O teatro de Bonecos
Popular do Nordeste foi aprovado, com unanimidade, nesta quinta-feira
(5/3), como Patrimônio Cultural do Brasil e inscrito no Livro de Formas
de Expressão do Patrimônio Cultural Brasileiro.
A
decisão foi anunciada na 78ª reunião do Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural, que ocorreu na Sede do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília. O pedido de
inclusão foi solicitado pela Associação Brasileira de Teatro de Bonecos
(ABTB), o que afirma a tendência de uma apropriação da sociedade sobre
suas manifestações.
Os
22 conselheiros foram favoráveis ao parecer lido pelo relator
conselheiro Luiz Viana Queiroz. Com a aprovação do registro, o Teatro de
Bonecos passa a ter proteção institucional, ou seja, mais uma garantia
de salvaguarda desse bem cultural que já se mantém vivo com a força de
seus praticantes.
"É
de grande relevância o reconhecimento de uma linguagem artística que
possui tanto alcance nas suas comunidades", comemorou a presidente da
ABTB, Ângela Escudeiro. "Para os mestres que trabalham com esta prática,
é como se da terra seca começasse a surgir a água que alimenta;
alimenta a alma e o trabalho deles. Além disso, dá uma visão ampla para a
sociedade que vai mexer com as políticas culturais", completou.
O
Teatro de Bonecos do Nordeste se tornou uma tradicional brincadeira,
com origens no hibridismo cultural, durante o período de colonização do
Brasil.
A
troca intensa possibilitou uma diversidade de temáticas: religiosa,
profana ou de costumes populares. E, apesar desse bem ser amplamente
conhecido como mamulengo, em cada contexto se desenvolveu de forma
diferenciada, por isso, possui diversas denominações: Cassimiro Coco, no
Maranhão e Ceará; João Redondo e Calunga no Rio Grande do Norte; Babau
na Paraíba; e Mamulengo em Pernambuco.
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O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste foi aprovado como Patrimônio Cultural do Brasil e inscrito no Livro de Formas de Expressão do Patrimônio Cultural Brasileiro. |
A
brincadeira começa com a montagem da empanada, uma espécie de barraca.
Depois disso, os brincantes se colocam na parte de trás e então começa o
espetáculo com os bonecos em cena e a introdução de um texto poético, a
loa. Além da narrativa, a peça contém elementos surpresas, sugeridos,
muitas vezes, pelo mestre a partir de um conhecimento prévio sobre o
público, por exemplo.
Essa
forma de expressão carrega elementos fundamentais para a
sustentabilidade da identidade e da memória e ainda desempenha um papel
agregador que legitima as práticas cotidianas nessas regiões. Dessa
maneira, tornou-se uma referência cultural que vem se atualizando, ao
longo do tempo, mas que mantém relações de tradição, pertencimento e
coletividade no universo cultural na qual se desenvolve.
O
Teatro de Bonecos Popular do Nordeste constitui-se não apenas como um
brinquedo ou, simplesmente, um traço do folclore. Envolve, sobretudo, a
produção de conhecimento criativo, artístico e com uma forte carga de
representação teatral.
De
acordo com Fernando Augusto Santos, que pesquisa a brincadeira dos
bonecos, esse tipo de fazer teatro está estreitamente relacionado a
grupos sociais específicos e enraizado no cotidiano dessas comunidades
"por suas características, meios e modos de trabalho e sobremaneira por
seu caráter dramático, que lhe faz representar, reinventar e mesmo
transfigurar a cultura, a coletividade e o mundo, que lhes são próprios e
nos quais sobrevive".
Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura c/ informações do IPHAN
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