As cenas que vimos ontem (terça-feira) no IFRN são extremamente lamentáveis. É a naturalização da violência como elemento de repressão das instituições militares que, mesmo em um governo democrático e popular como o da governadora Fátima Bezerra e do vice- governador Antenor Roberto, tornam a seguir os mesmos métodos que o conjunto do povo potiguar derrotou nas urnas em 2018. Vale ressaltar que a polícia militar está fora da sua circunscrição, pois o IFRN é de competência da polícia federal.
Entretanto, destaco que esse tipo de ação violenta e truculenta não representa 100% do modus operandi da polícia militar do Rio Grande do Norte. Existem homens e mulheres na corporação pautados pelo diálogo como forma de resolução de conflito. Portanto, seria leviano de minha parte generalizar toda a instituição.
A postura do Governo do Estado em não aceitar que a polícia militar vá na mesma linha do governo federal e de afastar os militares envolvidos nos atos de truculência, até que sejam apurados todos os fatos, manda uma mensagem de esperança e fé para todos os que defendem o Estado Democrático de Direito em terra potiguares.
Parabenizo todos os estudantes que, mesmo em momentos tão adversos como os que vivemos hoje, em tempos de pandemia, não se furtaram a defender sua instituição de ensino que legitimamente escolheu o professor José Arnóbio como seu reitor. A intervenção feita de forma ilegítima pelo Ministério da Educação é a face autoritária do Governo Bolsonaro, que não respeita a comunidade acadêmica, ferindo a autonomia das instituições de ensino e o processo democrático de eleição para a escolha de seus reitores.
Mas, por que essa intervenção feita em momentos de pandemia? Não nos enganemos. É um momento ideal para usurpar a legitimidade da comunidade acadêmica, pois o isolamento social “permitirá” que o golpe permaneça.
Vale ressaltar que o IFRN, desde os tempos de ETFERN e CEFET, é vanguarda na luta por democracia interna da instituição e externa na defesa do Estado Democrático de Direito. Em 2004, os estudantes aprovaram de forma pioneira a reserva de vagas, sendo o IFRN a primeira instituição de ensino no Brasil a ter a reserva de vagas como forma de ingresso de estudantes oriundos das escolas públicas.
Além disso, as maiores passeatas realizadas no início dos anos 2000 foram conduzidas pelo Grêmio Djalma Maranhão.
A escola é feita de gente que tem opinião, se mobiliza e luta para a construção de um mundo melhor. Essa intervenção nos remete aos tempos sombrios da ditadura militar, onde o governo indicava governadores e prefeitos biônicos para o exercício ilegítimo dos executivos estaduais e municipais, mediante a ausência do sufrágio universal.
Os estudantes honraram seu dia na melhor tradição: com luta e na rua.
*Pedro Henrique Santos é estudante de Direito, ex-vice-presidente da UMES-Natal e ex-tesoureiro geral da UBES.
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