A socióloga norte-americana,
feminista, professora da Universidade de Maryland, Patricia Hill
Collins, convocou as mulheres negras a não se acomodarem e a se
engajarem contra o racismo e a discriminação ainda presentes em diversas
esferas da sociedade. "Nós que acreditamos na liberdade não podemos
descansar", repetiu diversas vezes hoje (24) durante conferência no
Festival Latinidades 2014: Griôs da Diáspora Negra.
A
socióloga feminista norte-americana Patrícia Hill Collins durante a
conferência Nós que Acreditamos na Liberdade não Podemos Descansar:
Lições do Feminismo NegroValter Campanato/Agência Brasil
"Precisamos
ver com que tipo de racismo, classismo e sexismo estamos lidando e como
ele continua a reproduzir todo tipo de desigualdade", disse Patricia.
Segundo ela, nos Estados Unidos, onde racismo era latente com a
separação em guetos, a luta nos anos 1950, 1960 e 1970 foi por
conquistas de direitos. "A solução parecia ser não excluir, integrar.
Mas, ao fazer isso, há a impressão, quando vemos negros no poder, de que
as ações foram bem-sucedidas e que essas pessoas nos representam".
Ontem
(23), também durante o festival, Patricia disse a jornalistas que ter
um presidente negro no poder, Barack Obama, não resolveu a questão do
racismo no país. "Eu suspeito e sei que nos Estados Unidos as pessoas
acham que a situação dos negros está melhor porque temos um presidente
negro. Temos imagens, temos a mídia dizendo que as coisas estão
melhores, mas talvez elas não estejam", ponderou.
Nesta
quinta-feira, diante de uma audiência majoritariamente formada por
mulheres negras, a socióloga convocou as jovens a se engajarem de
diversas maneiras, seja em movimentos sociais, seja academicamente ou
mesmo no dia a dia, em um ativismo presente nas ações do cotidiano.
Patricia apresentou uma série de pensadoras feministas negras dos Estados Unidos, como Angela Davis,
filósofa e ativista do movimento negro, presente na plateia. Em
seguida, perguntou quantas jovens estavam estudando. Cerca da metade do
auditório ergueu as mãos. Patricia fez então um convite a que concluam
os estudos, produzam e repassem o conhecimento adquirido.
"Os
movimentos brasileiros estão no centro do furacão e têm uma visão
distinta do furacão global. Não podemos ser imperialistas e dizer que
temos um movimento negro nos Estados Unidos que tem que ser imitado
aqui. O Brasil tem movimento para inspirar os norte-americanos e que
podem nos fazer lembrar o que fomos antigamente e o que podemos voltar a
ser", acrescentou Patricia.
O Festival Latinidades 2014: Griôs
da Diáspora Negra vai até o dia 28 de julho, em Brasília. Na programação
estão conferências, debates, feiras, saraus e shows, além de outras atividades. A programação completa pode ser acessada no site do evento, no endereço www.latinidades.com.
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