Entre as causas mais comuns estiveram as colisões de moto com moto, com
carro e as quedas. O levantamento ainda mostra que a média saiu das 17
ocorrências/dia (em maio) e atingiu um pico de 29 registros/dia em
junho, caindo para 21 entradas/dia em outubro.
A diretora técnica do HMWG, Hélida Maria Bezerra, diz que mesmo com a
redução da média de atendimentos, o número ainda é expressivo. “Apesar
de este mês estarmos com a média abaixo da registrada há quatro meses,
ainda é um número por demais elevado, pois, estamos atendendo uma média
de mais de 20 novos acidentes todos os dias”.
Francinaldo Melo de Souza está internado no quarto pavimento do HMWG há
26 dias e faz parte das vítimas que integram a última estatística de
acidentes de trânsito do hospital.
Segundo conta, ele sofreu um acidente de moto na cidade de Baraúna,
quando pilotava em uma estrada de barro. Um carro que passava pelo mesmo
local, levantou muita poeira, diminuiu a visibilidade e outra moto que
vinha em sentido contrário se chocou de frente com a sua.
Com o prejuízo e o susto do acidente ainda recentes (a moto havia sido
adquirida há apenas dois meses) ele afirma que, após sair do hospital,
não pilotará mais. “Conversei com minha esposa e vou me desfazer da
moto. Nunca causei um acidente. Sempre caí por culpa dos outros. E isso
prova como a moto é perigosa”, atestou.
Natural de pendências e há sete dias internado na enfermaria do quarto
andar, o paciente, Leonardo Nóia da Silva, também é parte integrante do
levantamento realizado pelo setor de arquivo. Vítima de uma colisão
violenta de sua moto com um carro, a força da pancada o fez fraturar o
fêmur. Ele diz que, apesar da situação em que se encontra atualmente,
com a perna esquerda imobilizada por um fixador, deitado em um leito
hospitalar, assim que sair de alta, vai voltar a pilotar. “Vou fazer o
quê? Andar a pé?”, justificou.
O cirurgião geral, Rafael Rosas, atribui parte do alto número de casos
atendidos no HMWG ao consumo de bebidas alcoólicas. Ele afirma que,
mesmo após o endurecimento das punições impostas pelas atuais regras da
Lei Seca, não é raro identificar motoqueiros que dão entrada no setor de
atendimento do trauma do Pronto Socorro Clóvis Sarinho (PSCS) com
sinais de embriaguez. “A Lei ajudou a diminuir um pouco o número de
ocorrência na capital. Mas, principalmente aos finais de semana, o
motoqueiro do interior geralmente chega aqui apresentando algum sinal de
que havia bebido”.
Hélida ainda chama a atenção para as possíveis consequências e sequelas
pós- acidente. “Muitos pacientes, saem daqui totalmente dependentes,
totalmente impossibilitados de retornar a sua rotina de trabalho.
Associado a isso, ainda há o custo social, o fator previdenciário. Uma
pessoa impossibilitada de ter uma vida ativa terá de se aposentar e isso
tem um custo para o estado e para a união”, afirma.
Já a diretora geral do HMWG, Maria de Fátima Pereira Pinheiro, observa
que a falta de campanhas educativas e de fiscalização pode ser parte do
problema. “A educação no trânsito e as blitz nas estradas têm de ser
constantes e não pontuais. As punições deveriam ser mais severas também.
Todo dia constatamos a gravidade dos pacientes que chegam até nós e
que, muitas vezes, não poderão nem sequer voltar a andar. É um problema
crônico e que requer medidas urgentes”, alerta.
Fonte: Assessoria Sesap.
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