domingo, 24 de julho de 2011

Entrevista exclusiva com o @PintaNatalense - o sucesso do twitter potiguar

Um pouco de humor: Reproduzo abaixo uma matéria publicada pelo site Carta Potiguar sobre uma figura que está sendo um grande destaque no twitter, o @pintanatalense. Leia, divirta-se e comente.

Muitas perguntas circundam o perfil mais hilário do twitter potiguar que, com um pouco mais de três meses, já tem mais de 19,200 seguidores. Sim, estou falando do @pintanatalense. Quem é o seu autor, que se autor nomeia como Boy Naldinho? Será mesmo esse o nome dele? De onde vem tanta criatividade? O que quer? Até onde este “fake” pode chegar? Não responderei essas perguntas, porque pouco importa. Também não pretendo aqui chover sobre o molhado falando sobre a criatividade e o humor do seu misterioso autor que, real ou não, conhece com dois “SS” aquilo que fala e nos faz greiar.

No entanto, gostaria de tentar dizer uma ou duas coisas a respeito deste perfil, deste, por que não dizer, personagem conceitual que saiu das ruas, vielas e travessas para “tomar de assalto” as redes sociais e o imaginário dos seus seguidores; dizer algo acerca de suas potencialidades e, além das inevitáveis gargalhadas, sobre o que suas piadas, sarcasmo e provocações nos conduz a pensar.
Em suas frases, estórias, jargões, personagens e tiradas, é todo um estilo de vida que toma forma diante dos nossos olhos. Um estilo de vida de corpos estigmatizados até então como “marginais”, “vagabundos”, “perigosos”, “malandro”, “cabas de peia”. Sombras com as quais cruzamos esporadicamente nos sinais de trânsito, nas paradas de ônibus, nos caixas dos supermercados, mas que quase nunca convivemos.
O @pintanalense nos põem de frente com os nossos preconceitos, o contato com o diferente. Sua fama e sucesso é afirmação do disparate, pois aproxima o que, no cotidiano, queremos na maioria das vezes longe de nós, num exílio socioespacial bem ao gosto de Natal, esta cidade que, contrário de outras, esconde suas favelas, sua pobreza.

Uma estética da periferia potiguar toma as mansões, condomínios fechados, lojas, empresas; está no iphone e na lanhouse sem causar nenhum “dano” a ninguém, a não ser o crime de fazer sorrir várias pessoas, diariamente.

Essa estética e estilo de vida são fortemente associadas à pobreza no seio da gorda classe média natalense. Montila com Coca, Grafith, Cyclone e caminho de rato no cabelo, bigodinho oxigenado, andar “kakiado”, gírias e neologismos próprios. Em nossa interpretação, a crítica do @pintanalense é da ordem da ironia. Todos riem e se divertem, ainda que no mundo real, o pinta real cause temor e nos faça mudar de lado da calçada e segurar com mais força a carteira.

Ora, o @pintanatalense não causa nem medo, nem repulsa. Só risos. Por que? Porque o que é estigmatizado e temido é o corpo que incorpora essa estética e estilo de vida; o corpo que balança os braços, o corpo no qual as gírias ganham voz e vibração, o corpo sobre o qual está sustentado nossa representação sobre o que é a marginalidade urbana de nossa cidade. O @pintanatalense é um pinta sem corpo. Nele só há forma. Por isso é mais assimilável e, graças ao humor desprovido do corpo estigmatizado do “pinta real”, torna mais palatável a identificação e a apreciação por aquelas classes e pessoas que, na vida diária, tanta repulsa e medo devotam a estas “sombras da cidade”.

O que, portanto, pode o @pintanatalense? Pode trazer a violência que vem de cima -  que personifica os nossos preconceitos e medos sob a forma de estigmas – para mais próximos de nós, para assim, talvez, pensarmos com menos naturalidade a seu respeito. Claro, isso é uma interpretação nossa.

Mas, nada melhor que sabermos o que ele, Boy Naldinho, o @pintanatalense pensa e diz sobre ele mesmo. Segue abaixo uma entrevista que nós fizemos com ele no dia do seu aniversário, dia 08/07. Nesse dia, vale lembrar, a hashtag #pintanatalenseday chegou ao topo do TrendsTopics Brasil, e ficou entre os TTsBr por mais de 12h (das 00h até às 12h).
Enfim, vamos a entrevista com o @PintaNatalense:
 - E aí, Boy Naldinho, como surgiu a idéia de fazer um twitter?Boyzão eu via todo mundo na TV falanu desse tal de tuíti, era um me siga lá, me siga cá, aí um dia eu fui na lan house de Xica Ratoeira e butei uma hora pra ficá na net, fiz o meu perfil só pra vê como é, além do q eu gosto da fuleragi e da greiação em tudo q é canto e no tuíti é o melhor lugar pra esse tipo de roçôio!

