Freire conseguiu com sucesso alfabetizar 300 trabalhadores em 40 horas, no que é considerado o processo de alfabetização mais efetivo da história da aprendizagem humana, na pequena cidade de Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, em 1963.
Freire defendia uma educação através do diálogo, em um modo de aprender a interpretar o mundo antes de ler as palavras, ao perceber que adultos tinham dificuldades para aprender a leitura pois os métodos usados na época eram distantes da realidade dos trabalhadores.
Ele desenvolveu então um método de aprendizagem das palavras e seus significados através do valor que elas tinham no mundo dos sujeitos. Trabalhadores rurais, por exemplo, aprendiam a escrever palavras como tijolo, planta, enxada, terra, agricultura e exploração. E a cada palavra aprendida o pedagogo iniciava com seus alunos diálogos críticos sobre os significados desses termos, fixando a formação de frases e a reflexão sobre os significados delas na vida e no trabalho dos discentes. Defendia que não basta saber ler que 'Eva viu a uva'. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.
Em maio de 1963, eclodiu a primeira greve em Angicos. Os latifundiários denunciaram a experiência de Paulo Freire como uma “praga comunista.” Porém, a experiência mostrou ao Brasil que a educação para jovens e adultos era possível e também que o desenvolvimento do pensamento critico entre a classe oprimida causava resistência entre a classe que dominava a política e economia do país.
Em 1964, com a Ditadura Militar, Freire foi expulso do país e seu trabalho foi substituído pelo MOBRAL(Movimento Brasileiro de Alfabetização), um projeto de alfabetização a partir de práticas tradicionais, como uso de cartilhas.
Paulo Freire é reconhecido mundialmente e seus textos estão entre os escritos mais lidos na pedagogia mundial. É o terceiro pensador mais citado no mundo em trabalhos acadêmicos das áreas de humanas e sociais, a frente até de pensadores mais famosos como Foucault e Marx e atrás somente de Thomas Kuhn e Everett Rogers. O livro Pedagogia do Oprimido é mais citado na sua edição em espanhol devido ao boicote que sofreu no seu país de origem. O Patrono da Educação Brasileira ganhou um monumento em Estocolmo e é até hoje venerado por muitos e vilipendiado por outros tantos. É também o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 29 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América; e recebeu diversos galardões como o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz em 1986
Como sempre dizia: Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.
Fonte: Página do Imagens & História 2.0 no Facebook
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