terça-feira, 16 de abril de 2019

COISAS DO NORDESTE >> Umbuzeiro, árvore nativa do Nordeste, socorre agricultores na seca


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E nessa época de seca, a salvação de muitas famílias no Nordeste é o umbuzeiro – árvore símbolo de resistência da caatinga. No sertão da Bahia, homens e mulheres caminham vários quilômetros para colher os frutos. De manhã cedo eles já estão nas trilhas da caatinga. É o dia inteiro caminhando, procurando o umbuzeiro, árvore que só tem no Nordeste. 

E em tempos de seca, a árvore nativa socorre o sertanejo da roça. “Plantamos o milho e o feijão, mas infelizmente não deu porque não tivemos a chuva, perdemos tudo”, comenta Joelma Araújo, agricultora. No cenário de vegetação quase sem vida, sem comida, o umbuzeiro exibe fartura. Nada é mais alegre para os catadores de umbu do que encontrar o chão de um único jeito: forrado de frutas. Muitas vezes os catadores dão sorte de encontrar umbuzeiros bem carregados. “Foi tudo tirado desse umbuzeiro. Tem uns três quilos. Parece que estou grávida”, brinca a agricultora. É um contraste que chama a atenção. 

O umbuzeiro é a única árvore verde no meio da caatinga arrasada. O segredo está embaixo da terra. As raízes têm batatas que funcionam como uma caixa d’água. A água fica dentro da batata. E como são centenas de batatas enterradas, elas vão irrigando a árvore. As pesquisas calculam que um umbuzeiro grande chega a acumular 1.500 litros de água. É por isso que ele atravessa todo o período de seca verde e dando frutos. No fim do dia, um grupo de cinco a seis catadores volta para casa com 100 quilos de umbu. No município de Uauá, norte da Bahia, uma cooperativa criada por eles compra por R$ 1 o quilo. Este ano, a indústria da cooperativa vai esmagar 300 toneladas de umbu. 

No local, a fruta vira poupa, licor, doces. “Em torno de 70% da produção a gente vende para o mercado privado e o restante a gente vende para o mercado institucional”, diz Denise Cardoso, presidente da cooperativa. Fonte de vitamina C e até de inspiração para os poetas nordestinos. Nesta época o umbu é a salvação. Mas até o umbuzeiro está sofrendo com a seca extrema. Segundo um estudo da Embrapa, em algumas regiões do Nordeste, como no sertão pernambucano, de cada quatro umbuzeiros, apenas um consegue sobreviver.

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