Uma das informações mais interessantes nas entrevistas concedidas sábado (5) pelo ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) ao blog do jornalista Dinarte Assunção e ao jornal Tribuna do Norte é quando ele diz que a Oposição o procurou de maneira mais firme após já ter tentado construir a candidatura de Ezequiel Ferreira (PSDB) como adversário de Fátima Bezerra:
“As pesquisas já indicavam que minha postulação ao Governo era competitiva, mas a oposição nunca levou isso em consideração. Ao longo do tempo, lançaram Tomba, Benes, tentaram Ezequiel, Álvaro e vieram conversar comigo”, disse ao blog do Dina.
Além de confirmar que a Oposição está completamente perdida, a declaração sugere que o presidente da Assembleia Legislativa não ficou muito entusiasmado com o convite. Aliás, aqui nesta agência Saiba Mais, o jornalista Cefas Carvalho já havia apontado que a candidatura de Ferreira era comentada por todos, menos por ele mesmo. A velha estratégia baseada no “se colar, colou”. E se não colar “eu não tenho nada a ver com isso”.
Ezequiel é um político experiente e poderoso, senta há duas legislaturas na cadeira de presidente da Assembleia Legislativa e dificilmente deixaria que fizessem com ele o que o grupo dele fez com Fábio Dantas, em 2018. Na época, o vice-governador de Robinson acreditou no canto da sereia, o de que teria apoio suficiente da maioria dos deputados na ALRN e das prefeituras para disputar com chances a cadeira hoje ocupada por Fátima.
A história conta que a candidatura de Fábio não decolou nas pesquisas e o vice de Robinson, já rompido com o governador, terminou abandonado pelos “aliados” no meio do caminho.
Ao contrário de Dantas, Ezequiel Ferreira segue como principal parceiro político e administrativo do governo em exercício e, até o momento, não deu sinais de que vá romper essa parceria. Para ser ungido pela Oposição, o presidente da ALRN teria que subir no espalhafatoso palanque bolsonarista, o que também não combina muito com o estilo discreto e polido do tucano.
Num Estado onde as pesquisas apontam a preferência de quase 70% dos eleitores pelo ex-presidente Lula, defender o governo Bolsonaro é quase suicídio. E é impensável que o deputado mais votado da eleição passada, com mais de 50 mil votos, optaria por estratégia tão arriscada, já que tem uma reeleição garantida e com boas possibilidades de manter o controle do legislativo num eventual segundo mandato de Fátima.
Com o MDB sem espaço na chapa majoritária de Fátima, é possível que novos arranjos sejam testados. Mas qualquer um dos ministros como candidato ao Senado será um carimbo do bolsonarismo na chapa, um fardo difícil de carregar durante a campanha. A entrevista de Carlos Eduardo trouxe para a superfície uma oposição perdida e sem rumo.
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