sábado, 19 de março de 2011

Dieese: Quase 90% dos reajustes negociados em 2010 superaram a inflação

Fonte: Portal PT.org.br

Mais de 88% de um total de 700 negociações realizadas em 2010 entre trabalhadores e empresários da indústria, do comércio e de serviços resultaram em aumento real de salários de até 5%, informou ontem o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese).

Pelo menos desde 1996, quando o Dieese começou esse tipo de pesquisa, em nenhum outro ano tantas negociações produziram ganhos superiores à taxa de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em 7% do total de negociações, o reajuste foi igual ao índice de aumento do custo de vida. E em apenas 4,5% dos acordos os salários subiram menos do que a inflação.

O coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, observou que a recuperação do poder de compra dos trabalhadores vem ocorrendo desde 2004, quando eles conquistaram ganhos reais em 55% das negociações. Silvestre atribui esse avanço, essencialmente, ao bom desempenho da economia, que cresceu 7,5% no ano passado.

"A estabilização da inflação, o mercado de trabalho em alta, o crescimento da oferta de crédito e a melhoria da renda estimularam a economia. E isso ajudou a elevar o índice dos reajustes". Em 56% das negociações feitas em 2010 os salários cresceram mais de 2% acima da inflação.

O comércio foi o setor em que mais negociações - quase 96% - resultaram em ganhos reais de salários. Na indústria, 90,5% das negociações produziram aumento real; no setor de serviços, 82,8%. A indústria, por outro lado, foi o setor em que menos negociações - abaixo de 3% - acabaram em reajustes inferiores ao índice da inflação. No setor de serviços isso ocorreu em 7% dos acordos; no comércio, em 4%.

O Dieese acredita que o mercado de trabalho continuará em expansão neste ano, mas estima que as negociações serão mais difíceis para os trabalhadores diante das previsões de uma desaceleração da economia no mercado doméstico e de um cenário externo de muitas incertezas.

"O movimento sindical não vai recuar, mas, provavelmente, não teremos a mesma magnitude que em 2010", disse o coordenador de Relações Sindicais, José Silvestre. Ele aposta que esse será um cenário temporário, porque em 2012 a economia já refletirá os investimentos preparatórios a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, além das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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