Objetivo é que a coordenação do programa no estado seja passada a membro eleito pelos povos potiguara
Potiguares de 32 aldeias espalhadas por três municípios paraibanos e que representam aproximadamente 22 mil pessoas elegeram por voto democraticamente um novo coordenador para o Distrito de Saúde indígena, órgão ligado ao Ministério da Saúde do Governo Federal.
Porém, em nome da politicagem, o responsável pela indicação, o deputado federal Wilson Filho, nomeou um não indígena para gerenciar o serviço. O resultado é um completo descaso com o atendimento à saúde indígena no estado que ainda inclui o atendimento as tribos do Rio Grande do Norte.
É com essa pauta, de retomar em suas mãos o direito de definir os rumos da saúde dos seus, que desde terça-feira, 22 de maio, índios potiguares ocupam a sede do Distrito de Saúde indígena e fecharam a principal avenida de João Pessoa, a Epitácio Pessoa. Ao som do toré, Tawã Clóvis Teixeira dos Santos, o representante eleito pelos índios para o cargo, nos explica que “esse cargo de coordenar a saúde indígena tem uma interferência política. Aqui na Paraíba o responsável por fazer essa indicação é o deputado federal Wilson Filho. Ele fez a indicação de um apadrinhado dele, Igor Moraes, que tem feito uma série de irregularidades e nosso povo está sofrendo na base”.
O descaso com a saúde indígena é evidente. O prédio ocupado, relata Tawã, não tem nenhum funcionário trabalhando desde que a ocupação começou. “Foi decretado uma espécie de feriado para esse povo. A saúde já não funciona, eles deitam e rolam em cima da saúde indígena, e isso prejudica muito o nosso povo”, desabafa. Segundo a denúncia dos manifestantes o deputado já se comprometeu com a nomeação de um indígena para a função de coordenador da saúde indígena. “Só que essa reunião aconteceu em novembro e de lá pra cá não tivemos o resultado oficial. Precisamos da publicação no Diário Oficial. Entramos em contato com a Casa Civil que nos informou que já está tudo pronto, falta só o deputado assinar e estamos até agora aguardando”, explica.
A advogada potiguara Olivânia Oliveira também participa da mobilização. “Os potiguaras há tempo tem sido usados como barganha, principalmente a nossa saúde. Então o motivo desse protesto é única e exclusivamente pedir respeito aos políticos para com a nossa saúde”. Ela também pede para que o critério do coordenador fique por conta da decisão dos indígenas e não de uma nomeação política: “a nomeação fica a critério de políticos que não conhecem a nossa realidade, não vivem a nossa realidade, desconhecem as nossas necessidades e agem de qualquer forma, usando o dinheiro que vem pra saúde de forma aleatória”.
Um dos principais problemas apontados por Olivânia é a falta de medicamento e de exames básicos. Denuncia que o dinheiro gasto com altas diárias poderiam ser revertidos para o bem da saúde dos índios. “Nós sofremos um retrocesso enorme na saúde indígena porque antes os índios tanto da aldeia quanto o da cidade poderia ser atendido. Agora os índios que moram na cidade são considerados sem aldeia e não tem atendimento, isso é um retrocesso, índio não deixa de ser índio quando sai da aldeia”, lamenta. A decisão é manter a mobilização e ocupação do prédio até que a pauta seja atendida.
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