segunda-feira, 18 de maio de 2020

O AVANÇO DA DEVASTAÇÃO >> Brasil tem ‘cinco Itálias’ de terras subutilizadas para especulação”







Com quase 160 milhões de hectares de terra subutilizada pela agricultura no Brasil, não se sustenta o argumento do governo Bolsonaro de que é preciso abrir áreas de produção nas terras indígenas. A avaliação é do economista Ladislau Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Em análise feita ao Seu Jornal, da TVT, com base nos dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2017, o economista calcula que há no país 350 milhões de hectares de estabelecimentos agrícolas. Desse total, 220 milhões têm o solo dentro das condições consideradas ideais para a plantação. Mas apenas 63 milhões de hectares são utilizados para a lavoura temporária e permanente, enquanto os outros 157 milhões são de terra subutilizada.
“Isso dá cinco vezes a Itália. E é basicamente a terra que está no rentismo, que você especula, espera valorizar, ou você usa para pecuária extensiva”, avalia Dowbor. “É uma subutilização radical do solo.” De acordo com ele, na contramão do que o governo argumenta, era preciso cobrar imposto sobre a terra parada, a exemplo do que ocorre na Europa. E, principalmente, garantir apoio financeiro e técnico aos pequenos e médios agricultores.
“A pequena e média agricultura, com 23% do solo, assegura mais de 70% dos alimentos produzidos no Brasil”, pontua. “Nós podemos apoiar os municípios, fazer cinturões verdes, produzir localmente. E não só transportar com grandes distâncias a produção. Nós sabemos o que fazer. Agora, dizer que a gente precisa invadir as áreas indígenas, que precisa destruir a Amazônia por razões produtivas, isso é francamente uma farsa.”

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