 - Seu nome é Naldinho, e por que você fez um perfil com o nome @pintanatalense?Axo q os pinta são muito desvalorizadu, sofre preconceito, e a gente tem qui mostrá que pinta num significa só coisa ruim não! Nem os pinta mermo curte sê chamado di pinta por causa desses roçôio sem futuro, tá ligado? Mas daí eu fiz mermo, pinta, pinta reis e não pinta cocô, porque o reis é o da malícia e gréia irada, os cocô são os sem-futuro. Num existe playboy otário e playboy legal? Então pronto, existe pinta legal e pinta qui num é! Tá ligado?
 
- Hoje você tem mais de 19 mil seguidores, já teve o “roçôio” e o “pintanatalenseday” nos Trends Brasil. O que você acha dessa fama, sucesso?
Boyzão, eu num axo qui isso é sucesso não, é só uma tendência qui um dia vai passá. Sucesso qem faz é o Grafith qui tá aí há mais de 20 ano tocando nos canto, eu sô só uma gréiação qui a galera curte, mas tô ligado ki um dia vai passá, como tudo passa na vida, como o tuiti vai passá também. Boy Nelson Nédi qui diz qui tudo passa e tudo passará, mas tá ligado que tudo quii passa fica algo, né? Espero qui a galera si ligue qui quem faz os sucesso aí são eles e não eu, porque qem butou as tag no Trends foram eles e não eu, porque só faço a gréiação e a galera si diverte, tá ligado? Intão, já fale e vô repetí, o negócio é sê xegado da galera na humildade, de rocha mermo! Tem qui conhecer com dois “ss”…

 - No dia do seu aniversário, você ganhou uma música em sua homenagem. Em menos de 24h, a música deve mais de 3 mil visualizações, e já está tocando por aí, em carros, celulares, computadores… O que você achou da música?
Meirmão, si eu tivesse ganhado 1 milhão di reais num mi faria ficá tão feliz quanto essa música, pq o dinhêro acaba e a música vai ficá aí, pra sempre, pra quando eu tivé coroa eu dizê pros meus boy: “olhaí a gréiação qui teu pai fazia, tem até música”. E é irado qui a galera tá curtindo a música que boy Robison Sêmog fez.

- E há chances do Grafith tocá-la? Há parceria entre vocês?Meirmão, o qui fiquei sabendo foi qui o Grafith vai tocá a música no dia 29/07, na festa do @GrafithVip qui vai rolá na continental. Mas eles ainda num disseraum oficialmente não, tá ligado! Mas si tocá vai ser roçôio dimais, vum! Daquele jeito!

- Por que você escolheu o Grafith e não outra banda para ser a trilha sonora do seu dia-a-dia?Grafitão tá aí há mais de 20 ano fazendo sucesso em todo canto! A galera tira onda, mas na hora qui o Grafith toca, todo mundo si balança. Grafith num é moda, é um estado di espírito; eles merece a consideração de todo mundo, é a alegria da galera todinha di tudo qui é canto! Os cara são considerado aê e tem música gréia assim como tem música legal. Tá ligado qui vida loka também ama, né?

 - É verdade que você vai se candidatar para vereador em 2012? O que você acha da política atual?
É verdadi não! Primeiro qui eu nem entendo muito desses negócio, segundo qui eu já fiz muita coisa ruim, tá ligado, eu num quero entrá nesses negócio não. E terceiro qui num tem nada a vê eu sendo político.
E sobre política, eu axo qui o problema num é da política mas dos político! Eu vivo na batalha, boy Mãe e meus xegados da periferia tão tudo aí si lascano, pagando imposto e os cambaus, pra num tê quase nenhum retorno, só ilusão em época di eleição mermo! Bora mudá di assunto porque eu fico logo puto!

- Tá bom, mas diz pra nós, quantos anos você tem? Ninguém perguntou sua idade, no dia do seu aniversário?

Meirmão, perguntô sim, mas eu disse qui tenho mais anos di vida que eu tenho di dente na boca! Mas posso dizê que tenho mais de 12 e menos de 30!

- Você é solteiro ou tem alguma “boyzinha”?Boyzão, como diz Boy Xico Buarki lá do Planalto, eu tô tão livre que os boy passarinho tão perguntando pra mim o qui é liberdade. Daquele jeito…
- Valeu, Boy Naldinho, agora mande aí um alô pra quem está lendo essa entrevista! O espaço é todo seu!Eu queria mandá um #alô pra galera qui mim segue no tuití, queria mandá um #alô pra Deus, que é Pai!, mandá um #alo pra galera do Grafith, pra Boy Mãe, Boy Fimose, mermão, pra todo mundo qui é junto e misturado, e curte paz e greiação! É nóis, é chapa quente meirmão!

Fonte: site Carta Potiguar

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