sábado, 21 de abril de 2018

DIREITOS HUMANOS >> Em busca de respostas: Comissão do Mercosul virá ao Brasil acompanhar caso Marielle

Vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018, em foto de arquivo, na tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
O coordenador da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha o caso, Jean Wyllys (PSOL-RJ), reuniu-se hoje (20), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), com representantes de entidades da sociedade civil e da Defensoria Pública da União, para fazer um balanço das atividades e receber sugestões.  Nos próximos dias 10 e 11, uma diligência da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul (bloco econômico que reúne Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) visitará o Rio de Janeiro para acompanhar de perto os desdobramentos das investigações da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Pedro Gomes. Eles foram assassinados em 14 de março à noite, no centro do Rio. Com o crime, veio à tona a discussão sobre a vulnerabilidade das pessoas que defendem os direitos humanos no país.
No próximo dia 26, Jean Wyllys viajará com a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), como integrantes do Parlasul (órgão legislativo da representação civil da Argentina, do Brasil, Paraguai, Uruguai e da Venezuela), para Montevidéu (Uruguai) para relatar às autoridades latino-americanas como estão as investigações dos assassinatos. Segundo o deputado, é uma maneira de cobrar providências e deixar o Mercosul em alerta. Integrantes da comissão externa da Câmara dos Deputados se reúnem com membros da Defensoria Pública da União (Tânia Rêgo/Agência Brasil) 
Preocupação 
Também em maio, haverá uma audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sobre o tema.  A pesquisadora da Justiça Global Lena Azevedo disse que a preocupação é com a segurança e a manutenção da vida dos defensores dos direitos humanos no país. De acordo com a pesquisadora, estão em pauta os impactos da intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro e a violência nas comunidades.  A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-coordenadora da comissão externa, lembrou a importância de a investigação identificar a motivação do crime. 
“Tem um aspecto decisivo que é a motivação porque isso dá o alcance de risco para os outros defensores de direitos humanos e o entorno desse crime”, afirmou.  O diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB-RJ, Aderson Bussinger, disse que a entidade acompanha com atenção e cobra explicações das autoridades públicas sobre as 100 mortes registradas, no Rio, apenas em fevereiro. "Isso não é qualquer coisa, temos isso registrado e temos inclusive nominado. Estamos cobrando para que seja esclarecido como se deram todas essas mortes", observou.  
O defensor público federal Thales Arcoverde Treiger ressaltou que o Rio de Janeiro é o único estado que não dispõe de programa de proteção às testemunhas. Ele relatou que sua equipe começou um trabalho de visita às comunidades para analisar a situação dos moradores. As comunidades da Rocinha e Pavuna são as primeiras. Até o fim do ano, serão feitas 40 visitas às comunidades pela Defensoria Pública da União. Balanço  Segundo o relator da comissão externa da Câmara, deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), houve reuniões com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, e o delegado de Homicídios do Rio, Fábio Cardoso, para fazer um balanço sobre os impactos da intervenção federal na segurança pública do estado.  
“O resultado da reunião com o doutor Fábio foi: primeiro, temos à disposição tudo o que é necessário para fazer o acompanhamento da investigação, não nos falta nada para isso. Palavras dele. Estamos completamente motivados na definição de mandantes, executores e motivação. E, terceiro, já houve avanços nas investigações. Isso antes de completar um mês.”  Braga destacou também que o Gabinete de Intervenção informou que, numa comparação temporal com o que foi a investigação do assassinato da juíza Patrícia Accioli, no caso Marielle e Anderson a investigação está mais avançada. Segundo ele, as apurações sobre as mortes da juíza e do Amarildo demoraram pouco mais de dois meses cada. 
"O que leva a crer que há o indicativo de que no próximo mês nós teremos algum relato sobre quem teria sido o executor, [para] a partir daí se chegar ao mandante e saber a motivação do crime”, disse.  A comissão externa da Câmara também se reuniu com o Ministério dos Direitos Humanos e teve a garantia de que o programa de proteção à testemunha está funcionando e já integrou um número de pessoas que não pode ser divulgado.
Da Agência Brasil

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