terça-feira, 17 de novembro de 2015

Wikileaks >> EUA armaram Estado Islâmico que agora combatem no Iraque

Militantes do Estado Islâmico na província de Raqqa na Síria.Os Estados Unidos da América recusaram ajuda ao Governo da Síria no combate a grupos radicais islâmicos como a Al-Qaeda e o EIIL (Exército Islâmico do Iraque e do Levante, que recentemente mudou de nome para Estado Islâmico). Além disso, segundo revelações feitas pela Wikileaks, a administração norte-americana armou grupos como o Estado Islâmico. Os quase 3 mil documentos sobre o assunto foram divulgados pelo site dirigido por Julian Assange na sexta-feira passada.

A 18 de fevereiro de 2010, o chefe dos serviços secretos sírios, o general Ali Mamlouk, apareceu de surpresa numa reunião entre os diplomatas norte-americanos e Faisal a-Miqad, vice-ministro das relações externas da Síria. A visita de Mamlouk foi uma decisão pessoal de Bashar al-Assad, presidente sírio, em mostrar empenho no combate aos grupos radicais islâmicos no Médio Oriente, afirma o documento.

Neste encontro com Daniel Benjamin, coordenador das ações de contra-terrorismo dos EUA, “o general Mamlouk enfatizou a ligação entre a melhoria das relações EUA-Síria e a cooperação nas áreas de inteligência e segurança”, afirmam os diplomatas norte-americanos em telegrama destinado à CIA, ao Departamento de Estado e às embaixadas dos EUA no Líbano, Jordânia, Arábia Saudita e Inglaterra.

Para Miqad e Mamlouk, essa estratégia passava por três pontos: com o apoio dos EUA, a Síria deveria ter maior papel na região, a política seria um aspeto fundamental para ações de cooperação contra o terrorismo e a população síria deveria ser convencida dessa estratégia com a suspensão dos embargos económicos contra o país. Para Imad Mustapha, embaixador sírio em Washington, “os EUA deveriam retirar a Síria da lista negra”. Nas palavras de George W. Bush, o país fazia parte do “eixo do mal”, junto com Coreia do Norte e Afeganistão.

Apesar da discordância entre os EUA e a Síria em relação ao apoio de Assad a grupos como o Hezbollah e o Hamas, os dois países concordavam quanto à necessidade de interromper o fluxo de guerrilheiros estrangeiros para o Iraque e impedir a proliferação de grupos radicais, como a Al-Qaeda, o EIIL e o Junjalat, grupo palestiniano com a mesma orientação política. Para Benjamin, as armas chegavam ao Iraque e ao Líbano contrabandeadas através do território sírio.

Mamlouk reforçou a “experiência síria em combater grupos terroristas”. “Nós não ficamos na teoria, tomamos atitudes práticas”, foram as palavras do chefe de inteligência de Assad.

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