segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Angicos: A nova cidade universitária


O complexo do campus da Ufersa Angicos conta com um bloco com 10 salas de aula, 10 laboratórios e 35 salas de professores

A partir dessa segunda-feira, 28, no município de Angicos, na região do Sertão Central do Rio Grande do Norte, entra em funcionamento o campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – a Ufersa Angicos. Apesar de a universidade ter entrado em funcionamento em 2009, só agora, após 2 anos, ocupará definitivamente a sua sede própria. Nesse período, funcionou no Educandário Padre Félix, cedido pela Arquidiocese.

Quem tem a oportunidade de conhecer a estrutura do novo campus da Universidade do Semi-Árido pode comprovar a grandiosidade da obra que representa um investimento na ordem de R$ 22 milhões. Trata-se de um conjunto de prédios que mudou a passagem da caatinga no coração do Sertão Central. “É o maior investimento na área da educação já realizado de uma só vez na região do semiárido do Rio Grande do Norte”, afirma o reitor da Ufersa, professor Josivan Barbosa.

O complexo do campus da Ufersa Angicos é audacioso e conta com um bloco com 10 salas de aulas; um bloco com 10 laboratórios, sendo 4 de informática, 4 de física e 2 de química; um bloco com 35 salas de professores; prédio administrativo; biblioteca com acervo inicial de 3.500 livros; setor de transporte, patrimônio e almoxarifado; centro de convivência e auditório. É essa estrutura que os estudantes e professores vão encontrar a partir dessa segunda-feira, 28, quando começa as aulas do primeiro semestre letivo. O campus possui plano diretor sendo totalmente urbanizado com estacionamento e rede elétrica, hidráulica e lógica (informática), além da estação de tratamento de água servida.

Com os novos 200 estudantes que conquistaram vaga na Ufersa Angicos nesse primeiro semestre de 2011, por meio do Sistema de Seleção Unificado – SiSU, utilizando as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM, o município contará com mais de 800 estudantes e 53 professores morando no município. Um diferencial importante é que os docentes, mestres e doutores, têm regime de trabalho de dedicação exclusiva, permanecendo na cidade durante toda a semana.
O campus da Ufersa do Sertão Central oferece atualmente cinco cursos de graduação: Ciência e Tecnologia Diurno, Ciência e Tecnologia Noturno, Computação e Informática Noturno e Matemática Diurno. E a partir de abril, terá início a primeira pós-graduação da Ufersa Angicos que é o Curso Especialização em Sustentabilidade para o Semi-Árido – CESSA. “No final do ano, a Ufersa Angicos estará formando a sua primeira turma do Bacharelado em Ciência e Tecnologia com cerca de 70 estudantes”, afirma o diretor do campus, professor Edcarlos Alves Leite. Esses estudante, num total de 150, entraram na Ufersa no exame vestibular de 2009.1.

Segundo o professor Edcarlos Leite 60% dos estudantes que entram na Ufersa são provenientes dos municípios que compõem a Região do Sertão Central – Lajes, Pedro Avelino, Açú, Afonso Bezerra, Fernando Pedrosa, Santana do Matos, Itajá, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, entre outros. Os demais 40% são das outras regiões do Rio Grande do Norte e de estados vizinhos como Ceará, Pernambuco e Paraíba, mais também de estados como Sergipe, Minas Gerais e São Paulo. “Com o sistema de seleção pelo SiSU observamos um crescimento no número de alunos provenientes de municípios mais distantes”, pontua o diretor. Com relação aos estudantes nativos de Angicos, o diretor adiante que o número ultrapassa 40.

Ao concluir o curso de Ciência e Tecnologia os bacharéis poderão ingressar no mercado de trabalho ou optar pela continuidade dos estudos ingressando em uma das sete engenharias oferecidas pela Ufersa Mossoró: Mecânica, Civil, Agrícola e Ambiental, Química, Produção, Petróleo ou de Energia. O professor Edcarlos Leite explica que o acesso a uma das engenharias será pelo ranking das notas do aluno, e que terá peso variável de acordo com o curso que o candidato escolher.

