O PT não é um partido perfeito, longe disso. O PT cometeu erros. Mas,
se fosse derrotada hoje, Dilma Rousseff o seria pelos acertos do PT.
Não pelos erros. A elite brasileira e a imprensa que a representa odeiam
o PT não porque o partido esteve envolvido em denúncias de corrupção ou
porque o Brasil “vai mal” economicamente. Eles odeiam o PT porque não
concordam com seu projeto para o País. Querem outro, o seu.
A elite brasileira e a imprensa que a representa odeiam, em primeiro
lugar, Lula. Não porque Lula despreza as famílias que são donas dos
meios de comunicação. É o contrário: Lula despreza as famílias que são
donas dos meios de comunicação porque sempre foi maltratado por seus
jornais, TVs e revistas, porque foi vítima de seu enorme preconceito de
classe. A elite e a imprensa que a representa não suportam que não seja
um dos seus que esteja à frente do poder no Brasil.
Dilma achou que podia seduzir a imprensa, atraí-la para seu lado.
Doce ilusão. Foi um dos maiores erros do primeiro mandato e espero que
corrija no segundo. Dilma, a imprensa jamais a apoiará, simplesmente
porque o projeto que você defende é considerado –pela elite e pela imprensa que ela representa– arcaico,
anacrônico, ultrapassado. Presidenta, ouça o que eu digo: você só teria
a mídia a seu favor se rompesse com Lula. Lembre-se das cizânias entre
vocês que a imprensa semeou durante os últimos quatro anos. Você vai ver
como será a partir de agora: mal foi consagrada sua vitória e já tem
gente na mídia falando em impeachment.
Os jornais brasileiros nunca trataram o sociólogo Fernando Henrique
Cardoso, que fez um governo pífio, muito aquém do governo Lula em
resultados sociais e, inclusive, econômicos, como tratam o ex-operário
Lula. A revista Veja, braço armado da oposição no Brasil, usou a palavra
“apedeuta” (analfabeto, ignorante) mais de 2 mil vezes para se referir
ao ex-presidente em seu site nos últimos anos. Veja fez mais de uma
dezena de capas contra Lula –a última delas esta semana, em mais uma acusação sem provas.
O filho de Lula é alvo de boatos e notícias falsas desde que a
revista Veja o colocou como destaque de uma de suas edições. Repare que
nunca foi questionada pela revista, por exemplo, qual a fonte de renda
do filho de FHC, Paulo Henrique. A Folha de S.Paulo, por sua vez, teve o
desplante de publicar um artigo em que um ex-petista ressentido acusava
Lula de nada mais nada menos que tentar estuprar um rapaz. A imprensa
estrangeira, que pagou mico e fez mea culpa por ter copiado o
terrorismo da mídia nativa em relação aos preparativos da Copa (em vez
de praticar jornalismo), precisa saber dessas coisas, mostrar ao mundo
que no Brasil a verdadeira oposição ao PT vem da imprensa.
Não foi o PT quem jogou “pobres contra ricos”, “negros contra
brancos”. É a imprensa quem tenta jogar pobres e ricos, negros e brancos
contra o PT. Não foi Lula quem criou esta divisão no Brasil ou no
mundo. Ela sempre existiu –e é
alimentada pela elite e pela imprensa que a representa. O PT nada mais
fez que mostrar que essas diferenças estão aí e estabelecer estratégias
para diminui-las. Isto é uma qualidade do PT, mas, para a imprensa, é um
defeito. O Brasil não está dividido, ele É dividido. Como disse uma
leitora no Facebook: só que um dos lados também passou a ter voz.
Hoje Dilma foi reeleita contra toda a mídia brasileira. Foi reeleita
com o voto de gente sofrida, dos brasileiros de todas as regiões que
mais precisam da ajuda do governo, e também com os votos de brasileiros
que não precisam de ajuda alguma, mas que não votam pensando só em si.
Votam pensando em um Brasil mais inclusivo e menos desigual. Votamos no
PT porque o projeto do partido é o que mais contempla nossa sede de
justiça social. Não nos sentimos representados pelo projeto de País que a
imprensa brasileira tenta nos impingir, nos empurrar goela abaixo junto
com o candidato da vez.
A responsabilidade do PT e de Dilma é imensa agora. É preciso, como
sempre, governar para todos, mas é preciso ter um olhar especial para os
desejos dos que tornaram realidade esta reeleição. Vá em frente, Dilma.
Vá em frente, PT. Pisem fundo. Seu projeto de Brasil é o que queremos.
Não o da imprensa.
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