Fonte: PNUD Brasil
A classificação de “alto desempenho” foi dada aos países que:
tiveram desenvolvimento humano significativo pois, além de experimentar
aumento do rendimento nacional, registram valores superiores à média
nos indicadores de saúde e educação; reduziram o hiato necessário para
alcançar o teto do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – igual a 1 –;
e tiveram desempenho melhor em relação a seus pares – países que se
encontravam em patamares semelhantes em 1990.
A estratégia de política estrutural de longo prazo adotada pelo
Brasil, com a universalização do bem-estar social, foco na redução das
desigualdades e redução da pobreza, coloca o país em posição de destaque
no Relatório deste ano, ao lado de outras nações em desenvolvimento
como China e Índia. “A promoção da coesão e da integração sociais, um
objetivo declarado nas estratégias de desenvolvimento de países como o
Brasil, tem por base o manifesto impacto positivo que uma sociedade
unificada tem sobre o desenvolvimento. As sociedades mais igualitárias
tendem a produzir melhores resultados na maioria dos parâmetros
relativos ao desenvolvimento humano”, diz o Relatório.
Brasil, China e Índia
estão remodelando a dinâmica mundial no contexto amplo do
desenvolvimento humano. Diante do peso crescente que estes países
exercem na economia mundial, seja pelo comércio, pelo acúmulo de
reservas internacionais, pela aposta na cooperação Sul-Sul ou pelas
medidas inteligentes de combate a conjunturas adversas, o Relatório
afirma que é necessário que se promova um debate sobre o remodelamento
da geopolítica global.
“Pela primeira vez em 150
anos, o produto combinado das três principais economias do mundo em
desenvolvimento – o Brasil, a China e a Índia – é aproximadamente igual
ao PIB combinado das antigas potências industriais do Norte: Canadá,
França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos”, diz o
Relatório. Até 2050, prevê-se que Brasil, China e Índia, em conjunto,
sejam responsáveis por 40% do produto mundial. “A ascensão do Sul tem
decorrido a uma velocidade e escala sem precedentes.”
O Relatório recomenda a
criação de novas instituições que facilitem e fomentem ainda mais a
integração regional e a cooperação Sul-Sul. Além disso, aponta para a
necessidade de um olhar crítico sobre as instituições existentes de
governança global, para que estas reflitam melhor esta nova realidade.
Outra característica
apontada para os países do Sul é a resiliência. Segundo o Relatório,
enquanto durante a crise de 2008-2009 os países do Norte adotaram
políticas de austeridade econômica, enfrentaram estagnação no seu
crescimento econômico e problemas recorrentes de desemprego e privações
de direitos sociais, o que se observou nos países do Sul foi o
contrário: estes países experimentaram progresso substantivo no
desenvolvimento humano, crescimento econômico com sinais de robustez e
sustentabilidade e perspectivas concretas de redução da pobreza.
“A mudança de cenário
financeiro no Sul tem potencial para promover a estabilidade e a
resiliência financeiras, apoiar o desenvolvimento das capacidades
produtivas de longo prazo, favorecer objetivos compatíveis com o
desenvolvimento humano e alargar o espaço político nacional”.
"O Brasil, a China, a
Índia e outras economias emergentes estabeleceram relações econômicas
mais profundas e mais fortes com os seus vizinhos e em todo o mundo em
desenvolvimento: expandem rapidamente seus mercados e sua produção a
nível mundial; apresentam complementos inovadores das instituições
financeiras de Bretton Woods; exercem cada vez mais influência na
regulação mundial do comércio, da moeda e das finanças; e influenciam a
cultura, a ciência, o ambiente, a paz e a segurança”, concluem os
autores do RDH 2013.
Novos modelos de desenvolvimento
Três são os fatores impulsionantes para esta ascensão de países do
Sul. Primeiro, um estado desenvolvimentista, proativo e orientado para o
investimento nas capacidades das pessoas, alargando os serviços sociais
de base. Segundo, a integração a mercados globais, especialmente nas
dinâmicas Sul-Sul. Por fim, a implementação de políticas sociais
inovadoras e criativas, customizadas para as realidades nacionais.
