quinta-feira, 2 de julho de 2015

Espécies da Caatinga >> Insa lança livro que destaca características genéticas e importância econômica do umbuzeiro no Semiárido


"O umbuzeiro e o Semiárido brasileiro" A publicação está disponível para download gratuito e reúne informações de diversas áreas, constituindo-se como um verdadeiro guia de conhecimento científico e popular sobre a árvore Dentre as mais de mil e trezentas espécies de plantas conhecidas na Caatinga, o Umbuzeiro é uma das mais emblemáticas e importantes para o Semiárido brasileiro. 

Conhecida como “árvore sagrada do sertão”, título concedido por Euclídes da Cunha no romance Os Sertões, “representa o mais frizante exemplo de adaptação da flora sertaneja”, como descreveu o escritor. 

Reconhecendo a importância da planta para a região, o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), lança o livro “O umbuzeiro e o Semiárido brasileiro”. Financiado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), tem como autores a pesquisadora do Insa da área de melhoramento genético vegetal, Fabiane Costa Batista, Silvanda de Melo (Universidade Estadual da Paraíba), Maristela Simplício (Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer/MCTI) e Antônio Ramos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia). 

A publicação apresenta um levantamento completo sobre a espécie e é estruturada em dois módulos: o primeiro foca nas características genéticas e biológicas da árvore e do seu fruto, técnicas de propagação e dados sobre seu extrativismo; o outro aborda seu histórico e sua relação com a população da região semiárida do Brasil, trabalhando temas como importância econômica e formas de utilização. O livro tem ainda um apêndice que traz informações sobre a quantidade de umbu produzida por município do Semiárido. Importância socioeconômica Encontrado exclusivamente na Caatinga, o umbuzeiro pode alcançar 7 metros de altura e sua copa pode alcançar até 15 metros de diâmetro. Ele ocorre desde o Piauí até Minas Gerais e representa uma importante fonte de renda para diversas comunidades no Nordeste, sobretudo no estado da Bahia. Muito estimado pela população, seu fruto é consumido in natura, como também, a partir dele, podem ser feitos sucos, doces, bolos, etc. 

As pesquisas feitas para a produção do livro apontam que a utilização do umbu é majoritariamente oriunda do extrativismo e não existem registros de plantios da árvore. Essa informação revela que a implantação de pomares comerciais, a seleção de boas matrizes e seu uso como fonte de ponteiras para a enxertia seriam estratégias viáveis que poderiam potencializar economicamente este mercado. Do ponto de vista agroindustrial, o umbu possui grande potencial a ser explorado, necessitando de melhorias e avanços nas atividades de colheita, pós-colheita, processamento e comercialização. Geração de renda Os pesquisadores ainda relatam a experiência da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), na Bahia. Criada em 2004, atua em 18 comunidades e visa beneficiar e processar frutas nativas da região. O estado baiano representa mais de 87% da produção nacional de umbu. Com capacidade produtiva de 200 toneladas de doces por ano, a Coopercuc atende ao mercado interno e externo e representa um modelo bem-sucedido de cooperativa sustentável que trabalha com o umbuzeiro. 

O livro traz ainda receitas que utilizam o umbu como ingrediente principal. A cadeia produtiva do fruto envolve diversos profissionais e setores como os coletores, comerciantes, cozinheiros, unidades de beneficiamento, entre outros. Este sistema econômico que se desenvolve a partir da árvore, movimenta a economia local e gera empregos, principalmente nas comunidades rurais. Utilizações do umbuzeiro Historicamente, no Semiárido brasileiro, o umbuzeiro é utilizado para fins energéticos (por meio da madeira ou carvão), alimentação humana, forragem, medicina caseira, higiene corporal, ornamentação, criação de abelhas e sombreamento. Outra característica que destaca a importância da árvore são seus xilopódios (conhecidos popularmente como “batatas”), que armazenam grande quantidade de nutrientes e água que podem ser utilizados na produção de doces e para a alimentação de animais. Inclusive, por muito tempo foi uma das alternativas encontradas pelos sertanejos para ultrapassarem os grandes períodos de estiagem. Um dos objetivos do livro é reunir e sistematizar os conhecimentos existentes que estavam dispersos nos âmbitos científico e popular para incentivar e embasar o desenvolvimento de novas pesquisas sobre essa árvore. Melhoramento genético A publicação também destaca estratégias que podem ser utilizadas para promover renovação das plantas, tendo em vista a vulnerabilidade genética do umbuzeiro. 

Os métodos contribuirão para domesticação das plantas, produção em larga escala das mudas e dos frutos com melhor qualidade. As técnicas citadas são a propagação sexuada (aquela obtida através do plantio do caroço do umbu); a estaquia, através da qual é possível produzir clones da planta-mãe a partir de suas estacas, preservando suas características genéticas; e a enxertia de estacas que, por intermédio dela, se obterá a produção de frutos com menor tempo. O livro faz ainda um detalhamento de como estas técnicas podem ser aplicadas. Acesse e baixe o livro aqui.


Sem comentários:

Enviar um comentário