segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Conscientização é essencial para elevar o número de transplantes

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Desde o início do mês de setembro, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio da Central de Transplantes, realiza a campanha estadual “Setembro Verde”, uma referência ao Dia Nacional de Doação de Órgãos (27/09).  

Diversas ações de sensibilização estão sendo realizadas junto à população e profissionais de saúde sobre a importância da doação de órgãos, como palestras e jornadas. Além disso, alguns monumentos públicos estão iluminados de verde, cor escolhida nacionalmente para representar a doação de órgãos, como a sede da Prefeitura, o Pórtico dos Reis Magos e a Ponte Newton Navarro. 
 
Segundo a coordenadora da Central de Transplantes do RN, Patrícia Maciel, “essa mobilização em torno da doação de órgãos é fundamental para o sucesso desse trabalho, tendo em vista que em nossa legislação a doação de órgãos para transplante só pode acontecer mediante autorização familiar". 
 
"Provocar a conversa sobre esse tema em família é uma forma de incentivar que as pessoas comuniquem sua vontade de modo que os familiares tenham mais segurança e clareza no momento de decidir sobre a possível doação de órgãos de um ente querido”, acrescenta. 
 
No Rio Grande do Norte hoje 39 pessoas esperam por um transplante de córneas e 129 por um transplante renal. O Estado registrou no primeiro semestre deste ano 11,1 doadores efetivos por milhão de população (pmp), pouco abaixo da média nacional que está em 13,4 doadores pmp. 
 
De acordo com Patrícia Maciel, “uma queda importante, mas que ainda necessita de muito trabalho no sentido de redução cada vez maior para possamos aumentar o número de doações e consequentemente o de transplantes”. O transplante renal vem obtendo desempenho cada vez mais expressivo. Em 2012 apenas 50% dos rins captados no Estado eram transplantados no RN, esse número vem crescendo gradativamente e no segundo trimestre de 2015 100% dos rins captados no RN foram transplantados em potiguares. 
 
A resistência que muitas famílias têm em autorizar a doação de órgãos de seus parentes após a constatação da morte encefálica é apontada pela Central de Transplantes como o principal fator que provoca longas filas de espera para o recebimento de um novo órgão no Rio Grande do Norte. O índice de rejeição das famílias à doação saltou de 53% no segundo semestre do ano passado para 57% em 2016, percentual considerado alto pela coordenação do programa.
 
A média de rejeição potiguar, inclusive, está acima da registrada na região Nordeste, onde a coleta não é autorizada pelos parentes em 50% dos casos. A razão pela negativa das famílias no estado está associada a uma gama de fatores, que incluem desde questões religiosas a desinformação sobre como funciona o processo de doação dos órgãos. 
 
Segundo Marianne Araújo Rocha, subcoordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), da Secretaria Estadual de Saúde, diversas famílias se negam a autorizar a realização de doações simplesmente por desconhecer os métodos utilizados para a retirada dos órgãos. 
 
Muitos acreditam que os corpos são desfigurados para a colheita das peças. “Todo o processo é feito de modo seguro, acompanhado por profissionais responsáveis. Por lei, há a garantia de que os corpos devem ser preservados e devolvidos às famílias com total integridade”, salienta.
 
Além disso, como nos casos de morte cerebral o organismo continua exercendo algumas funções de forma mecânica, muitos familiares têm receio de que o quadro possa ser reversível. Entretanto, o diagnóstico é definitivo e seguro, dizem os especialistas, não existindo a possibilidade de que o paciente volte a ser reanimado.
A emissão do laudo conta com respaldo de pelo menos dois médicos, o que acompanha o paciente na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e um neurologista ou neurocirurgião. O atestado é confirmado por um exame de imagem, o eletroencefalograma, que mede a atividade cerebral. Caso a morte encefálica seja constatada, o quadro é irreversível e os movimentos cessam dentro de algumas horas.
 
Com o laudo em mãos, a decisão sobre a doação de órgãos fica a critério da família. Os parentes precisam agir de forma rápida e consciente, pois em no máximo dois dias o funcionamento dos órgãos fica comprometido e a doação não pode mais ser realizada.
 
Em caso positivo, as informações são cadastradas no sistema nacional que considera a análise de compatibilidades e prioridades. Os processos de constatação da morte, encaminhamento do órgão e realização do transplante são feitos por equipes distintas para garantir que o processo siga sem conflitos de interesse ou favorecimento de terceiros.
 
Primeiro existe o trabalho da UTI do hospital, responsável pelo diagnóstico e pelo primeiro contato com a família. Em seguida tem início o processo de captação realizado pela OPO (Organização de Procura de Órgãos). Ao final desta etapa existe uma equipe de transplantadores, responsáveis pelo processo cirúrgico do receptor. "Existe um sistema entrelaçado de notificação. Todas as doações passam pela central. Não existe como burlar o sistema ou atuar com conflito de interesses", conta a subcoordenadora da CNCDO, Marianne Rocha.
 
Estado oferece três tipos de transplantes
 
O Rio Grande do Norte viabiliza transplantes de rins, córnea e medula óssea. Outros órgãos podem ser coletados, mas são encaminhados para outros estados através da central de transplantes. No caso nos transplantes de rins, 73% dos órgãos coletados no estado são transplantados em pessoas que estão na fila de espera do próprio RN. Atualmente, 327 pessoas compõem a lista de aguardo por órgãos. São 146 pacientes esperando por córnea, 146 por rim e 35 por medula óssea. As doações para medula são feitas com pacientes vivos, no Hospital Universitário Onofre Lopes. 
 
Este ano, foram realizados, no Rio Grande do Norte, 67 transplantes de córnea, 38 transplantes de rim e 35 transplantes de medula óssea, de acordo com as estatísticas até agosto. Em 2015 foram realizados 131 transplantes de córnea, 65 transplantes de rim e 39 transplantes de medula óssea.
 
O Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo em números absolutos. O transplante de rim é o mais comum, representando 91% dos transplantes feitos no país. A taxa de doadores no país é de aproximadamente 14 por milhão de habitantes, maior que em países como a China e o Japão, mas está aquém da média considerada ideal de 15 doadores por milhão de habitantes, como ocorre em nações como Canadá e na Austrália.
 
Durante todo o mês de setembro, a Secretaria Estadual de Saúde vem realizando uma série de atividades que visa informar a população sobre a importância da doação de órgãos. A campanha faz parte do “Setembro Verde”, ação criada pelo Ministério da Saúde para dar maior visibilidade ao tema e tem abrangência nacional. 
 

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