quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

TENTATIVA DE GOLPE >> Deputados denunciam estratégia ilegal da oposição para desestabilizar o governo.


Acuado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (2) que aceitou pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Parlamentares do PCdoB no Congresso denunciaram a tentativa de manchar a história de uma presidenta honesta, ferindo a legislação vigente.
À frente da Bancada do PCdoB na Casa, a deputada Jandira Feghali (RJ) questionou a credibilidade de Cunha e de setores da oposição para conduzir um processo de impeachment na Casa, tendo em vista que muitos foram denunciados por corrupção. “O PCdoB vai lutar com todas as forças para ajudar a construir um processo de luta que barre essa tentativa absolutamente ridícula de tentar interromper o mandato da presidenta. Estamos firmes na defesa da democracia e firmes contra essa atitude indecorosa, indigna e absolutamente revanchista.”
Das sete solicitações de afastamento que ainda estavam aguardando análise, Cunha aceitou o requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, que inclui as chamadas “pedaladas fiscais” do governo em 2015. Foi autorizada ainda comissão especial para tratar da matéria. 
Vice-líder do governo, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), diz que caiu a máscara da oposição brasileira. “Eles vieram aqui fazer jogo de cena, insinuando que estavam rompendo com Eduardo Cunha, mas servem ao mesmo propósito de atacar a democracia brasileira. Não subestimem a capacidade de luta do nosso povo. Voltaremos ao Supremo Tribunal Federal para que, por meio do Judiciário, possamos fazer cumprir as regras da democracia.”
Na avaliação da Bancada do PCdoB, o STF barrará a iniciativa de Cunha. “É um claro abuso de poder e desvio de finalidade de Cunha. Sem contar que não há processo sem rito previamente definido. O Supremo já decidiu que não há rito estabelecido para o impeachment e que, então, Cunha está proibido de decidir,” explica o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), autor de mandados de segurança que suspenderam o rito do impeachment criado por Cunha.  
A falta de fundamento jurídico do pedido de impeachment é evidente, avalia a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE). “Nosso país não merece ficar refém daqueles que não tem compromisso com o bem-estar do nosso povo, com o desenvolvimento e com a defesa da democracia. O golpe não passará!"
Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) denuncia manobras sucessivas no Plenário na noite de quarta-feira (2). “Estamos numa sessão da Câmara dos Deputados ilegal. Neste momento, estamos reunidos para analisar a prorrogação de CPIs, mas na verdade é apenas um pretexto para possibilitar que Eduardo Cunha adentre a sessão e leia o requerimento de impeachment da presidenta, acatado por ele.”
Presidente da Câmara sinaliza desespero
Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), o presidente da Câmara está agindo com a perspectiva de que chegou ao final de sua caminhada. A decisão ocorreu no mesmo dia em que a bancada do PT na Câmara anunciou que vai votar pela continuidade do processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética. “O presidente cria um clima que não podemos admitir nesta casa. O povo brasileiro defendeu o mandato da presidenta legitimamente eleita por 54 milhões de brasileiros e rechaçará esta atitude de retaliação de Eduardo Cunha, que só demonstra que não tem a menor condição de continuar na presidência da Câmara," afirma Jô Moraes.
A senadora Vanessa Grazziotin, líder do PCdoB no Senado, tem opinião semelhante. "A denúncia é fraca e apoiada pelo sentimento de vingança. A decisão de Cunha pode representar a ruptura de nossa jovem democracia". 
O deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA) lamentou a demonstração clara do nível em que chegou a política no Brasil. “Eduardo Cunha, presidente da Casa, denunciado com recursos na Suíça, resolve abrir processo de impeachment contra a presidente Dilma. Isso é uma demonstração clara da tentativa de desestabilização ainda maior da economia brasileira, da política no Brasil, e quem sofre é o povo. Estamos vendo que a oposição quer o pior para este país. Estamos defendendo a legalidade contra o golpe.”
Dilma demonstra indignação
A presidenta Dilma Rousseff se manifestou sobre o pedido de impeachment por meio de vídeo ao vivo no Facebook. Segundo ela, nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de Ética da Câmara. Em troca, haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment. “Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública. Tenho convicção e absoluta tranquilidade quanto à improcedência deste pedido”, garante Dilma.   

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