Com destino, principalmente, para a Paraíba e o
próprio Rio Grande do Norte, o arroz vermelho segue perdendo espaço
durante este ano.
A estiagem ocasionou prejuízos à colheita de arroz vermelho, no
primeiro semestre deste ano, no Vale do Apodi. Segundo o presidente da
Associação dos Produtores de Arroz do Vale do Apodi (APAVA), Francisco
Morais, a seca desestimulou algumas famílias, que optaram por não
realizar o plantio. Francisco diz que o número de famílias produtoras pode chegar a 150.
Contudo, apenas 30 integram a Apava. Ele afirma que, devido à estiagem,
os últimos quatro anos foram bastante árduos.
“Nas várzeas próximas ao Rio Apodi, onde a área é perenizada, corre
água e a plantação continua. Já na parte do Rio Mari não passou água nos
últimos três anos. Por isso, os lençóis freáticos não contêm água
suficiente, os poços não foram abastecidos e, consequentemente, muitos
produtores deixaram de plantar”, declarou. O presidente da Apava
acrescentou que chega a 60 o número de famílias produtoras afetadas pela
falta de água nas imediações do Rio Mari.
O Vale do Apodi produz duas safras de arroz vermelho por ano. A
primeira entre os meses de janeiro e junho, e a segunda no período de
julho a dezembro. O arroz leva em média quatro meses para atingir o
ponto de colheita. Segundo a Apava, em 2013, contabilizando, as duas
etapas, o volume de produção alcançou 480 toneladas de arroz, resultado
apontado como positivo. Contudo, a expectativa para este ano é que a
primeira colheita, que está em execução, proporcione 150 toneladas,
queda de 40% na comparação com médias referentes há anos anteriores –
250 toneladas.
“Muita gente vai deixar de plantar no segundo semestre deste ano, em
virtude da estiagem. Lamento por essas famílias não poderem continuar
com o plantio, porque elas sobrevivem do cultivo do arroz vermelho. Além
disso, os animais desses produtores também estão sendo prejudicados,
uma vez que os derivados do arroz integram a alimentação do gado e
porcos. Muitas vezes, esses produtores buscam no plantio do feijão uma
alternativa para reforçar a renda. No entanto, as tentativas se
frustram, devido à desvalorização do produto no mercado”, salienta.
E os impactos da estiagem são ainda maiores. Com destino,
principalmente, para a Paraíba e o próprio Rio Grande do Norte, o arroz
vermelho segue perdendo espaço durante este ano. “As famílias da Apava,
habitualmente, cultivam o arroz em uma área de 120 hectares de terra.
Neste ano, reduzimos essa dimensão em 40 hectares”, frisa Francisco
Morais.
O arroz vermelho produzido pelas 30 famílias vinculadas à Apava é
negociado pela associação. Atualmente, 1 alqueire do produto é vendido
por R$ 150,00. Cada alqueire corresponde a 115 quilos de arroz com casca
e a 80 quilos do produto já beneficiado. Em 2013, esse mesmo volume era
vendido por R$ 160,00, possibilitando que as famílias alcançassem lucro
mais satisfatório. Com relação a este ano, Francisco Morais enfatizou:
“O valor deste ano é razoável. O ideal, para abater as despesas e
atingir uma margem de lucro superior, é R$ 170,00. Nosso objetivo é
investir no beneficiamento do produto para chegar ao patamar de R$
190,00″.
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