Uma emissora estadunidense entrevistou pessoas de origem latina e árabe que votaram em Donald Tump e apoiavam seus projetos, entre eles crianças postas em jaulas e separadas de seus pais, construção de muros e deportações.
Durante a entrevista, o jornalista perguntou para um imigrante latino-americano: “o senhor apoia a construção de muros e as deportações mesmo sendo originário de outro país da América Latina?”
O entrevistado responde: “claro!”.
O repórter insistiu: “mas você é latino!”.
O entrevistado finaliza: “não, agora eu tenho green card”.
Em outros termos, o entrevistado diz: agora não quero fazer parte dos excluídos, quero fazer parte dos que excluem. Assim, sinto-me fazendo parte de uma maioria que reforça em mim um gozo que pressupõe uma fantasia de dominação.
Tais votos e apoios, em sua grande maioria, não se referem a projetos econômicos, de investimento e de estrutura social. Em sua maioria são sobre afetos, pulsões e gozos que encontram vazão. São ações, comentários, discursos e pedidos de intervenção, de repressão e aniquilação do outro que refletem uma demanda social. Por isso, não é surpresa o apoio de eleitores latinos, árabes e negros em candidatos racistas e autoritários, seja nos Estados Unidos ou no Brasil.
Texto: Luis Gustavo Reis
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