Embarque em uma viagem por diferentes épocas e regiões do país em dez importantes produções do cinema brasileiro. Confira a lista!
Ao longo de toda a sua história, o cinema brasileiro tem produzido diferentes representações e narrativas sobre o país e sua cultura. É verdade que, com certa frequência, os filmes sobre Brasil recorrem a certos estereótipos associados a uma ideia de identidade nacional que parece estar mais preocupada em adequar-se às expectativas do olhar estrangeiro do que com a concepção de imagens que estejam de fato atreladas a realidade brasileira.
Nos últimos anos, porém, é possível notar um movimento de mudança na construção de um imaginário nacional nas produções cinematográficas brasileiras. O samba, o carnaval e o futebol se deslocam na cena, abrindo espaço para questionamentos que dizem respeito a temáticas urgentes no país, como as desigualdades sociais, os embates políticos, as lutas de classe, os direitos trabalhistas e o acesso à moradia.
Aqui, nós preparamos uma lista com dez obras fundamentais do cinema nacional para quem deseja compreender a fundo os processos e complexidades que constituem o nosso país. Confira as dicas e boa sessão!
Arábia (2017), João Dumans e Affonso Uchoa
Na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, um jovem (Murilo Caliari) encontra sem querer o diário de um operário metalúrgico que sofreu um acidente de trabalho. Através das memórias do trabalhador, o menino irá embarca em uma jornada pelas condições de vida das pessoas que trabalham nas fábricas.
Baile Perfumado (1997), Lírio Ferreira e Paulo Caldas
Amigo de Padre Cícero (Jofre Soares), o mascate libanês Benjamin Abrahão (Duda Mamberti) imagina que, fazendo um filme sobre Lampião (Luís Carlos Vasconcelos) e o seu bando, ele poderá ficar rico. Benjamin, então, procura o famoso cangaceiro para compartilhar a sua ideia, mas os seus planos serão prejudicados pela ditadura do Estado Novo.
Central do Brasil (1998), Walter Salles
Dora (Fernanda Montenegro) é uma escrivã que passa os dias redigindo cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no centro do Rio. Embora não envie todas as cartas que escreve, ela decide ajudar um menino (Vinícius de Oliveira) a encontrar o pai que vive no interior do Nordeste e ele nunca conheceu.
Cabra Marcado Pra Morrer (1984), Eduardo Coutinho
No início dos anos 1960, o líder camponês João Pedro Teixeira foi assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. Eduardo Coutinho começou a fazer um filme em homenagem a sua trajetória, mas foi interrompido pela ditadura militar. Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, que agora vivem espalhados em diferentes lugares do país.
Doméstica (2012), Gabriel Mascaro
Ao longo de uma semana, sete adolescentes brasileiros filmam o dia a dia de suas empregadas domésticas. Com o material que recebeu dos cineastas amadores, Gabriel Mascaro produziu um documentário que fomenta a discussão sobre as relações de poder e carinho estabelecidas entre patrões e empregados.
Madame Satã (2002), Karim Ainouz
No Rio de Janeiro dos anos 1930, João Francisco (Lázaro Ramos) é um artista transformista que sonha em tornar-se um astro dos palcos após deixar o cárcere. Livre da prisão, ele vai viver com a sua companheira, Laurita (Marcélia Cartaxo), e outros amigos próximo ao bar Danúbio Azul. Neste ambiente, João se tornará a mitológica Madame Satã.
O Processo (2018), Maria Augusta Ramos
Sem entrevistas ou intervenções, O Processo aborda a crise política enfrentada pelo Brasil desde 2013. O filme de Maria Augusta Ramos revela imagens raras das votações e discussões que determinaram a destituição da presidente Dilma Rousseff.
O Som Ao Redor (2012), Kleber Mendonça Filho
Um grupo de supostos seguranças chega a uma rua de classe média na Zona Sul de Recife com a promessa de garantir proteção aos moradores do lugar. Se de um lado há pessoas que comemoram a presença da segurança privada, há também os que vão passar momentos de tensão causados justamente por esse grupo.
Temporada (2019), André Novais
Juliana (Grace Passô) se muda de Itaúna, no interior de Belo Horizonte, para a periferia de Contagem, localizada na região metropolitana. Na nova cidade, ela começa a trabalhar no combate às endemias na região e conhece pessoas e situações que vão mudar a sua vida. Por outro lado, Juliana precisa enfrentar as turbulências na relação com seu marido, que em breve também irá para a cidade grande.
Torre das Donzelas (2019), Susanna Lira
Quarenta anos depois de serem presas durante a ditadura militar, um grupo de mulheres revisita memórias e fala sobre a sua experiência na Torre das Donzelas, nome como era chamada a penitenciária feminina.
Cinema Brasileiro: propostas para uma história, Jean-Claude Bernardet
Publicado em 1979, Cinema brasileiro: propostas para uma história explora a presença do cinema no cenário cultural do país desde o fim do século XIX até os anos 1970. Além de resgatar a história do cinema brasileiro e as discussões relativas à sua realização no país, o livro discute a importância do cinema como uma política cultural no país.
Feminino e Plural: Mulheres No Cinema Brasileiro, Karla Holanda e Marina Cavalcanti Tedesco
Feminino e Plural: Mulheres No Cinema Brasileiro discute a dimensão da participação feminina na construção do cinema nacional. A obra reúne uma série de textos que propõem a intervenção, o resgate e a reavaliação do papel das mulheres no cinema brasileiro e de sua representação nos filmes produzidos no país.
Nova História do Cinema Brasileiro, Fernão Pessoa Ramos e Sheila Schvarzam
Organizada por Fernão Pessoa Ramos e Sheila Schvarzam, a coletânea Nova História do Cinema Brasileiro reúne textos escritos por pesquisadores e especialistas e que delineiam um panorama atualizado e detalhado do cinema brasileiro. Nesse volume, o primeiro da coleção, a história do cinema nacional é abordada desde a década de 1910 aos anos 1950.
O Negro Brasileiro e o Cinema, João Carlos Rodrigues
Em O Negro Brasileiro e o Cinema, João Carlos Rodrigues discute a posição das pessoas negras diante da produção nacional cinematográfica nacional, na frente e por trás das câmeras. A obra nos mostra que, infelizmente, a presença das pessoas negras no cinema permanece ligada a representações associadas às raízes escravocratas, presentes tanto no papel que lhes é dado nas produções cinematográficas como na restrição do seu acesso à educação e à cultura no país.
Revisão Crítica do Cinema Brasileiro, Glauber Rocha
Revisão Crítica do Cinema Brasileiro é o primeiro volume da Coleção Glauberiana e reúne artigos escritos por Glauber Rocha entre os anos de 1958 e 1963. Os textos do diretor baiano discutem desde o pioneirismo de Humberto Mauro e Mario Peixoto ao surgimento do Cinema Novo brasileiro com a trilogia carioca de Nelson Pereira dos Santos, lançada no final da década de 1950.
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