Entre os dias 26 e 28 de junho, a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) realizou em Curitiba-PR a 9ª Conferência de Educação Paulo Freire, com o tema “Em Defesa de uma Educação Libertária e Democrática, Construindo o Movimento Pedagógico Latino-Americano”. A coordenação da solenidade de abertura da 9ª Conferência foi feita pela Secretária Geral da entidade, Fátima Silva, com a Vice-Presidenta Marlei Fernandes de Carvalho. Compuseram a mesa para fazer suas saudações o Deputado Estadual pelo PT/PR Professor Lemos, Nilton Brandão, Presidente do PROIFES (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituição Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico), Ana Lúcia Rodrigues, Coordenadora da UNCME-PR (União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação), Eblin Farage, Secretária Geral do ANDES-SN (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior), Bianca Corrêa da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Ariovaldo de Camargo, Secretário Adjunto de Relações Internacionais da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Roberto Leão, Secretário de Relações Internacionais da CNTE e Vice-Presidente da IE (Internacional da Educação) e o professor Heleno Araújo, Presidente da CNTE.
ABERTURA
As falas apontaram para a importância da realização da Conferência nesta conjuntura de ataques à educação infringidos pelo Governo Federal e que demandam muita unidade na resistência. Todos mencionaram a grandeza da Greve Geral da Educação (15 de maio) e da Greve Geral da Classe Trabalhadora (14/06) e reconheceram o papel de liderança da CNTE, que conseguiu articular com todas as entidades representativas do ramo da educação, tanto de docentes como de estudantes nas esferas estaduais e municipais, públicas e privadas. “Agradecemos a todas as entidades presentes neste importante momento. Celebramos a presença de vocês e de cada participante que está aqui, na perspectiva de nos mantermos em unidade na luta em defesa da Educação Pública. Não aceitaremos as imposições de currículo, pois somos nós, trabalhadores e trabalhadoras da educação, que definiremos a política educacional do nosso país” disse o Presidente Heleno declarando aberta a 9ª Conferência.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Na mesa “Políticas Educacionais no (Des)Governo Bolsonaro”, foram palestrantes: Andrea Barbosa Gouveia, Presidenta da ANPED (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), Suzane da Rocha Vieira Gonçalves da ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação) e Dirce Djanira Pacheco Zan, Presidenta do FORUMDIR (Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centros de Educação ou Equivalentes das Universidades Públicas Brasileiras). Elas trouxeram reflexões sobre como a falta de uma política educacional é em si uma política desmonte da educação pública que, somada a um processo de desqualificação dos educadores, é uma clara defesa da privatização.
Para Zan, o enfraquecimento da pauta da democracia no Brasil denota uma clara fragilidade da cultura democrática no país e abre caminho para o avanço do pensamento reacionário. “A desconfiança com o pensamento científico cresce paralelamente à desconfiança com a Universidade. Os cortes de investimento na educação colocam o país na contramão da história, portanto, nosso desafio é fortalecer o que é público”, disse. A professora Andrea também colocou a questão do conservadorismo se contrapondo à autonomia e pluralismo de ideais. Na sua visão, o golpe engendrado desde 2013 teve apoio dos interesses privatistas de grandes grupos que querem investir na educação privada se beneficiando de fundos públicos.
“Alguns grupos ‘perderam dinheiro’ para sustentar a instalação de uma crise política e social no Brasil”, afirmou. A representante da ANFOPE demonstrou como se tenta instrumentalizar o papel do professor e desqualificar os equipamentos públicos de ensino, desde a Educação Infantil até a Universidade. “O desafio não é apenas pedagógico ou curricular ou institucional e nem somente do campo da política educacional, mas refere-se ao projeto político de nação, de educação, de formação e de sobrevivência da democracia no país”, conclui Suzane.
