto: “É mais um passo em direção ao retrocesso na área ambiental do
governo Dilma. O governo está se colocando de maneira desenvolvimentista ao
extremo e, para isso, está tirando qualquer obstáculo ao crescimento pretendido.
A questão ambiental é vista por esse governo como um obstáculo, e não como uma
solução para os problemas do desenvolvimento do país”.
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