Lula no Senado: “Quem nega a política pratica a ditadura” |
O Senado comemorou nesta terça-feira (29), os 25 anos da Constituição
entregando condecorações a todos os atuais senadores que participaram da
Assembleia Nacional Constituinte, como Paulo Paim (PT-RS) e para os
ex-presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula
da Silva e para o relator da Constituição, Bernardo Cabral.
Num discurso rápido, de dez minutos, Lula falou da importância da
participação popular nas decisões sobre os rumos do País e reforçou que a
negação da Política nunca foi capaz de construir nada de positivo.
“Se a juventude brasileira lesse a biografia do Getúlio, a do Juscelino
Kubitscheck e outras, possivelmente, as pessoas não iriam desprezar a
política e, muito menos, a imprensa iria avacalhar a política como
avacalha hoje. Na hora em que as pessoas tentam diminuir a imagem da
política e os políticos, não há nenhum momento na história, em lugar
nenhum do mundo, que a negação da política trouxe algo melhor do que a
política. O que aparece sempre, quando se nega a política, ou é um grupo
ou é uma pessoa praticando, na verdade, ditadura; praticando, na
verdade, políticas que não condizem com aquilo em que nós acreditamos”.
Lula destacou o que considerou a maior inovação da Constituição
Brasileira: “a Constituição anterior dizia que o poder emana do povo e
em nome do povo será exercido enquanto que a atual Constituição fala que
o poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de seus
representantes e isso é um avanço extraordinário que nós tivemos”,
recordou, acrescentando que, em sua opinião, foi a nova Constituição,
que, na verdade, “garantiu a refundação da democracia em nosso País”.
Assinatura
Sobre as histórias, repetidas inúmeras vezes, de que o Partido dos
Trabalhadores não assinou o texto final em 88, Lula disse que “uma
inverdade repetida inúmeras vezes acaba ganhando um fundo de verdade. E
explicou: “nós só tínhamos 16 Deputados – mas agíamos como se tivéssemos
470. Chegamos aqui com um projeto de Constituição e com um projeto de
Regimento Interno e o dado concreto é que nós não votamos favoravelmente
à Constituição porque tínhamos o nosso projeto e assinamos a
Constituição por termos participado de sua construção, como os demais
Constituintes”, assegurou.
Lula citou o então presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, em defesa
do texto constitucional: “Quanto à Constituição, discordar, sim,
divergir, sim, descumprir, jamais, afrontá-la, nunca”.
Também citando Ulysses, lembrou a importância da construção de um
Estado cidadão: “O inimigo moral do homem é a miséria. O Estado de
direito da igualdade não pode conviver com o estado de miséria. Mais
miserável que os miseráveis é a sociedade que não acaba com a miséria”.
(Giselle Chassot - PT no Senado)
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