O papa Francisco disse nesta segunda-feira (7) durante a abertura do Sínodo da Amazônia, que a sociedade moderna não deve impor suas regras sobre os indígenas, e sim respeitar sua cultura e deixá-los que definam seu próprio futuro.
O encontro de bispos da Igreja Católica, que neste ano vai discutir a floresta, começou no domingo (6) e vai até o dia 27 de outubro. A declaração foi feita na abertura da primeira sessão de trabalho do evento. “A colonização ideológica é muito comum atualmente”, disse o pontífice. Segundo ele, é preciso falar “não para esse afã de domesticar povos originais”.O Papa também defendeu que os indígenas não devem ser “abordados com um tipo de anseio empreendedor que busca dar a eles programas pré-estabelecidos destinados a discipliná-los”.
Francisco, que em outra ocasião pediu perdão para os erros dos missionários europeus da época da colonização, disse que por muito tempo a Igreja teve uma atitude “depreciativa”, que às vezes persiste até hoje, em relação aos povos originais e a sua cultura
“Foi muito triste escutar, aqui mesmo, comentários jocosos sobre aquele homem piedoso que trouxe as oferendas com penas na cabeça”, disse sobre um indígena da Amazônia que participou da missa papal no dia anterior. “Diga-me: que diferença há em ter penas na cabeça e o chapéu de três pontas usado por algumas autoridades de nossos departamentos do Vaticano?”, questionou Francisco.
Encontro discutirá dificuldade da Igreja na região
O Sínodo conta com participantes, entre eles bispos, padres, freiras, estudiosos e pessoas ligadas à ONU, dos territórios que compreendem a região amazônica: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname. O relator-geral será o cardeal brasileiro Dom Claudio Hummes.
O objetivo do encontro é debater as dificuldades de a Igreja atender os povos da região, especialmente os indígenas, pois segundo o Vaticano faltam padres, as distâncias entre as comunidades são longas e a carência de serviços públicos faz com que a Igreja se torne prestadora de serviços sociais.
Outros temas abordados serão o aquecimento global, o extrativismo ilegal, a exploração dos recursos e o desmatamento, justamente num período em que o Brasil sofre críticas pelo aumento das queimadas na região. O governo, segundo declarações de alguns de seus integrantes, chegou a manifestar preocupação com o Sínodo e possível interferência estrangeira na Amazônia.
As informações são da Agência Sputnik.
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