A PEDAGOGIA DE FREIRE
O doutor José Batista Neto, que é membro do Centro Paulo Freire Estudos e Pesquisas, foi palestrante com o tema “Práticas da Educação Libertária e Democrática”. Ele defendeu a educação preconizada por Paulo Freire, como um direito social de todo ser humano e que é um processo afetivo e amoroso. Atribuiu as dificuldades que temos na educação atualmente à nossa democracia insipiente. “A esperança é um imperativo existencial e histórico, por isso, a educação libertária é esperançosa”, concluiu.
ARRAIAL DA DEMOCRACIA
No dia 27, os participantes da 9ª Conferência participaram de um ato em defesa da democracia e pela liberdade do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Vigília Lula Livre. Foi um momento simbólico de levar alegria e esperança a quem mais fez pela educação do País. Para isso, nada melhor que um festejo junino típico das regiões nordestinas e sertanejas que sempre foram vistas com tanto cuidado pelo Governo Lula.
PNE EM PAUTA
O último dia da 9ª Conferência (28) foi de programação intensa. Pela manhã, divididos em quatro (4) grupos de trabalho temáticos, os participantes se debruçaram sobre o PNE (Plano Nacional da Educação) para pensar alternativas que conduzam ao cumprimento das metas. Os grupos foram: Valorização Profissional (metas 15, 16, 17 e 18), Gestão Democrática (meta 19), Avaliação na Educação Básica (meta 7) e Financiamento da Educação Básica (meta 20). Os relatores apresentaram ao plenário o resultado dos grupos, com diversos apontamentos. O material será sistematizado pela assessoria da CNTE para que as ações que não passaram pelas instâncias deliberativas da entidade, possam ser apreciadas durante a Plenária Intercongressual que acontecerá em Dezembro.
RETRATOS DA ESCOLA
A 9ª Conferência também foi espaço de lançamento da última edição impressa da revista Retratos da Escola que será virtual a partir de agora. Assim, o marco da elaboração científica da Confederação passa a seguir essa tendência do mercado editorial para dar longevidade e aumentar o alcance dessa importante publicação.
LEVANTANDO A BANDEIRA DA DIVERSIDADE
A 9ª Conferência Nacional de Educação da CNTE celebrou os 50 anos de Stonewall (manifestação da comunidade LGBT contra a violência da polícia de Nova Iorque-EUA, nos anos 60) que é sinônimo da luta, resistência e revolução da causa LGBT. No ato, os 300 participantes de 22 Sindicatos afiliados à CNTE aprovaram unânimes uma moção de repúdio ao governo Bolsonaro por acabar com o CNCD/LGBT (Conselho Nacional de Combate à Discriminação de LGBT).
APOIO PARLAMENTAR
Além do Professor Lemos, que participou da abertura da Conferência, o também professor e Deputado Estadual pelo PT/PR, Tadeu Veneri, esteve presente e saudou a realização da atividade, louvando a iniciativa da CNTE de apoiar a Campanha Lula Livre transferindo para a capital paranaense todos os seus eventos.
MANIFESTO
A etapa deliberativa da plenária aprovou um documento muito representativo de toda a elaboração política desses dias de trabalho e reflexão. Confira aqui a íntegra do Manifesto da 9ª Conferência Nacional de Educação Paulo Freire.
NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM
O encerramento foi mais um momento de revigorar o ânimo. No telão do plenário, uma mensagem de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha de Lula, agradecendo todo o apoio que a CNTE tem dado à Campanha pela liberdade do pai dela, foi motivo de emoção para todos os presentes. Na sequência, a Presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleise Hoffmann veio saudar a 9ª Conferência e trouxe com ela uma mensagem especial: uma carta do ex-Presidente Lula endereçada à CNTE, onde ele agradece todo o apoio da entidade. Então, o Presidente Heleno Araújo conduziu a mística de encerramento e numa grande ciranda, 300 trabalhadores e trabalhadoras da Educação se deram as mãos, reafirmando o compromisso com a luta e a unidade em prol da democracia e da Educação Pública do Brasil e da América Latina.
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