terça-feira, 19 de novembro de 2019

O HOMEM DO POVO NO MEIO DO POVO >> Lula arrasta mais de 200 mil pessoas em festival no Recife



Recife – “Eu estou vendo os salários desaparecerem; estou vendo a aposentadoria cada vez mais distante do povo trabalhador e estou vendo que estamos com dificuldade em reagir”, disse o ex-presidente Lula durante o discurso a um mar vermelho que esteve na Praça Nossa Senhora do Carmo, no bairro Santo Antônio, na região central do Recife (PE) neste domingo, durante o primeiro Festival Lula Livre com a presença do líder petista.

A tão esperada chegada de Lula se deu por volta das 18h30, depois de diversos artistas passarem pelo palco ao longo da tarde. O ex-presidente canalizou o discurso em eixos ligados aos ataques proferidos pelo governo Bolsonaro à classe trabalhadora; às arbitrariedades do ministro da justiça Sérgio Moro; aos dias em que ficou na prisão e, principalmente, fez agradecimentos ao presidenciável e ex ministro da educação Fernando Haddad, que também esteve no palco ao lado do líder petista. Com palavras de gratidão, Lula direcionou reconhecimento a Haddad pela campanha de 2018, além de gentilmente ter mencionado os artistas que construíram a festa, ressaltando a importância de valorizar e incentivar à cultura.


Ao longo de sua manifestação, Lula falou sobre sua nova paixão e de como tem se sentido jovem, “com energia de alguém com 30 anos e tesão de alguém de 20”. Aproveitando o momento, chamou a companheira Rosângela da Silva para se aproximar e a apresentou ao público que, em resposta, lançou em coro: “beija, beija!”. Sem graça, o ex presidente falou que era tímido e não iria atender aos pedidos. Mas a namorada  foi mais ágil e lascou um beijo no presidente, deixando o público em delírio.

O festival teve início ao meio dia e contou com mais de 40 artistas, blocos de carnaval e rodas de samba. De acordo com a organização do evento, mais de 200 mil pessoas passaram pela praça Nossa Senhora do Carmo.

Da constelação de estrelas que participaram do ato cultural e político para celebrar a liberdade do ex-presidente estavam Otto, Mundo Livre S/A, Marcelo Jeneci, Odair José, Aline Calixto, Francisco El Hombre, Lia de Itamaracá, Digitaldubs, Siba, Johnny Hooker e Chico Cesar.

A festividade estava marcada antes mesmo do alvará de soltura que libertou o presidente no último dia 8. Mas com a confirmação da presença do líder, o evento ganhou uma grande proporção e mobilizou movimentos sociais e pessoas de toda região Nordeste.

Com a notícia da primeira visita de Lula ao coração do Brasil, a capital pernambucana recebeu muitas caravanas dos estados vizinhos. De Natal, a exemplo, três ônibus de viagem organizados pelo Comitê Lula Livre do RN seguiram com destino a Recife.

Essa foi a terceira vez que o presidente falou com seus fãs e admiradores após sair da prisão. A primeira aconteceu em Curitiba, minutos depois de deixar o prédio da Polícia Federal. No dia seguinte, Lula discursou para mais de 50 mil pessoas em frente a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, interior de São Paulo.

Ao longo da tarde, debaixo de sol forte, muita gente, entre crianças, idosos, cadeirantes e bebês de colo foram tomando o largo da Praça do Carmo que se transformou em um verdadeiro carnaval fora da época. O evento teve direito a muito glitter, camisetas vermelhas e adereços de todos os tipos.

No decorrer da programação, a banda pernambucana Mundo Livre entrou no palco no fim da tarde fazendo referência a importância desse momento histórico para democracia e criticando a Rede Globo por estar “silenciando o momento”, disse Fred, vocalista do grupo.

Logo depois, o palco foi ocupado por mulheres. Primeiro Bia Ferreira e em seguida Doralice, que marcou presença usando uma blusa estampada de Dilma Roussef e dedicou sua luta à mãe e a ex-presidenta. Para a cantora, o golpe contra Roussef em 2016 foi machista e misógino. Enquanto se apresentava, Carla Guino fazia a mixagem da rapper. No fim, as mulheres terminaram o show com gritos de “salve o rap nacional”, em um apelo à resistência da cultura da periferia.

Ainda com o palco ocupado por mulheres, Raissa Dias, também pernambucana, “puxou um breguinha” para aquecer a noite “já que estamos em Recife, o país do brega”, declarou. A música de Raissa Dias é “um som que ecoa de dentro da favela”, disse a artista, que mais adiante finalizou sua performance declarando que “mulher também pode cantar brega funk”.

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