No sul de Minas Gerais, a maior região produtora de café do Brasil, nasce o café orgânico e agroecológico Guaií, fruto do trabalho de 20 famílias assentadas do MST no município Campo do Meio.
O assentamento produz café desde 1996, mas há 8 anos começou a fazer a transição para produtos sem insumos químicos, livres de agrotóxicos e sementes transgênicas. Tuira Tule, da direção do setor de produção da regional do Sul de Minas Gerais, explica que a mudança foi estrutural no assentamento. "Para nós produzir de forma agroecologia é muito mais do que a troca de insumos do pacote convencional para o orgânico, é uma outra forma de se relacionar com o campo, com o trabalho", considera.
Tule conta que o trabalho de produção é totalmente familiar e coletivo. O trabalho é feito pela Cooperativa Camponesa e por dois coletivos de mulheres que existem no assentamento, o Olhos D'água e o Raízes da Terra. "A cultura do café é muito exigente de mão de obra, então muitas das nossas famílias ainda trabalham em sistemas de mutirão mesmo que o plantio seja feito de forma individual, mas mesmo no trato e na colheita vão sendo realizados por pequenos mutirões entre as famílias e entre os coletivos", aponta.
Roberto Carlos do Nascimento, assentado do MST, produtor de café, é dirigente da cooperativa que assina a marca do café Guaií. De acordo com ele, todo o processo de produção ocorre dentro do assentamento, com exceção da torra e ensaque respeitando a produção livre de veneno. "Não é permitido uso de produtos químicos no trato dele [café] e nem a utilização de herbicida e qualquer produto que não seja permitido utilizar dentro da produção orgânica e agroecológica", pontua.
Nascimento assegura que um café livre de química é mais saboroso. "Na questão da qualidade do café são os cuidados no manuseio da lavoura e o processo de colheita que influenciam no resultado do café", assegura. Ele ressalta que café orgânico pode sim ter um preço acessível, desde que o produtor tenha tecnologia para otimizar a produção.
É a tecnologia também que permite mais participação das mulheres no processo."Das nossas famílias que nós organizamos, a relação da mulher com a produção de café tem outro tipo de ação. As mulheres estão envolvidas desde o plantio, nos tratos culturais, na colheita e tem mulheres que produzem sozinhas essa cultura", comemora.
Em 2018, segundo ela, a produção de café livre de agrotóxicos e transgênicos somarão 10 mil sacas e mais famílias serão envolvidas no processo que garante formação política e geração de renda.
Sem comentários:
Enviar um comentário