Agência recebe contas de universitários

É na agência do Banco do Brasil da cidade que melhor podemos sentir as mudanças que vêm ocorrendo na economia do município com a implantação da Ufersa. A cada semestre, afirma o gerente Emanoel Nazareno Vidal Araújo, são abertas cerca de 50 novas contas universitárias. Também é frequente a abertura e solicitações de transferências de contas por parte dos professores o que incrementa os serviços oferecidos pelo banco, como os financiamentos e empréstimos, por exemplo.

“É notável a diferença quando comparamos o período de aula com as férias. Angicos só tem movimento, e até festa, no período de aula da Universidade”, constata o gerente do Banco do Brasil. Emanoel Vidal diz ainda que a economia se movimenta em cadeia e que um setor reflete positivamente nos demais. Só estudantes, serão 800 instalados na cidade a partir dessa segunda-feira, 28, com a grande maioria consumindo e pagando moradia na cidade.  O gerente garante que os benefícios econômicos com a Ufersa são consideráveis para um município que dispõe de uma população com pouco mais de 11 mil habitantes. “Atualmente, o capital de giro do BB em Angicos é de R$ 4 milhões e de investimentos R$ 2 milhões”. Outro indicativo é o número de servidores da instituição que aumentou de 7 para 11 e existe a expectativa de novos bancários na agência com o concurso para março. “O BB  tem R$ 11 milhões aplicados em financiamentos à pessoa física”.

Instalação da Ufersa aquece economia de Angicos

Entre os moradores de Angicos é notório que a instalação da Universidade Federal Rural do Semi-Árido trouxe grandes benefícios para a cidade. Essa realidade é sentida pelo comércio, serviços, mercado imobiliário e bancos o que reflete na oferta de empregos. Para se ter uma ideia desse aquecimento na economia, de janeiro de 2009 até agora, as construtoras do novo campus empregaram mais de 80 operários, a maioria da própria cidade e de Mossoró.

Outro indicativo é o preço dos alugueis que sofreram um super aquecimento. Um exemplo é o preço cobrado pelo kit net – quarto e banheiro – que tem preço de R$ 250,00. Quando se trata do aluguel de uma casa simples, o preço mínimo é de R$ 600,00.

“Angicos antes era uma, hoje é outra”, afirma a proprietária da loja Efegê Variedades, Geralda Macedo Gonçalves, localizada no centro, vizinho ao mercado. Para a comerciante, no seu estabelecimento houve um aumento vertiginoso nas vendas, principalmente, de material escolar. “Acho bonito dizer Angicos agora é uma cidade universitária. Creio que a tendência é crescer ainda mais”, afirma Geralda Gonçalves. A panificadora São Francisco, na Avenida Georgino Avelino, virou ponto de encontro para os estudantes da Ufersa. O funcionário Jeová Augusto diz que o aumento nas vendas foi superior a 30% com a instalação da Universidade.

Unidade movimenta o município

Com o funcionamento do campus da Ufersa são mais estudantes, professores e servidores morando em Angicos. Pegando como base só os estudantes que gastam uma média de R$ 400,00 por mês, com moradia e alimentação, o valor mensal movimentado no município é de R$ 320 mil. Uma quantia considerada para um município que, segundo dados do IBGE, a cada Censo registrava queda no número de sua população. No campus de Angicos 157 estudantes já são bolsistas de pesquisa, extensão ou de atividades mantidas pela universidade.

Além do aquecimento econômico, a instalação da Universidade Federal do Semi-Árido em Angicos representa mais oportunidade para os jovens da Região do Sertão Central que durante anos ficou impossibilitado de entrar na Universidade. “Os nossos jovens precisam despertar para o potencial transformador da educação e a Ufersa se expande oferecendo essa oportunidade”, argumenta o reitor, professor Josivan Barbosa.

Um exemplo de um angicano que aproveita essa oportunidade para mudar de vida é o vigilante Djalma Júnior, 39, que cursa Sistema de Informação, na Ufersa. “Há muito tempo tinha esse objetivo, em 2006, entrei numa faculdade particular em Açú, no curso de contábeis, mas tive que deixar, pois custava caro e ficou complicado trabalhar aqui e estudar fora”, admite Djalma que há 5 anos, trabalha na ADS Segurança. “Faço a minha parte para que, ao concluir o curso, eu possa ter mais oportunidade de crescimento profissional”, acredita.

Fonte: Jornal Tribuna do Norte

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