Por Sérgio Vilar
O codinome ‘Bem’ vestia como luva a pessoa de Carlos Antônio Bezerra. Carlinhos Bem era uma pessoa boa, de sorriso contagiante e um talento visto em poucos por aqui, sobretudo naquela primeira década deste novo século, quando o conheci.
Nos esbarrávamos em andanças pelo Beco da Lama ou nos shows, ele no palco e eu na plateia. Foi assim em pelo menos duas apresentações no MPBeco, quando classificou suas canções nas primeiras colocações. Opinei na época que uma delas tinha sido a melhor daquela edição.
Carlinhos tinha uma aura de trovador, de voz empostada, grave e um violão virtuoso. Composições bem elaboradas sem uma tentativa poética insistente e sem sucesso, muito visto naquela época. Gostava dele, do seu jeito meio tímido.
Sua morte trágica, sob efeito de soda cáustica me traz o último Carlinhos que vi, não mais no Beco hoje colorido. Mas em um restaurante popular da Zona Norte, que por vezes eu frequentava para almoçar no intervalo do expediente do Diário de Natal. Ele estava triste.
Uma morte horrenda para um homem bom de apenas 55 anos. Já havia regressado para sua cidade de origem, Assu, faz um bom tempo. Sem espaço, sem dinheiro, sem a dignidade que lhe cabia. Carlinhos deixa dois discos, amigos, familiares, admiradores e uma classe artística de luto.
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