"A aplicação de programas
inovadores bem conhecidos no Brasil, Índia e México – programas de
transferência condicionada de renda e de garantia de emprego rural – são
exemplos de um vivo interesse na promoção de uma distribuição mais
equitativa das oportunidades econômicas e sociais”, aponta o Relatório.
“A ênfase comum destas
iniciativas sociais tem sido a promoção da equidade e da integração
social, aspectos menos valorizados nos modelos de desenvolvimento do
passado, mas que provam ser elementos essenciais de qualquer percurso
sustentável rumo ao progresso humano”, diz o estudo. A promoção de
emprego, o expressivo aumento dos investimentos em educação, a
universalização dos serviços de saúde e o estímulo às capacidades
industriais são outros exemplos de políticas inovadoras do Brasil
citadas no Relatório e que colocam o país entre o que os autores chamam
de novos modelos de desenvolvimento.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
O IDH do Brasil para 2012
é de 0,730, mantendo o país no grupo dos países de Desenvolvimento
Humano Alto. Sua posição em relação aos 187 países e territórios
classificados é a 85ª, mesma posição que em 2011.
O IDH do Brasil continua bem à frente de outros emergentes como China (101ª), África do Sul (121ª) e e Índia (136ª).
O Relatório aponta que o
país cresceu expressivamente no IDH, num ritmo mais rápido e com mais
qualidade do que muitos dos vizinhos latinoamericanos, por equilibrar
crescimento nas três dimensões do desenvolvimento humano.
Entre 1990 e 2012, o IDH
saiu de 0,590 para 0,730, um aumento de 24%. Essa taxa de crescimento do
IDH brasileiro no período é maior que a de Chile (40ª posição),
Argentina (45ª) e México (61ª), por exemplo.
Passivos Históricos
Em 1990, Argentina e
Chile tinham o dobro da média de anos de estudo da população adulta do
Brasil. Um adulto brasileiro tinha, em média, menos de 4 anos de
estudos, enquanto um adulto argentino já alcançava 8 anos. O mesmo
exemplo vale para a saúde. Em 1990, o Chile já tinha a expectativa de
vida que o Brasil registra hoje.
Incrementos nessas
variáveis demandam políticas estruturais de longo prazo, ou seja, o
Relatório aponta que o país está no caminho certo, mas que o percurso
ainda é longo para que isso chegue a surtir efeito no valor do IDH.
Quanto mais alto o IDH de
um país, mais difícil é o esforço complementar para subir seus valores e
impactar no ranking. Além disso, todos os países listados no relatório
estão em tendência crescente do IDH.
O IDH 2012 mostra que o
Brasil apresenta progresso em dois componentes do índice: expectativa de
vida e renda nacional bruta per capita. Em função da abordagem
metodológica do RDH de usar dados de fontes internacionais, o Brasil
aparece com dados de 2005 para anos esperados de escolaridade e dados
de 2010 para média de anos de estudo.
Indicadores complementares
A partir da compreensão de que o IDH não capta todas as dimensões que
constituem o desenvolvimento humano, a equipe do Relatório vem
trabalhando na criação de novos índices. De modo experimental, alguns
deles vêm sendo apresentados no RDH desde 2010: o IPM (índice de Pobreza
Multimensional), o IDAH (IDH Ajustado à Desigualdade) e o IDG (Índice
de Desigualdade de Gênero).
O primeiro busca captar as privações humanas nas dimensões não-renda,
bem como a intensidade da pobreza dentro dos países e ao redor do
mundo. O segundo busca descontar do IDH o valor que corresponde às
perdas que o país sofreria em razão das suas desigualdades
sócio-econômicas. E o terceiro fala sobre a desigualdade de gênero.
O Relatório aponta para uma perda de 27,7% do IDH quando ajustado à
desigualdade em 2012. Para o IPM, os dados mais recentes para o Brasil
são referentes a 2006. Naquela época, no Brasil, 2,7% da população vivia
em situação de pobreza multidimensional enquanto 7% eram vulneráveis a
múltiplas privações. O Brasil tem um valor de 0.447 no IDG.
Leia também:
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