domingo, 31 de março de 2019

LITERATURA E DEMOCRACIA >> 10 livros sobre a ditadura militar no Brasil

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Democracia foi restabelecida após 20 anos de período militar. Conheça algumas obras sobre esta fase no país

Há 55 anos, iniciava a ditadura militar no Brasil. Entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964, os militares derrubaram o então presidente João Goulart, eleito de forma democrática, e instauraram um governo caracterizado por ações autoritárias e nacionalistas.
Durante 21 anos, os cinco presidentes que passaram pelo poder – Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo – instauraram 17 Atos Institucionais (AIs), utilizados como mecanismos de legitimação e legalização das ações políticas dos militares.

Os presidentes da ditadura militar

Nos três primeiros anos, Castello Branco cassou os direitos políticos de deputados, governadores e ex-presidentes, além de aprovar a Lei de Imprensa, que limitava a liberdade de expressão e informação no país. Com planos iniciais de restabelecer a democracia, Costa e Silva assumiu o poder, em 1967, mas começou a ser mal visto pela linha-dura ultranacionalista.
Por isso, durante seu mandato, decretou o Ato Institucional nº 5, o qual fechava o Congresso e institucionalizava a repressão. Já Médici, que ficou no poder entre 1969 e 1974, foi considerado um dos presidentes mais autoritários da ditadura. Conhecido por seus slogans ultranacionalistas, o general censurou a imprensa e apoiou a tortura de opositores.
O governo de Geisel também foi marcado pelo “milagre econômico brasileiro”, quando houve um forte crescimento da economia e grandes obras de infraestrutura no Brasil. No entanto, neste mesmo período, a inflação ficou elevada, chegando a 20%.
Na década final do período militar, Geisel começou o projeto de abertura “lenta, gradual e segura” para a volta da democracia, enquanto Figueiredo assinou a Lei da Anistia, em 1979, a qual permitia o retorno de políticos exilados do país.

A volta da democracia

As medidas dos militares causaram inúmeras manifestações pelo país. Uma das mais significativas foi a “Diretas Já”, em 1984, que reivindicava as eleições presidenciais diretas no Brasil. Liderado por integrantes da sociedade civil, políticos e artistas, o movimento civil levou milhares de pessoas para as ruas do país.
Após duas décadas, a democracia voltou a partir da Constituição da República, em 1988. A Carta garantia novamente os direitos da população, a liberdade de imprensa e o direito ao voto direto.
Para conhecer e entender melhor a ditadura militar, veja dez livros que recordam essa época. A seleção inclui títulos de não ficção, como A ditadura envergonhada, de Elio Gaspari, e também os de ficção, como Ainda estou aqui, de Marcelo Rubens Paiva. Veja a seleção completa e boa leitura!

A ditadura envergonhada, de Elio Gaspari

Durante 30 anos, o jornalista Elio Gaspari reuniu documentos fez uma exaustiva pesquisa sobre os militares no Brasil. O resultado desse trabalho gerou um conjunto de quatro volumes que compõe uma obra sobre a história recente do país. Nos primeiros anos após o golpe de 1964, o governo militar ainda relutava em se assumir como uma ditadura, por isso, o título A ditadura envergonhada. Neste livro, são reconstituídos os momentos mais tenebrosos do regime, como a prática da tortura contra os opositores do regime e a violência empregada contra os guerrilheiros do Araguaia.

Meninos sem pátria, de Luiz Puntel

Meninos sem pátria é um dos principais livros da Coleção Vaga-Lume. Nesta obra, Luiz Puntel conta a história de Marcão e Ricardo, filhos de um jornalista perseguido durante a ditadura militar. Em plena adolescência, eles foram forçados a viver no exílio. Os dois e a família deixam o Brasil escondidos, seguindo para o Chile e, depois, para a França. Acompanhando os passos desses meninos sem pátria, você vai conhecer a difícil jornada de jovens forçados a abandonar o Brasil durante os anos de repressão do governo militar, em 1964.

A noite de espera, de Milton Hatoum

A noite de espera é o primeiro de três volumes de uma série que retrata um drama familiar que se entrelaça à história da ditadura militar. Nos anos 1960, Martim, um jovem paulista, muda-se para Brasília com o pai após a separação traumática deste e sua mãe. Na cidade recém-inaugurada, vira amigo de alguns adolescentes do qual fazem parte filhos de altos e médios funcionários da burocracia estatal. Às descobertas culturais e amorosas de Martim contrapõe-se a dor da separação da mãe, de quem passa longos períodos sem notícias.

Ditadura e democracia no Brasil, de Daniel Aarão Reis

Cinco décadas depois do golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil, diferentes análises continuam divergindo quanto os fundamentos históricos do regime e de suas complexas relações com a sociedade. Neste livro, o professor Daniel Aarão Reis investiga o papel da sociedade civil durante os anos de chumbo e propõe uma leitura do período e das consequências da ditadura até a Constituição de 1988.

Cale-se: A MPB e a ditadura militar, de Manu Pinheiro

As décadas de 1960 e 1970 representaram para a MPB um período de intensa criatividade, produção e contestação. Este livro é uma análise de um dos períodos que mais marcaram a história do Brasil e a produção cultural do país àquela época. Em uma época em que a censura restringia o acesso da população brasileira à informação, a música torna-se, de fato, um importante porta-voz.

A resistência, de Julián Fuks

Neste livro, o leitor fica imerso numa memória pessoal que se revela também social e política. Do drama de um país, a Argentina a partir do golpe de 1976, desenvolve-se a história de uma família, num retrato denso e emocionante. Adotado por um casal de intelectuais que logo iriam buscar o exílio no Brasil, o menino cresce, ganha irmãos, e as relações familiares se tornam complexas. Cabe então ao irmão mais novo o exame desse passado e, mais importante, a reescritura do próprio enredo familiar.

Os fuzis e as flechas, de Rubens Valente

Os fuzis e as flechas é uma investigação jornalística que descreve centenas de mortes de indígenas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Durante um ano, o autor entrevistou 80 pessoas, entre índios, sertanistas, missionários e indigenistas, percorreu 14 mil quilômetros de carro, esteve em dez estados e dez aldeias indígenas do Amazonas, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Ainda estou aqui, de Marcelo Rubens Paiva

Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras. Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho.

Brasil: Uma biografia, de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling

Além da ditadura militar brasileira, Brasil: uma biografia nos ajuda a entender outros momentos históricos do país. Neste livro, as autoras Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling propõem uma nova e pouco convencional história do Brasil. Elas não abordam apenas a “grande história”, mas também retratam o cotidiano, as minorias, os ciclos econômicos, os conflitos sociais e as expressões artística e cultural. A história narrada nesta obra surgiu a partir de um longo processo de embates e avanços sociais inconclusos.

A ditadura militar e os golpes dentro do golpe, de Carlos Chagas

Carlos Chagas mais uma vez explora a história contada por jornais e jornalistas para destrinchar, com cores e vozes da época, num ritmo que só mesmo a pena de um grande narrador poderia imprimir, não apenas o espinhoso e sombrio período entre 1964 e 1969 como também os dez delicados anos que precederam a tomada de poder pelos militares.

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