Foto em destaque: Júnior Santos | Tribuna do Norte
O dinheiro pode não comprar tudo nessa vida, mas compra quase tudo, inclusive cemitério. Foi o que aconteceu na paradisíaca praia de Baía Formosa, cidade que fica no litoral Sul do Rio Grande do Norte, a cerca de 100 km de Natal. O fato ocorrido em 2010 até hoje gera comentários na pequena cidade. O lugar que serviu como cemitério desde 1612 e recebeu corpos dos que faleceram na região até 1980, após a venda deveria dar lugar a um empreendimento turístico, mas, segundo moradores em contato com o TodoNatalense, sequer um tijolo foi colocado no lugar até hoje.
O cemitério de Santa Cruz das Areias estava em uma área de pouco mais de 20 hectares vendida em 2004 pelo então prefeito de Baía Formosa, Samuel Monteiro, ao grupo B.F Investimentos Turísticos e Imobiliários, composto por empresários portugueses. O local foi desativado porque a maré alta estava destruindo parte dos túmulos, mas mesmo assim era considerado uma espécie de patrimônio da região e local de muito respeito para os moradores, principalmente os mais antigos.
Apesar de ficar localizado na beira da praia, o cemitério era de difícil acesso, pois ficava a vários quilômetros de distância do centro da cidade de Baía Formosa e não havia, nem há até hoje, casas no caminho até lá. Quando ainda estava em funcionamento, os sepultamentos eram feitos após longos quilômetros de cortejos fúnebres pela beira-mar e só podiam ser realizados com a maré baixa. Como não havia caixões e as pessoas viviam em condições bastante precárias na época, os corpos eram transportados e enterrados em redes.
CASO DE JUSTIÇA
Na época a venda do cemitério foi assunto bastante comentado na cidade e virou caso para a Justiça resolver. Somente seis anos depois, em 2010, após a construção de um novo cemitério e a autorização, por escrito, dos familiares dos entes que estavam enterrados é que o grupo português pôde fazer a remoção dos 170 corpos. A retirada foi acompanhada de um emocionante ato ecumênico diante dos familiares e dos curiosos.
Cada uma das famílias recebeu um jazigo com duas gavetas em um cemitério construído pela Prefeitura de Baía Formosa em parceria com o grupo português.
Segundo um dos empresários presente no dia da remoção dos restos mortais, o grupo português iria construir casas e um hotel na propriedade, mas tinha outro plano para o local onde estava o cemitério. “Esta área é uma área que vamos preservar e vamos fazer um memorial não só aos cidadãos de Baía Formosa, mas também aos pescadores e pescadoras e às pessoas que aqui estavam sepultadas”, disse o empresário.
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