Quando a agente de saúde Regiane Costa, 40, descobriu que tinha câncer de mama, o tumor já havia se espalhado para o pulmão e os ossos. O motivo: erro de diagnóstico. “Aos 35 anos, notei uma bolinha na base do seio e fui à ginecologista. Ele pediu um ultrassom e constatou que era nódulo de gordura”, conta.
Mais de um ano depois, a bolinha havia se tornado uma ferida. No entanto, mais uma vez, a ginecologista não cogitou câncer. “Ela afirmou ser bactéria e me prescreveu corticoide”.
Encaminhada para uma microcirurgia, uma mamografia pré-operatória revelou que a “ferida” era um tumor maligno em estágio avançado. Foram 12 sessões de quimioterapia, a retirada e reconstrução da mama e um tratamento que se prolonga até hoje.
Regiane não está sozinha. Assim como ela, mais de 35% das mulheres descobriram o câncer de mama já em estágio avançado, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (2), pelo Instituto Oncoguia, que dá apoio a pacientes com câncer.
A média de idade para o primeiro diagnóstico é aos 37 anos, e do diagnóstico da metástase, aos 40, sendo a idade média para o câncer de mama, de maneira geral, aos 44 anos. “Ficamos impressionados ao observar, neste levantamento, a presença de doença metastática em mulheres muito novas”, afirma Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.
A pesquisa foi realizada com mais de 250 pacientes com câncer de mama metastático – que já espalhou para outros órgãos. O Instituto ressalta que o câncer metastático é um estágio avançado da doença. Controlar a doença e manter a qualidade de vida são as prioridades desta fase. A maioria das mulheres que participaram do estudo não tinha histórico de câncer na família, o que poderia explicar a pouca idade no momento do diagnóstico, segundo Luciana.
METÁSTASE É DESCOBERTA POR ACASO
Cerca de 36% delas descobriram a metástase por acaso, sem ter conhecimento do câncer no organismo. Mais de 60% das pacientes disseram ter metástases no osso, seguido de pulmão, fígado e cérebro, ainda de acordo com o estudo.
A pesquisa demonstrou ainda que 20% não sabe qual o seu tipo de câncer de mama. O Instituto destaca que os tumores de mama diferem entre si e isso influencia no tipo de tratamento que será realizado.
“O tumor pode variar de acordo com o tipo de receptor que ele tem. Receptores são como fechaduras específicas e somente a chave certa pode ativá-los. Há tumores que são hormônio-positivos, outros expressam uma proteína chamada HER2. E há tumores chamado de triplo negativo, que não expressam nem HER2 nem hormônios”, informa o Instituto.
Segundo Luciana, são essas informações que vão definir o tratamento adequado e proporcionar mais tempo e qualidade de vida a um paciente.
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