quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A HISTÓRIA COMO TESTEMUNHA >> Do “Só tem Ela” ao “Ela Sim”: Fátima governadora

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Lá para os idos de 1996 tive a oportunidade de ser um dos coordenadores da primeira campanha majoritária de Fátima Bezerra para prefeita de Natal. Naquela ocasião, foi escolhido como slogan de campanha: SÓ TEM ELA. O publicitário disse que a ideia surgiu de uma fala popular. E seria potente como linguagem de campanha, pois a candidatura simbolizava a única capaz de mudanças. A disputa foi para segundo turno: Fátima (PT) e Wilma de Faria (PSB). A última venceu a disputa. O Só tem Ela simbolizou outra faceta da campanha petista: a incapacidade de ampliar alianças no segundo tento eleitoral.
Confirmou-se imaturidade política e, também, a desconfiança da população com uma candidatura exclusivista e sectária. O fato histórico relevante é que Fátima Bezerra após aquela campanha fixou sua marca de liderança alternativa. Natal tem sido carrasca. Nunca a elegeu prefeita, embora sempre tenha lhe dado consagradas votações para o parlamento. Nas últimas eleições, a senadora se elegeu governadora com uma votação consagradora e como a mais robusta na história das eleições do RN. Em um cenário adverso, pois a onda bolsonarocida foi forte midiaticamente e o seu adversário a surfava sem escrúpulos ideológicos. Mas Fátima tinha robustez na campanha. Tinha Haddad ao seu lado, que foi o mais votado no RN para presidente e, além disso, teve seu capital político valorizado pelas conquistas na área de educação para o Estado: Institutos Federais como moeda mais forte discursivamente e enraizada nas microrregiões potiguares.
A população pareceu confiante na candidata a partir destas conquistas. Certamente a viu como herdeira de Lula e das oportunidades obtidas. Foi com este capital que a candidata ampliou as alianças e apoios em segundo turno. Até mesmo de parlamentares do PSDB, tradicionais adversários do PT.  O RN disse ELA SIM e, ao mesmo tempo, espera uma governadora capaz de políticas públicas consistentes tais como aquelas dos Institutos Federais. Mesmo em um cenário de crise nas finanças estaduais e sendo oposição ao presidente da República. Além dos desafios mencionados, seu futuro governo deverá ser um contraponto ético e moral aos discursos recentes em nosso país. Sobretudo no combate aos dogmas bolsonarocidas expressos por embustes como Escola Sem Partido, diminuição da maioridade penal, criminalização das drogas e do aborto e não como questão de saúde pública e responsabilidade do Estado.
E, por último, deve considerar o diálogo com as religiões como componente da cultura política e determinante para qualquer gestão. É preciso que a governadora abra um canal de diálogo com esses setores. Sobretudo com representantes das religiões pentecostais, pois são aqueles que sempre demonstram maior resistência aos discursos da esquerda e maior alinhamento aos dogmas do presidente eleito. É preciso que o futuro secretário de Educação, em especial, agende audiências com os mesmos para um entendimento racional sobre o projeto Escola sem Partido. Ao invés de pedirem a punição de professores, é preciso que se somem a uma brigada em defesa da educação e qualidade da escola. Isto significa verbas para manutenção das escolas, remuneração decente aos educadores e uma relação pedagógica a partir de parâmetros curriculares sintonizados com as questões de nosso tempo e, também, capazes de produzir alunos com competência para o saber pensar e o exercício prático de suas formações. A exemplo do governador do Maranhão, Flávio Dino, a governadora eleita deverá fazer da escola um espaço de liberdade e de combate aos preconceitos e censuras.
Curiosamente o slogan de 1996 pode ser revivido. Afinal de contas, Fátima é a única mulher a governar um Estado atualmente. SÓ TEM ELA!

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