De nada adiantou a repercussão negativa junto à opinião pública nem as críticas da oposição na Câmara Municipal. A maioria dos vereadores de Natal decidiu rebatizar uma das mais movimentadas avenidas da capital com o nome de um potiguar natural de Caraúbas, fundador da Guararapes, braço têxtil do grupo Riachuelo, empresa que acumula mais de 2 mil ações trabalhistas só no Rio Grande do Norte.
O empresário Nevaldo Rocha substitui Bernardo Vieira na via que corta a cidade a partir do cruzamento com a avenida senador Salgado Filho, onde funciona o shopping Midway, e segue até a ponte de Igapó, na Zona Oeste.
Só a oposição, formada por Ana Paula (PL), Júlia Arruda (PCdoB), Brisa Bracchi (PT), Divaneide Basílio (PT) e Robério Paulino (PSOL), votou contra o projeto encaminhado a Casa pelo prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB).
Partiu de Brisa Bracchi a lembrança de que as empresas do grupo fundado por Nevaldo Rocha acumulam mais de duas mil ações trabalhistas no Tribunal de Justiça do Trabalho da 21ª Região.
– Numa delas a empresa foi condenada a pagar uma pensão vitalícia a uma trabalhadora pela carga de trabalho excessiva. São numerosos os relatos pela jornada de trabalho precária. Não temos nada que homenageá-lo”, disse a parlamentar, que sugeriu homenagens a mulheres com história pelo Estado, a exemplo da indígena Clara Camarão, a escritora Auta de Souza e a escritora e educadora feminista Nísia Floresta, referencias citadas também por Divaneide Basílio.
Vereador pelo PSOL, Robério Paulino também criticou a escolha num momento de pandemia:
– Não tenho nenhum problema pessoal contra Nevaldo Rocha, mas todos os especialistas e historiadores que ouvimos citaram a hora inoportuna dessa votação. Votar isso (a mudança do nome da avenida) no meio de uma pandemia é votar sem necessidade de urgência. Fizemos uma pesquisa e mais de 90% das pessoas que opinaram foram contra essa mudança nesse momento”, disse.
Prazo para mudança é de 180 dias
Além do projeto, os vereadores aprovaram uma emenda do vereador Kleber Fernandes que determina um prazo de 180 dias para que os órgãos públicos “alterem endereço, dados cadastrais e demais informações dos imóveis residenciais e comerciais localizados na avenida”
Já a emenda apresentada pela vereadora Ana Paula (PL) que propunha uma consulta popular para decidir a mudança do nome da avenida foi rejeitada.
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