quinta-feira, 4 de julho de 2013

Aprovadas novas regras para direitos autorais



    Roberto Carlos (2º à esq.) comemora a aprovação com Randolfe (presidente da CPI), Humberto (relator), Marta e Renan
Segue para a Câmara projeto que garante transparência na arrecadação e na distribuição, com exigência de que lista de obras utilizadas em rádio e TV seja publicada na internet
Com a presença de artistas como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Caetano Veloso, Nando Reis, Fagner e Fafá de Belém, o Senado aprovou ontem novas regras para cobrança, arrecadação e distribuição de direitos autorais na música. A proposta — substitutivo de Humberto Costa (PT-PE) ao PLS 129/2012, com quatro emendas de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) — segue agora para a Câmara.

O projeto foi elaborado a partir do trabalho da CPI do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), que investigou denúncias de irregularidades. O texto mantém o Ecad como único órgão arrecadador de direitos, mas sob controle estatal. Fica limitado a três anos o mandato dos dirigentes do Ecad, com direito a apenas uma reeleição.

Pelas novas regras, o Ecad também deverá promover acesso público à planilha de custos para uso das músicas. Além disso, será obrigado a divulgar os dados sobre a ­arrecadação e os pagamentos, mas preservando a identidade dos artistas favorecidos.

O substitutivo reduz de 25% para 15% o teto das receitas que podem ser utilizadas para custeio dos gastos do Ecad. Pelo menos 85% deverão ser distribuídos a compositores, intérpretes e outros grupos, como músicos.

Humberto explicou que o Ecad terá quatro anos para fazer a mudança, com diminuição de 2,5 pontos percentuais a cada ano.

Transparência

De acordo com o relator, o Ecad arrecadou R$ 624,6 milhões e distribuiu R$ 470,2 milhões em 2012. O substitutivo assegura transparência na arrecadação e distribuição, exige critérios objetivos para a fixação de preços a serem pagos pelos usuários e determina que a relação das obras usadas em rádios, TVs, casas de shows e outros eventos seja publicada na internet.

A proposta também fixa punições para dirigentes de entidades de gestão coletiva que atuem com dolo ou culpa, além de penalidades para usuários que descumpram as obrigações de informar a utilização de obras e fonogramas. Fiscais de arrecadação de direitos autorais que atuem de forma desonesta serão afastados e sofrerão sanções cíveis e criminais.
Uma das emendas acolhidas estabelece o décimo dia útil do mês como prazo para empresas cinematográficas e de radiodifusão entregarem relação de obras usadas no mês anterior. Outra emenda estabelece que a cobrança dos usuários será proporcional ao grau de utilização.

Interesses
Desde a CPI, a classe artística se mostrava dividida em relação às mudanças. Humberto disse que procurou fazer um relatório que atendesse os diferentes interesses, especialmente dos artistas, mas também garantisse a continuidade do Ecad, que chegou a enfrentar pedido de extinção.

Em menor número que os cantores que compareceram ontem ao Senado foram os artistas que se posicionam contra o projeto, no todo ou em parte. Em entrevistas, verificam-se críticas, por exemplo, à intervenção estatal sobre o sistema de direitos autorais. Um dos argumentos é que o controle fere direito constitucional de livre associação e de gestão das entidades de direito privado, posição reverberada também pelos atuais dirigentes do Ecad.

— Ainda deve haver um debate saudável, para que as inconstitucionalidades ainda presentes sejam corrigidas — defendeu Márcio do Val, gerente de Relações Institucionais do órgão.

Contra a tese de que a supervisão estatal está em desacordo com a Constituição, o relator, Humberto Costa, citou resultado de julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema.

Fonte: Jornal do Senado

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