terça-feira, 28 de julho de 2020

LITERATURA EM TEMPOS DE PANDEMIA >> Artista potiguar durante pandemia e o isolamento: Cláudia Borges


 


Você está conseguindo produzir poesia durante esse período de isolamento?
Sim bastante! Tenho trabalhado não só o cordel, como estou concluindo a  revisão de três livros( que  aguardam para  serem publicados)os mesmos  voltados ao público infanto juvenil e tratam de vários temas tais como : Inclusão, preconceito, meio ambiente, fortalecimento dos vínculos familiares e  adoção. Aproveito também para avaliar trabalhos antigos em literatura de cordel, que hoje sendo eu mais experiente, observo e corrijo  algumas falhas  na métrica. Parafraseando o mestre Patativa do Assaré,"pra todo canto que eu olho vejo um verso se bulir". Eis a questão! Tudo se faz poesia aos olhos de um poeta, pois o mesmo não trabalha  apenas a beleza, mas também o feio, o mal, questões sociais, políticas,ambientais etc. Quando a poesia fecunda a Verve poética de alguém, ele (a) sente a necessidade de expressar em palavras o que sente. Em se tratando de minha pessoa, a inspiração me chega como um bálsamo  curativo,  desnudo minh'alma no contexto dos meus escritos e tal sensibilidade  tem me auxiliado em muitos momentos de crise, quer  pessoais, existenciais e principalmente nesse período pandêmico, quando nos vemos confrontados com a verdadeira solidão e incerteza. Portanto, o poder de  criar, produzir é como um presente dos deuses. Apesar de eu transmitir a  imagem de uma mulher  sorridente e feliz, quem conhece um pouco do meu trabalho pode notar o lirismo  negativista e dramático que acompanha meu fazer poético.,salvo em algumas exceções.
 
Como está a  divulgação do seu trabalho literário e do seu filho?
Caímos em mais de sessenta por cento. Creio que esse fato esteja ocorrendo não apenas conosco ,mas também com muitos outros pequenos fazedores de cultura aqui no nosso estado. Eu não sou muito ligada nas redes sociais e  tenho participado de poucos  encontros virtuais, apesar de receber muitos convites para tal. Durante esse período ele e eu fizemos apenas  uma  live remunerada, através do ADURN sindicato, com o projeto Potiguar Arte em Casa, aliás,aproveito a oportunidade para parabenizar o sindicato por tão nobre iniciativa.Participamos também de outros momentos a convite de amigos, porém, tudo muito rápido e com pouca visibilidade. Nosso trabalho se dá mais no âmbito escolar e com o fechamento das mesmas temos tido poucos espaços para divulgação. 

Confinadas, as pessoas estão consumindo mais poesia e literatura potiguar?
Sim com certeza! Podemos constatar esse fato com o aumento de visualizações, compartilhamentos e comentários do nosso trabalho. Assim como convites para participar de vários Bates papos literários virtuais, aumento de seguidores nas redes sociais e shows de muitos artistas grandes e pequenos etc. Eis a comprovação real do quão importante e inerente ao  ser humano é a arte ,ela é quem  dá cores a vida e pinta um arco íris de sonhos no denso nevoeiro pelo qual estamos atravessando.
 
Qual a sua opinião sobre as lives e como vê o contexto delas neste período?
 Acho que seja um importante veículo de divulgação,  dada a impossibilidade de se fazer ao vivo. Certamente nada se compara com o calor humano,no meu caso que visito muitas escolas sinto tremendamente a falta desse contato. Contudo,nesse momento as lives são absolutamente necessárias,tanto as que se destinam a arrecadar auxílio financeiro destinados a  artistas, entidades etc,como as que se propõem a levar conhecimento, esclarecimento beleza etc. É também uma ferramenta que nos permite regar a semente da arte e manter viva  nossa cultura . Quem diria que a mesma  tecnologia dantes (devoradora de cérebros) como ouvi várias pessoas assim a rotularem,fosse um dia servir de instrumento não apenas de trabalho,como  para unir famílias  a distância e nos permitir abraçar, acariciar a saudade,mesmo que virtual!
 
Qual a sua visão sobre os artistas potiguares neste período de isolamento?
 É de conhecimento geral, que a cultura foi o primeiro setor a parar com sua atividades não apenas aqui no RN mas em todos os lugares, e certamente será o último a retomar e voltar a normalidade. Portanto não vejo com olhar otimista a situação do artista potiguar ou dos fazedores de cultura. Os apoios são escassos e as leis de incentivo a mesma( cultura) vieram muito fechadas,muitos esbarram na  burocracia e desistem de tentar.  Só nos resta nos reinventar-mos, lutar com as poucas armas  das quais dispomos e torcer pra que venham políticas públicas mais abrangentes e que os governantes do nosso amado Brasil voltem seu olhar para aqueles que usam o condão da arte e entretenimento para transmitirem emoções. Que não nos enxerguem  como vilões, e sim como os que introduzem a beleza e esperança em cada lar.
 

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