domingo, 9 de junho de 2013

Língua Portuguesa em tempos de redes sociais

“Linguagem coloquial, utilizada na internet, não empobrece o vocabulário de quem a utiliza”, diz professor“Linguagem coloquial, utilizada na internet, não empobrece o vocabulário de quem a utiliza”, diz professor"O q vc axa d markamos alguma coisa p/ hje?" (sic). É muito comum se deparar com expressões escritas dessa forma nas redes de relacionamento social que a cada dia atrai mais adeptos na rede mundial de computadores. Palavras abreviadas, frases transcritas muitas vezes da forma como são pronunciadas na linguagem oral se disseminam por esse universo virtual, em que a norma culta é "esquecida". Até que ponto a relação entre a Língua Portuguesa e as redes sociais pode ser prejudicial?

Para o professor Geraldo de Paula, chefe do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), esse novo momento social afeta sim a estrutura da Língua Portuguesa, mas também traz benefícios. "As redes sociais já fazem parte da nossa história, é preciso aprender a conviver com essa nova realidade, resultado da evolução tecnológica, e que de certa forma contribui para que as pessoas tenham acesso a um número maior de informações, de leitura", destaca.
 
Segundo o docente, a simplificação da Língua ocasionada pelas redes sociais não é o maior problema. "As mudanças na ortografia foram promovidas justamente com esse objetivo, simplificar a língua, e acredito que esse processo vai ganhar cada vez mais forma. O que nós, enquanto professores, devemos fazer em sala de aula é trabalhar o padrão formal na produção de textos", diz.
 
Conforme o professor da Uern, a linguagem coloquial, utilizada com maior frequência na internet, não empobrece o vocabulário de quem a utiliza, mas é necessário cuidado e atenção para distinguir em que momentos ela deve ser utilizada. "Em determinadas situações até enriquece o repertório, há, por exemplo, obras clássicas escritas a partir da linguagem informal. Mas é claro que esse uso depende de todo um contexto", afirma.
 
Geraldo de Paula revela que a linguística moderna trabalha com uma variedade muito maior de gêneros, que devem ser discutidos e trabalhados em sala de aula com os alunos. "O papel da escola é promover a linguagem culta, já que os estudantes hoje têm acesso a uma gama de linguagem variada, e é preciso fazer essa distinção, para que dessa forma o aluno se torne, digamos, poliglota, e avalie sua capacidade de refletir sobre essa nova realidade", conclui.

Novo acordo ortográfico entrará em vigor em 2016
A obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico, que deveria ser implementada de forma integral a partir de 1º de janeiro de 2013, foi adiada para 2016. A reforma ortográfica altera a grafia de cerca de 0,5% das palavras em português. Com o adiamento, continuará sendo opcional usar, por exemplo, o trema e acentos agudos em ditongos abertos como os das palavras "ideia" e "assembleia".
 
Além disso, o adiamento de três anos abre brechas para que novas mudanças sejam propostas. Isso significa que, embora jornais, livros didáticos e documentos oficiais já tenham adotado o novo acordo, novas alterações podem ser inseridas ou até mesmo suspensas.
 
A decisão do governo teve como objetivo sincronizar as mudanças com Portugal. O país europeu concordou oficialmente com a reforma ortográfica, mas ainda resiste em adotá-la. Assim como o Brasil, Portugal ratificou em 2008 o acordo, mas definiu um período de transição maior.
 
Não há sanções para quem desrespeitar a regra, que é, na prática, apenas uma tentativa de uniformizar a grafia no Brasil, Portugal, nos países da África e no Timor Leste. A intenção era facilitar o intercâmbio de obras escritas no idioma entre esses oito países, além de fortalecer o peso do idioma em organismos internacionais.

Fonte: Jornal O Mossoroense

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