Ser professor não é tarefa fácil
na sociedade moderna. Pois, é atribuído e/ou exigido dele competências,
que não tem condições de assumir, quais sejam: aconselhar, nivelar por
baixo o rendimento dos alunos, orientar, rever as avaliações
cotidianamente.
Neste contexto, como pode melhorar o processo ensino aprendizagem, se
aprendizagem em si fica em segundo plano? São questionamentos que se
fazem necessários para que possamos redimensioná-lo na busca de novos
objetivos, de maneira que os alunos das classes populares possam
ascender socialmente através da escola.
Com efeito, as políticas de letramento vigentes têm demonstrado ser
deficientes, pois não adianta encher e/ou superlotar as salas de aula
com discentes, sem que exista a qualidade esperada. É óbvio que a
educação é um direito do cidadão e dever do Estado, no entanto é
fundamental que aprendamos exigir dos governantes os investimentos
essenciais a sua materialização.
Consoante este pensar, não acreditamos na educação sem que não haja
investimento na formação e na valorização do professor, pois este deverá
ser mediador do processo ensino aprendizagem. Para tanto, essa mudança
de concepção pedagógica exige que paradigmas estruturalistas e/ou
tradicionais de ensino sejam ultrapassados, principalmente para aqueles
que não fazem sentido na contemporaneidade, isto é, a pedagogia da
cópia, do livro texto, da decoreba, sem que se operacionalizem novas
estratégias e procedimentos didáticos voltados à consecução dos novos
objetivos.
Assim sendo, o professor precisa de incentivo, de um piso salarial
digno para que este possa trabalhar com dignidade, se isso acontece
cotidianamente, este poderá ser um agente de mudança e de transformação
social in loco de sala de aula, ou seja, possibilitará políticas de
leitura e de escrita “não silenciadas” (MUSSALIN, 2005),
consequentemente, despertará assim, a participação coletiva dos alunos,
através da interação dos sujeitos reais na construção de aprendizagens
interativas.
Logo, ser professor é uma árdua função, portanto exige compromisso,
responsabilidade para com a melhoria do processo ensino aprendizagem dos
sujeitos do quais lidamos. Nesse sentido, é preciso rever práticas,
métodos, estratégias de ensino para que os alunos sejam os mais
beneficiados, já que estes necessitam de um ensino de qualidade, decerto
que possam crescer e atingirem aos objetivos pretendidos.
Contudo, há professores que não têm essa concepção pedagógica de ensino, já que acabam reproduzindo os ideais do sistema macroestrutural do ensino, a saber: não saem de suas salas de aula para ir às ruas, lutar pela melhoria e a qualidade do ensino, bem como por melhores condições de trabalho a sua profissão.
Para tanto, urge neste contexto plural, que o professor tenha
consciência crítica de seu papel enquanto cidadão na sociedade, que não
sirva apenas como reprodutor do sistema social dominante, que aliena,
exclui e não oferece educação de qualidade para todos. Assim sendo, para
tais profissionais, o trabalho escolar não tem sentido, já que é
“alienado” (MARX APUD MEKSENAS, 1986).
Nesse sentido, concordamos com o escritor Guimarães Rosa, quando
disse: “mestre não é sempre quem ensina, mas de repente aprende”, quando
é que vamos ter profissionais/professores na sua maioria, com esta
visão? Muitos deles, ainda, não estão preparados para serem professores,
melhor dizendo: não se veem professores, o que acarreta um déficit
muito grande para com os nossos alunos. Independente do salário, das
condições de trabalho a que estamos submetidos cotidianamente, nós
(professores) lutamos com pessoas, consequentemente deveremos fazer o
possível para que os nossos alunos sejam sujeitos e jamais seres
assujeitados, a-históricos dentro da sociedade.
Nesse processo e/ou percurso, é fundamental abdicar de muitos sonhos
materiais, que por acaso tenhamos, por que sabemos que apesar de algumas
conquistas recentes por parte da categoria, através de um governo
popular, ainda assim, são poucas, já que é nítida a dívida social para
com a educação deste país. Afinal, foram vários séculos de descasos com
a educação pública. Então, vamos à luta, começando com
representatividade popular, escolhendo candidatos que estejam
diretamente relacionados ao nosso projeto de mudança para a educação
pública.
Portanto, o professor precisa se vê, projetar sua imagem, ter
autoconfiança e ser um agente de transformação social em seu meio. Logo,
a sala de aula deverá ser um espaço ideal para que novos discursos
sejam construídos, sentidos antigos e/ou laicos sejam rompidos e, acima
de tudo, a cidadania ser exercida por parte de todos, sem que uma
pequena minoria branca dominante, continuem representando os interesses
da elite do país.
Manoel Guilherme de Freitas. É mestre em Língua
Portuguesa/PPGL/UERN. É bolsista do
CNPQ/PIBID/LETRAS/PORTUGUÊS/ CAMEAM/UERN. É aluno do doutorado especial
PPGEL/UFRN.
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